Abril de 2015. A pedido de António Costa, o grupo de sábios economistas abaixo assinava e publicava o documento Uma Década Para Portugal:
- Mário Centeno (coordenador)
- Fernando Rocha Andrade
- Sérgio Ávila
- Manuel Caldeira Cabral
- Vítor Escária
- Elisa Ferreira
- João Galamba
- João Leão
- João Nuno Mendes
- Francisca Guedes de Oliveira
- Paulo Trigo Pereira
- José António Vieira da Silva
O Partido Socialista fazia deste documento a sua grande bandeira para se apresentar como alternativa:
Este documento foi revisto em Agosto de 2015 com o Estudo Sobre O Impacto Financeiro Do Programa Eleitoral do PS e serviu de base para toda a tese da campanha eleitoral do PS e da sua apresentação enquanto alternativa de governação.
Este documento foi várias vezes questionado e criticado aqui neste blog (ver aqui, aqui, aqui ou aqui). Foi feito também um apelo para a disponibilização do modelo subjacente (que entre outras coisas previa que fossem criados 466 empregos em 2019 devido aos efeitos da “promoção da lusofonia“) que nunca foi tornado público.
Nada como testar e avaliar o modelo e a sabedoria dos sábios que elaboraram o tal documento contra a realidade. Para tal, referencio os seguintes documentos:
- Abr 2015 – Uma Década Para Portugal
- Ago 2015 – Estudo Sobre O Impacto Financeiro Do Programa Eleitoral do PS (de onde são retirados também os cenários base para um governo PaF como previstos pelo Partido Socialista)
- Jan 2016 – Esboço do Orçamento do Estado 2016
- Fev 2016 – Orçamento do Estado 2016
- Abr 2016 – Programa de Estabilidade
- Out 2016 – Relatório do Orçamento de Estado para 2017
Vejamos então as previsões para o crescimento do PIB para 2016 no gráfico abaixo.
Dos 2,4% de crescimento do PIB previstos para 2016 no Plano Macro económico do PS inicial, e que mesmo em Janeiro de 2016 foi revisto para 2,1%, o próprio governo prevê agora em Outubro de 2016 apenas 1,2%, muito abaixo quer do valor verificado em 2015 (1,6%), quer do valor previsto pelo próprio Partido Socialista caso a coligação Portugal à Frente se mantivesse no governo (1,7%).
Analisemos então o desempenho dos sábios economistas para 2017.
Dos 3,1% de crescimento do PIB previstos para 2017 no Plano Macro económico do PS inicial, o governo prevê agora em Outubro de 2016 apenas 1,5% – menos de metade do valor previsto inicialmente; e mais uma vez, abaixo quer do valor verificado em 2015 (1,6%), quer do valor previsto pelo próprio Partido Socialista caso a coligação Portugal à Frente se mantivesse no governo (1,7%).
Finalmente, para prestar a devida homenagem e tributo aos sábios economistas do PS, deixo aqui um gráfico que contem os valores do crescimento do PIB previstos entre 2016 e 2019 no seu cenário macro económico revisto em Agosto de 2015 com três séries:
- A cor de rosa, a previsão do crescimento do PIB entre 2016 e 2019 com as medidas propostas pelo Partido Socialista
- A laranja, a previsão do Partido Socialista para o crescimento do PIB entre 2016 e 2019 caso a coligação Portugal à Frente continuasse no governo
- A vemelho, os últimos valores previstos pelo Partido Socialista quer para 2016 quer para 2017.
Com tal desempenho, é apenas justo que os portugueses reiterem a sua confiança no governo da geringonça; e que os venerados autores do documento Uma Década Para Portugal sejam promovidos a ministros, secretários de estado e a reputadíssimas figuras destacadas dentro do partido socialista, e que mais tarde sejam colocados nas universidades para ensinarem estes modelos tão bonitos aos estudantes àvidos de conhecimento.
A única coisa que consegue tramar o socialismo é a realidade.
Se tivesse cortado os gráficos como o Costa Concórdia fez no parlamento há dias, os resultados seriam ainda mais espantosos. 🙂
Muito bem, João. Agora falta fazer a análise às previsões de redução de dívida, que afinal se tornou num aumento desenfreado, e da balança comercial, que passou de positiva com Pedro Passos Coelho, para o 4º pior défice da UE!…. É impossível fazer pior do que isto.
O desabafo dos xuxas nas redes sociais agora é assim: não pensem que os números actuais são por causa do sócrates… não senhor…. estes números já vêm assim do tempo do Cavaco…..
Por acaso já alguém mandou este trabalho para a Presidência da República? Sempre gostava de ver os comentários “concretos” do sabonete a este respeito!
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