Claro que houve pânico (III)

Agradeço aqui ao Rodrigo a informação complementar. Fiquei a saber que afinal os boatos não tiveram apenas origem nos e-mails mas também em SMS. Fiquei sem saber, e provavelmente nunca irei saber o efeito prático desses e-mails nas contas do BCP. Quanto dinheiro realmente “fugiu” do BCP entre Quinta e Segunda de manhã mas até prova em contrário suspeito que não saiu mais dinheiro do que o normal e que como tal, havendo preocupação, não houve nenhum pânico sem ser o da própria fragilizada administração do BCP. Até os administradores da Lehman conseguiram demonstrar mais calma no dia da falência do que esta gente.

Isto porque estas coisas quando são a sério não andam com SMS para trás e para a frente. O chamado smart money sai muito antes, quando as coisas ainda aparentam alguma calma e fogem devagarinho e caladinhos para não assustarem ninguém pois eles sabem que isso seria a morte do artista. Do que o Rodrigo aconselhou espero que apesar de não ter reforçado o pânico tenha aconselhado alguma preocupação e medidas de contingência a quem procurou o seu conselho, é que a corrida à banca em espaço europeu é real e basta olhar para um qualquer gráfico do EUR/CHF para a ver em tempo real. Atingiu a “corrida” tal escala que o próprio banco central suíço interveio no mercado (permitindo assim vantagens para os mais atrasados fugirem com o seu dinheiro a uma melhor taxa de cambio) . Quando o “povinho” chegar ao banco numa qualquer manhã de segunda feira já ele estará descapitalizado, poupem-me os SMS e as teorias de conspiração contra o grande e nobre BCP.

A mim nada disto me surpreende a não ser pela demora. Se em tempos me espantei com a velocidade da queda que parecia ter atingido velocidade terminal hoje apenas me admiro com o número de “zombies” e “dead men walking” que povoam o sistema financeiro e do qual o BCP será certamente a figura de bandeira para a banca nacional (fruto, entre outras coisas, do seu tamanho, da expansão a leste e dos problemas “administrativos” que são públicos). A acontecer (note-se que é apenas uma probabilidade, antes que seja processado por fazer parte do processo conspirativo) será um evento disruptivo para todos, mesmo os que se tentaram precaver não será fácil e a capacidade de a CGD absorver um monstro daqueles estará relacionada com a cronologia dos acontecimentos do que também for acontecendo aqui ao lado nas Cajas e outros bancos de grandes dimensões que farão o BCP parecer um anão financeiro.

Em baixo fica um vídeo de um cidadão português a perguntar ao Engenheiro sobre o comportamento do sistema financeiro, aqui representado por um papagaio.

The fractional reserve system has ceased to be. Eles é que ainda não receberam o memo.

Um pensamento sobre “Claro que houve pânico (III)

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