Todos os fascistas são gordos

O Ricardo Paes Mamede, sujeito de que nunca ouvi falar mas que, segundo me indicam, reúne alguns afectos cá no burgo, decidiu estabelecer uma relação de causa-efeito entre a obesidade, o alcoolismo, a diabetes e a falta de exercício físico e a vitória de Donald Trump. Em Portugal, onde Gramsci reina, cultura e esquerda andaram sempre numa partilha de lençóis nada púdica e pouco saudável. Isso conduz a que, por um lado, todo o cantor, escritor ou pintor – basicamente todo o criador – tenha palco para debitar alarvidades e que, por outro lado, uma inspiração quase que artística invada as luminárias da academia, atingindo estas o pleno da sua criatividade nas mais bizarras propostas e declarações. 

No entanto, uma ressalva. Desde que deixei o ginásio que reparo em sintomas de que as minhas posições se têm extremado. O que, há uns anos, era uma sujeita simpática que de mim discordava, hoje é uma temível feminazi. Pinochet tornou-se uma piada recorrente e não são poucas as vezes em que me vejo evocar Salazar com um carinhoso Tio. Depois temos outros casos. O Colectivo Insurgente é maioritariamente constituído por gente que gosta de lhe dar no copo, no Mises o problema é igual ou maior. Ora há aqui, de facto, uma interessante correlação entre a pinga e as tendências facho-neoliberais que merece tratamento estatístico. Hão-de reparar, por exemplo, que os deputados da direita são bem mais gordos que os da esquerda, o que me leva a crer que o processo de acumulação de riqueza contemporâneo de que nos fala David Harvey atingiu uma nova etapa: a da acumulação de gordura.

Convém recordar que tendências pós-modernas como lanchar comida de passarinho, não comer carne, frequentar aulas de zumba ou pilates, atraem tendencialmente mais malta de esquerda, tudo pessoal muito boa onda e moderno que considera que fazer uma peregrinação à bairrada para assassinar porquinhos e tomar banho em espumante é uma actividade demodé, desprovida de consciência de classe, mais própria do patriarcado opressor. E assim, caros amigos, podemos concluír que o senhor não estava, de modo algum, errado. Ler o Observador engorda. E os gordos não sabem votar.

15 pensamentos sobre “Todos os fascistas são gordos

  1. A.R

    Mas voltando ao tema. Qual a razão da esperança média de vida na Alemanha de leste ser menor em quase 6 anos à da RFA? E depois da unificação começar a convergir?

  2. mariofig

    Ele é um jovem economista e professor profundamente alinhado ao socialismo (com tiques de arrogância a lembrar Galamba) e que rejeita por completo o liberalismo económico. É um dos convidados do Números do Dinheiro na RTP3, juntamente com Teixeira dos Santos e Braga de Macedo. Portanto estão mais ou menos a ver o tipo de programa. O Braga de Macedo bem se estica, mas não vale a pena. Está velho e não aguenta a pedalada. O programa foi desenhado especificamente para as esquerdas deste país. E é apresentado nada mais nada menos do que por António Peres Metello, outra senilidade, desta feita jornalística.

    Conhecia-lhe (ao Mamede) a sua visão ideológica e a forma como interpreta a economia de um país. O que não lhe conhecia era esta sua capacidade para a mais básica intolerância e estupidez. Mas não me surpreende.

  3. É a Teoria Diabética.
    Os gordos pagam mais IVA que os magros
    A Constituição da Catarina e do Jerónimo também descrimina entre o gordo e o magro, a direita e a esquerda, o alto e o baixo.
    Teorias
    Assim o gordo, o direito e o alto têm que pagar mais que o magro, a esquerda e o baixo pois não passam de projectos de espermatozóides falhados

  4. mariofig

    É o mais certo, JP-A. Está visto aqui que reúne todos as qualificações para se tornar um grande ministro socialista. Ele até já está a aquecer o lugar ao se sentar com dois ex-ministros das finanças num dos programas de maior audiência da RTP3…

    Já lhe estou a ver a criar o Fat Tax II que incluirá novos impostos sobre bifes, massas e molhos. Para uma vida saudável, claro está. E para prevenir doenças como o fascismo.

  5. Não conheciam o Prof. Doutor Paes Mamede???

    Por favor, guardem este vídeo no vosso computador.

    A páginas tantas (por volta dos 02:20) o académico mostra um gráfico. Um gráfico que não começa no zero; que tem uma parte factual e outra hipotética; e que apresenta duas realidades, a cada qual correspondendo uma linha, uma das quais se interrompe abruptamente sem deixar rasto (a outra deixa rasto: é a tal parte hipotética).

    (Nota aos candidatos ao ensino superior: procurem onde este académico ensina.)

    Agora expliquem-me: o gráfico é sobre a despesa do Estado, em percentagem do PIB, com os salários da FP?; ou é sobre outra coisa MUITO DIFERENTE que é o salário médio da FP em percentagem do PIB? (PIB per capita, necessariamente: não conheço nenhum estudo ou gráfico que se tenha lembrado de relacionar o salário médio da FP com o PIB! Será sempre com o PIB per capita – que, é escusado dizer, é uma média.)

    Creio que será o primeiro. De outra forma como poderiam os números relativos quer à UE quer a Portugal ser aqueles? (Mas corrijam-me se estiver enganado.)

    Mas então por que razão diz ele, ao minuto 02:40, “… faz com que os salários estejam abaixo da média da União Europeia”?

    Esta frase dá a ideia de que se está a falar do valor dos salários, e não de despesa com salários!

    São duas coisas completamente diferentes: um Estado pode ter uma despesa baixa com salários da FP e pagar salários principescos aos seus FP. Basta que os FP sejam relativamente poucos.
    Como pode ter uma despesa elevadíssima com os salários da FP e pagar a estes salários baixos: basta que estes sejam muitos.

    Já escrevi sobre isto aqui

    http://www.inverbis.pt/2013/artigosopiniao/danieloliveira-nao-temos-fp-mais

    criticando de alto a baixo um texto do Daniel Oliveira, em que se persiste infantilmente na eterna confusão entre: despesa do Estado com salários da FP em percentagem do PIB; e salário médio da função pública em percentagem do PIB per capita.

    Comparava-se a Noruega com Portugal. Daniel Oliveira insistia em que a Noruega gastava mais do seu PIB com os funcionários públicos. Só não reparou que a quantidade de FP na Noruega era tal que se podia facilmente concluir que a Noruega, despendendo embora mais do seu PIB com a sua FP, pagava, em média, a cada FP, menos, em percentagem do PIB per capita, do que em Portugal! (É claro que em termos absolutos o FP norueguês ganha mais do que o português: é que a Noruega é um país com um PIB quer geral quer per capita muito superior.)

    Também lá faço uma crítica à utilização das médias, e explico porquê.

    Se quiserem ter a paciência para ler o que lá escrevi é melhor começarem pela errata que fiz ao meu texto, e que é o antepenúltimo comentário.

    Até hoje estou para saber os números sobre os salários da FP em Portugal em percentagem do PIB per capita QUANDO COMPARADOS com os outros Estados da União Europeia. E não me venham com médias. As médias calculo-as eu, muito obrigado. Mostrem-me os dados por profissão (professor, bombeiro, médico, polícia, magistrado) e consoante os anos de carreira. Então haverá alguma coisa sólida sobre a qual se possa falar e discutir.

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