ainda bem!

“O Produto Interno Bruto (PIB) registou, em termos homólogos, um aumento de 1,6% em volume no 3º trimestre de 2016 (variação de 0,9% nos dois trimestres anteriores). O crescimento mais intenso do PIB refletiu principalmente o aumento do contributo da procura externa líquida, verificando-se uma aceleração mais expressiva das Exportações de Bens e Serviços em comparação com a das Importações de Bens e Serviços. A aceleração das exportações foi comum às componentes de bens e de serviços. (…) Comparativamente com o 2º trimestre, o PIB aumentou 0,8% em termos reais (0,3% no trimestre anterior). O contributo da procura externa líquida foi positivo, refletindo o forte aumento das Exportações de Bens e Serviços, enquanto a procura interna registou um contributo negativo.” no portal do INE.

Os dados hoje divulgados sobre a taxa de crescimento do PIB português no 3º trimestre são óptimos. Surpreendentemente muito bons. Representarão nos próximos dias um balão de oxigénio para o Governo, na sequência da asfixia a que este tem sido submetido pelo caso CGD. E representará, pois claro, um revigorante aditivo ao optimismo crónico e às vezes irritante do senhor Primeiro-Ministro. Não será para menos; trata-se afinal da maior taxa de crescimento em cadeia desde 2013.

Não obstante as boas notícias, é sempre bom recordar (não vá andar muita gente esquecida) que mesmo a super variação do PIB no terceiro trimestre está ainda longe das metas apresentadas pelo PS, então oposição, na sua estupenda agenda para a década. E está também longe da meta inscrita no OE2016 porque, para perfazer a variação para o conjunto do ano, inicialmente estimada em 1,8%, seria necessária uma aceleração em cadeia ainda mais pronunciada da taxa de crescimento até ao final do ano. Aliás, é o Governo, que certamente já teria conhecimento destes dados há algumas semanas, a pôr água na fervura; é público que já só espera 1,2% no conjunto de 2016.

Assim, será este valor hoje divulgado apenas um fogacho? Ou o início de uma tendência mais robusta? A explicação sucinta do INE refere que [o] “crescimento mais intenso do PIB refletiu principalmente o aumento do contributo da procura externa líquida”, acrescentando que [a] “aceleração das exportações foi comum às componentes de bens e de serviços”. Ou seja, nem só de turismo terá vivido a economia portuguesa no terceiro trimestre. Mas é muito provável que o turismo tenha, de facto, constituído a principal alavanca da economia portuguesa a grande distância de todas as outras. Aguardemos, pois, por novos dados que permitam confirmar (ou não) esta suposição.

Os dados de hoje são duplamente surpreendentes. Porque surpreenderam pela positiva, e ainda bem. E, ao mesmo tempo, são surpreendentes porque não reflectem de modo algum a estratégia económica do Governo. É, pois, paradoxal que um Governo que fez da aposta no consumo interno a sua força motriz veja a economia portuguesa alcançar os melhores resultados trimestrais dos últimos anos não por via da procura interna, mas sim através da procura externa. A este propósito, na decomposição da variação em cadeia do PIB (entre o segundo e o terceiro trimestres) observa o INE [que] “a procura interna registou um contributo negativo”. Moral da história: a política económica do Governo pouco tem a ver com o número hoje divulgado. Ainda bem.

25 pensamentos sobre “ainda bem!

  1. “E, ao mesmo tempo, são surpreendentes porque não reflectem de modo algum a estratégia económica do Governo. ”

    Acho que seria conveniente distinguir entre a estratégia que o governo diz que quer fazer, e a estratégia que tem tido que fazer – o governo pode dizer que quer fazer crescer a economia via consumo interno, mas tem (obrigado pela UE e/ou por não ter dinheiro) continuando com uma política de redução de deficits (apenas com alterações no lugar onde ir buscar o dinheiro), logo não seria de esperar grande aumento da procura interna.

  2. Luís Lavoura

    a política económica do Governo pouco tem a ver com o número hoje divulgado

    Tem tão pouco a ver com o número positivo hoje divulgado como teve pouco a ver com os números negativos divulgados em meses anteriores.

    As políticas económicas dos diferentes governos têm bem menos a ver do que se julga com os resultados que a economia efetivamente alcança.

    Infelizmente, em meses anteriores a direita passou o tempo a fazer alarde dos maus números económicos, como se eles fossem da culpa do atual governo.

  3. Ricardo Arroja

    “As políticas económicas dos diferentes governos têm bem menos a ver do que se julga com os resultados que a economia efetivamente alcança.”

    Caro Luís Lavoura,

    Excelente argumento em prol da não intervenção do Estado na economia.

  4. mariofig

    Todos estes argumentos serão usados pelo PSD e pelo CDS na Assembleia da República, tanto no debate, como nos comunicados à imprensa após o debate. Incluindo a chamada de atenção que o MiguelMadeira fez.

    Mas quantos aqui acham que essa parte aparecerá nos jornais, e telejornais deste país?

  5. São números aldrabados do INE a pedido de Costa, pois nenhuma outra instituição chegou ao resultado de 0,8%. Esta foi a notícia dada ontem pelo Jornal de Negócios:

    “O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na terça-feira a estimativa rápida das contas nacionais trimestrais referente ao terceiro trimestre do ano, depois de entre Abril e Maio a economia portuguesa ter crescido 0,9% em termos homólogos e 0,3% em cadeia – praticamente ao mesmo ritmo dos primeiros três meses do ano.

    No terceiro trimestre, segundo as estimativas de vários centros de estudos económicos e analistas recolhidas pela Lusa, o produto interno bruto (PIB) terá crescido entre 0,2% e 0,5% em cadeia e entre 1% e 1,3% em termos homólogos.

