Oremos

Luciano Amaral

Certos economistas e certos políticos gostam de Keynes porque Keynes inventou uns truques económicos com resultados políticos. Não propriamente pela sofisticação da teoria. No essencial, a sua proposta corresponde à generalização ao nível da economia da seguinte ideia de senso comum, que todos vamos praticando nas nossas vidas: se estás em dificuldades e não queres (ou não podes) poupar, endivida-te ou fabrica dinheiro. Claro que não podemos fazer a segunda, mas o Estado pode. Depois, trata-se de rezar para que as coisas melhorem. A parte da reza não vem em Keynes, evidentemente, mas está lá implícita. É esta sofisticação que se tem visto também por aí. Basta ler os artigos do Nobel Krugman, cuja única coisa que fazem é, semana a semana, repetir: é precisa mais despesa pública, é precisa mais moeda.

(…)Eu cá preferia outra coisa e duvido seriamente da bondade disto tudo. Mas para nosso bem esperemos que esteja certo, já que foi nesse barco que embarcámos. Esperemos que esteja pelo menos mais certo do que o próprio inspirador original (…) quando, em 1931, previu um futuro radioso depois do abandono do padrão-ouro pela Grã-Bretanha. Na verdade, essa terá sido uma das mais importantes medidas a desencadear a catástrofe seguinte: crise dos anos 30 e, talvez em consequência da crise, a II Guerra Mundial.

Change

David Boaz no Cato@Liberty

Speaking of Iraq in February 2008, candidate Barack Obama said, “I opposed this war in 2002. I will bring this war to an end in 2009. It is time to bring our troops home.” The following month, under fire from Hillary Clinton, he reiterated, ”I was opposed to this war in 2002….I have been against it in 2002, 2003, 2004, 5, 6, 7, 8 and I will bring this war to an end in 2009. So don’t be confused.”

Indeed, in his famous “the moment when the rise of the oceans began to slow” speech on the night he clinched the Democratic nomination, he also proclaimed, “I am absolutely certain that generations from now we will be able to look back and tell our children that . . . this was the moment when we ended a war.”

Now he has doubled down on the war in Afghanistan and has promised to keep the war in Iraq going for another 19 months, after which we will have 50,000 American troops in Iraq for as far as the eye can see. If McCain had proposed this sort of minor tweaking of the Bush policy, I think we’d see antiwar rallies in 300 cities. Calling the antiwar movement!

Alerta: professor de economia ignora o impacto do subsídio de desemprego no rendimento de uma família

Ainda não percebi porque é que o Carlos Santos comenta os meus textos, quando está provado, à saciedade, que invariavelmente se estica ao comprido.

Se, como escrevi aqui, numa família de 4 pessoas, com um rendimento anual de 30 mil euros, um deles for despedido, o facto de o rendimento anual passar a ser de 25 mil euros, isso não significa que o cônjuge despedido auferia 5 mil euros anuais. O Carlos Santos, na ânsia de encontrar falhas no que escrevo, desenvolve inúmeras considerações genéricas, patéticas, que caem por terra por um erro metodológico típico de quem ignora a realidade: se o Carlos Santos soubesse alguma coisa de Economia – e do que acontece diariamente no nosso país – não ignoraria que, em Portugal, perante um despedimento colectivo, e num caso como o que eu apresentei, a mulher tem direito a subsídio de desemprego (correspondente a 65% do salário de referência, com o tecto máximo de aprox. 1250 euros).

Já agora esclareço os líricos como o Carlos Santos e os que lhe fazem coro na caixa de comentários que o exemplo que eu dei é real, e que – ironia das ironias – no caso em concreto a mulher ganhava um pouco mais (a diferença era mínima) do que o seu marido. Aprendam a fazer contas, seus nabos, e acordem para a realidade, em vez de andarem a escrever disparates deste calibre.

PS: Com cumprimentos especiais aos “lambe-tudo-o-que-for-preciso-desde-que-me-dêem-uma-esmola” do Câmara Corporativa.

Papel há muito seus palermas

Mil milhões aqui, mil milhões ali e não tarda nada estamos a falar de dinheiro a sério. A administração de  Obama deu hoje mais 3800 milhões de dólares a uma empresa “privada”.

GMAC, which was formerly owned by General Motors , had already received $12.5 billion of aid from the U.S. government since December 2008. The latest cash infusion will bring total taxpayer aid to $16.3 billion.

