Armando Pereira é bom demais para o país que o viu nascer

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Escreve o Público que Armando Pereira, «produtor de cabos de fibra óptica», não sossega o Governo, pois «parece não ter o perfil para dirigir uma empresa como a Altice». Armando Pereira é de facto insólito. Ao contrário de outras sumidades, Armando Pereira foi para um qualquer bairro de lata em França aos 14 anos, e aos 11 já era feirante — e não consta que o fosse por carolice. Não foi para um luxuoso apartamento em Paris pago por um amigo, frequentar um mestrado na Sorbonne, com uma dissertação escrita por um obscuro professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Não, foi mesmo trabalhar, imagine-se o despautério. Entretanto percebeu que havia ali uma oportunidade, numa época em que a rede por cabo estava em expansão. Sem o élan de um verdadeiro gestor, daqueles que ganham prémios internacionais e depois levam à falência a respectiva empresa, pede uns 80 mil Euros a um banco para constituir a sua empresa. Registe-se a saloiice do mendicante, que ao invés de pedir 100 mil Euros à Caixa Geral de Depósitos para comprar um Mercedes Classe S, pede-os para fazer efectivamente algo. Fá-lo, e, inusitadamente, chega mesmo a pagar o empréstimo de volta. Constrói um império — sem subsídios, sem o préstimo do Estado, sem favores de políticos.

Conclui-se, portanto, que Armando Pereira é um péssimo gestor, pelo menos quando medido pela bitola dos cânones portugueses que regem a boa gestão e a negociata dos indígenas. Compreende-se, assim, que o pobretanas feito milionário, que não janta no Tavares (quando o quiser fazer, Armando Pereira compra o Tavares), não frequenta a Rua do Grémio Lusitano, não vai caçar ao Alentejo ou recebe prémios de gestão, seja alvo da ira dos pelintras depenados que pululam por Lisboa e brunem os Oxford dos grandes empresários portugueses, dos que sabem negociar com políticos de igual estirpe. Estes, cujo maior feito de gestão terá sido ir à Staples comprar arquivos para o seu gabinete, arrogam-se do direito de criticar as competências de gestão de terceiros. Os mesmos que compactuaram com Zeinal Bava, Ricardo Salgado, entre outros portentos da gestão, glorificados vezes a fio pelo jornalismo indígena, são quem apontam as alabardas a Armando Pereira. Bem vistas as coisas, Armando Pereira não merece mesmo este país. Azar o dele que nele nasceu.

 

13 pensamentos sobre “Armando Pereira é bom demais para o país que o viu nascer

  1. Henrique

    Num país de ladrões, de escória política, de Bavas e Varas, de Espíritos Santos que delapidaram parcas poupanças de gente que passou uma vida de trabalho a amealhar cada tostão, num país de ladrões qualquer gestor válido não tem lugar!

  2. O retrato de um Homem – em contraponto ao retrato de um país minorca, “governado” por gente infinitamente reles mas com a anuência
    de uma fauna ignorante, submissa e…cobarde.
    E nunca, mas nunca mesmo,deixar de sublinhar o papel nojento, vergonhoso até, de uma “comunicação social”” corrupta e subserviente ,lacaios cujo único afã é branquear a canalha”governante”, esconder os escândalos e silenciar toda a merda que que essa corja produz.
    Vejam o tratamento dado aos “temas” Pedrógão e a Tancos.
    E nisso o telelixo não deixa os créditos por mãos alheias.
    Daí o torvelinho do “caso Altice”…

  3. Mário,

    Conseguiu ultrapassar-se outra vez. E a fasquia já estava alta.

    Podia era ser mais subtil ao implicar a condição de beócios ou zebroides aos nossos estimadíssimos governantes. Tanto gostamos deles que lhes desejamos umas férias muito prolongadas nas terras do Oblívio, entre Prateleiras do Tua e Coiro de Jumento.

    Agora a sério, quando é que a putalhada do Hemicérebro, aliás Hemicírculo, deixará a malta grande governar?

  4. Há muito a criticar na Altice, mas não cabe ao governo esse papel, e muito menos este governo de inúteis que viveram sempre à custa do trabalho dos outros.
    Mas o que Costa disse tinha que ser dito – e tenho a certeza que Drahi percebeu bem a mensagem.
    Costa quer o seu dízimo, como o Arménio e o Nogueira e outros amigos do povo. E vai tê-lo, por uma razão muito simples: é a maneira mais fácil para a Altice.

  5. De um Tó Costa que se encosta a qualquer um
    (veja-se o encosto com o 44, com o Pirscoxense, com as esganiçadas, com os galambas e mais recentemente com o martelas)
    não seria de esperar outra coisa.
    “Jamais” como diria o outro, este Tó se encostaria a gente séria, honrada, trabalhadora, competente
    (veja-se quem é que ele tem ao seu lado, qual deles o pior e qualquer um feles pior que ele próprio.
    Armando Pereira merece Portugal e Portugal merece Armando Pereira.
    Costa e os esganiçados da geringonça é que não merecem um HOMEM destes

  6. Luis

    Fazia um favor aos portugueses se tivesse nascido em Espanha …
    ninguém enriquece deste modo sendo transparente nos negócios !!
    Este senhor um dia irá preso quando descobrirem os meandros desta aldrabice…

  7. jo

    Mais uma loa a um gestor emérito!
    Já as vi aqui a Ricardo Salgado – uma imensidade, a Zienal Bava, a Henrique Granadeiro, ao Madoff e por aí fora.

  8. Para começar confirma-se que é um vigarista.

    “Nas restruturações da Cabovisão e da Oni despediram pessoas. Não vai despedir na PT Portugal?

    Armando Pereira – O negócio não está acabado. Teremos de fazer algumas mudanças, mas a situação da PT não tem nada a ver com a da Cabovisão ou com a da Oni. A PT tem uma capacidade diferente. O problema nas outras empresas era salvá-las ou deixá-las falir. Salvámo-las. A PT tem lucro. Porque é que vamos despedir as pessoas? Não temos nenhuma intenção de despedir trabalhadores.”

    Negócios
    14.07.017

  9. Afonso M

    E à custa de quê e de quem Armando Pereira e o seu grupo construíram a fortuna? Se rebuscarem mais um bocado chegam à conclusão que não foi de maneira muito diferente do restaurante Correeiros…

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