Revisitando a Espiral Descendente

Comecei a escrever este post, relativo à reclamação por parte de José Sócrates dos louros pela baixa das taxas de juro, tendo como intenção seguir o caminho da piada fácil. Aldrabice demagógica por aldrabice demagógica, o primeiro-ministro podia ter reclamado também para a sua esfera de influência o (hilariante) “título” de “campeão de inverno” do Benfica. O problema é que, lamentavelmente, o uso de uma falsidade transparente por parte de Sócrates para angariar benefícios políticos não tem graça.

Uma sucessão de episódios desde 2005 demonstram uma enorme facilidade do primeiro-ministro em faltar a promessas, omitir factos, dizer uma coisa e o seu contrário no espaço de dias, faltar à verdade e usar linguagem deliberadamente pensada para transmitir ideias ambivalentes e contraditórias. Esta facilidade já transpôs qualquer limite de benefício da dúvida. Se juntarmos os episódios conhecidos de desrespeito pelos adversários, por vezes no parlamento, e de pressão ilegítima sobre a comunicação social, só podemos concluir que o primeiro-ministro comporta-se recorrentemente de uma forma que evidencia falhas de carácter preocupantes e falhas de correcção política inaceitáveis.

A espiral descendente, que referi há mais de um ano e meio, só se tem agravado. Como escrevi na altura, «[o] consenso generalizado de que os políticos mentem porque essas são as regras do jogo, em conjunto com a indiferença geral à prática dessa mentira, leva a uma espiral de falta de vergonha que é um perigo para a democracia.»

5 pensamentos sobre “Revisitando a Espiral Descendente

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