The money will help shore up the auto loan and mortgage company as it wrestles with the worst housing market in decades.

Parece que esta recessão é das Keynesianas…

Sobre o casamento de Keynes

Esta  entrevista do casamento Keynes –  Hayek que o André aqui colocou é deveras interessante. Um bom casamento seria juntar as politicas de Keynes para quando as coisas correm bem (reduzir o peso do Estado e apontar para superavits) com as teorias Austríacas para quando as coisas correm mal (deixar o mercado ajustar-se sem intervenções) mas como seria de esperar não é bem isto que é defendido.

O autor citado critica principalmente os keynesianos que advogam constantemente as politicas intervencionistas e de baixas taxas de juro para quando aparece qualquer recessão. Afirma, correctamente, que o próprio Keynes defendia este tipo de medidas apenas para situações agudas como a Grande Depressão de 29 ao contrário dos seus sucessores ideológicos. Nas “recessões normais” é advogada uma posição mais austríaca de não-intervenção e de deixar o mercado corrigir os desfasamentos criados na fase de boom. Afirma, e muito bem a meu ver, que se não se fizer isto entramos num ciclo em que eventualmente os desfasamentos são tão grandes que as políticas de Keynes não terão qualquer efeito.
Continue a ler “Sobre o casamento de Keynes”

A independência é uma forma de vida

Este texto de Pacheco Pereira é importante. São poucos os que estão, ou querem estar, na política e não dependem do estado, não têm qualquer ligação a qualquer interesse económico e, cuja vontade para fazer política deriva, única e exclusivamente, do gosto pela política. Por ser útil. São poucos, mas basta estarmos atentos. Apenas são financeira e psicologicamente independentes, os que trabalham nesse sentido desde cedo.

Pacheco Pereira refere-se tão só ao PSD, mas não é só aí que a independência é necessária. A procura deve abranger todas as áreas, deve ser feita por todos os intervenientes. Da comunicação social às empresas, das empresas às universidades, das universidades aos partidos e daí por diante. E quem procura deve ter em consideração que a disponibilidade pode não ser imediata. Ser independente e entrar na rixa não é para todos.

Avatar

Artigo de Fernando Gabriel no Diário Económico

Ao nível ideológico, Avatar é um manifesto revolucionário, uma apologia do terrorismo e uma distorção grotesca da história política da década. O elemento central do argumento é a destruição da árvore dos Omaticaya, uma desavergonhada inversão ficcional do ataque terrorista às Twin Towers de Nova Iorque. Em Avatar o terrorismo suicida é representado como “justo” e reactivo. Uma das personagens tem esta frase clarificadora: “ainda tinha esperanças que isto não exigisse o martírio”. A narrativa de Cameron é mais uma variante da “doutrina de Hollywood”: reencena a colonização americana do oeste e o massacre dos índios apenas como forma de colocar o adversário político interno como o agressor de outros mundos, sempre em paz e harmonia, sejam eles Pandora ou o “Islão”.

Depois há o discurso filosófico subjacente ao filme, um misticismo panteísta, herdeiro do vitalismo da Naturphilosophie. No mundo harmonioso de Eywa não há contradições à espera de uma resolução, não há história nem sentido do tempo -os Na’vi têm uma noção mitológica do seu passado. A oposição entre Apolo e Dionísio foi resolvida numa síntese pós-sexual, onde a natureza de Pandora assumiu a qualidade erótica. O que Cameron não diz, por cinismo ou ignorância, é que o panteísmo dos Na’vi é muito semelhante ao dos Arianos, na substituição do transcendentalismo cristão por uma deturpação teleológica do darwinismo. Sei como os Arianos procuraram satisfazer o seu desejo de “harmonia”; o que não sei é se as multidões que proporcionam recordes de receita ao filme são basbaques pueris ou a matéria-prima com que se fabricam as grandes catástrofes da história.

Livros do ano

Nota: lidos durante este ano mas não necessariamente publicados em 2009

The Coldest Winter de David Halberstam

Rites of Peace: The Fall of Napoleon and the Congress of Vienna de Adam Zamoyski

The Rebellion of Ronald Reagan: A History of the End of the Cold War de James Mann

The Austrian School: Market Order and Entrepreneurial Creativity de Jesús Huerta de Soto

Natasha’s Dance: A Cultural History of Russia de Orlando Figes

Before Resorting to Politics de Anthony de Jasay