    A estimativa mais pessimista é a do Núcleo de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), da Universidade Católica, que antecipa um crescimento económico de 0,2% em cadeia e de 1% em termos homólogos.

    “Esta estimativa sugere que a economia está com um crescimento fraco desde o segundo semestre de 2015”, afirma o NECEP na sua folha trimestral de conjuntura, considerando que os riscos para a economia continuam a ser “predominantemente descendentes”.

    Os economistas da Universidade Católica mostram-se “fortemente preocupados” com o investimento, que voltou a recuar no segundo trimestre, “sugerindo que o processo de recuperação da economia portuguesa sofreu uma interrupção”.

    Também os analistas do BPI têm uma estimativa que aponta para um crescimento económico entre 0,2% e 0,3% no terceiro trimestre face ao anterior e de 1% em termos homólogos: “Há uma tendência de uma ligeira aceleração que em princípio se deverá confirmar embora não seja muito expressiva”, motivada por uma estabilização da procura interna e uma “dinâmica gradualmente mais positiva” das exportações, disse à Lusa a economista-chefe do banco, Paula Carvalho.

    Os analistas do Montepio mostram-se ligeiramente mais optimistas, estimando um crescimento homólogo do PIB de 1,1% e um avanço de 0,3% em cadeia.

    O economista-chefe do banco, Rui Serra, explicou à Lusa que esta previsão justifica-se com a expectativa de um “crescimento do consumo privado na ordem dos 0,5%” e, ao contrário dos dois trimestres anteriores, “um contributo positivo das exportações líquidas”.

    Também o BBVA estima que o PIB avance 0,3% no terceiro trimestre face ao segundo, devido à solidez do consumo, ao dinamismo da exportação de bens e serviços (turismo), prejudicados por um “investimento entravado pela incerteza”.

    Por sua vez, o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) é o mais optimista, esperando um crescimento em cadeia de 0,5% e homólogo de 1,3% no terceiro trimestre.”

  6. tina

    O INE já mentiu anteriormente dizendo que o défice tinha sido 3,03% só para não se poder dizer que tinha sido o governo de PPC a tirar Portugal de défice excessivo. Afinal, o défice foi de 2,98%, ou seja, não se pode confiar no INE.

  7. Basico

    Parte deste salto no crescimento do PIB vem provavelmente da venda dos aviões da força aérea a Roménia. recebeu-se 163 milhões de euros que são um one off.
    O negócio foi fechado em 2013, pela coligação psd cds.

  8. tina

    Concordo com Basico, deve ter sido alguma coisa pontual e inesperada, com que as outras instituições não contaram, mas a geringonça não quer elaborar sobre o assunto, dando ideia que foram as exportações em geral.

  9. Prova Indirecta

    …ou então, foi apenas isto : « Governo calculou PIB potencial de forma diferente ao exigido nas regras e o défice estrutural cai 0,6% exigidos. Mas nas contas do CFP, usando as regras do Pacto de Estabilidade, só vale metade. »

  10. JP-A

    “Governo calculou PIB potencial de forma diferente ao exigido nas regras e o défice estrutural cai 0,6% exigidos. Mas nas contas do CFP, usando as regras do Pacto de Estabilidade, só vale metade.”

  11. JP-A

    Prova Indirecta,

    Não tinha visto o seu comentário. Outra coisa engraçada é que a notícia de ontem dos 3,5% não existe. Já a de hoje, estão todos a desfilar na TV. Que me lembre é o primeiro desfile do governo num ano de governação. É excelente! Daqui para a frente tudo o que acontecer é da responsabilidade do governo. Exceto as coisas más, claro.

    Outra coisa: como é que o PM sabia há dias o que aí vinha?

  12. Prova Indirecta

    Acho que ele não sabia , JP . Quando se referiu a ” boas notícias ” , vinha optimista de uma consulta da Maya , sobre os resultados das presidenciais norte-americanas…

  13. Narciso Miranda

    Péssima notícia! Menos um pretexto para cascar no sábio Galamba e amigos. Felizmente há abundância de outros…

  14. O Ricardo explicou bem a situação. Eu, acredito nos valores do INE e penso que o turismo a crescer dois dígitos tem a parte de leão. Por outro lado, na área onde invisto, assisti nos meses de Julho, Agosto e Setembro a uma compra de imobiliário para habitação própria/investimento, fora dos padrões do ano. Muitas pessoas não eram investidores de imobiliário, antes, gente alarmada com a falência da banca e a cobertura limitada dos depósitos(100000 euros). O turismo é sempre bom, já a troca de activos feitas pelas pessoas dá segurança, mas as contas do país ficam quase na mesma. Reitero que o crescimento deve rondar o 1%, no ano 2016, nada está resolvido estruturalmente e rezemos para o ano de 2017 (centenário das aparições de Fátima) não seja ano de novo resgate.

  15. JP-A

    Pedro,

    Por isso é que é interessante vê-los desfilar. O das finanças passou de virtualmente desaparecido a prontamente disponível e até estava encostado à parede na AR à espera que os jornalistas o deixassem falar. Que alegria!

  16. Ricciardi

    O PIB ficará no limite maximo em 1,3% e no mínimo em 1,2%.
    .
    Porém, se este ritmo dos dois últimos trimestres se mantiver, para o proximo ano será de esperar um crescimento robusto. Acima do projectado.
    .
    A política deste governo é a certa para este enquadramento. O crédito mal parado tem vindo a descer. Este é o motivo pelo qual o consumo não está a contribuir mais para o crescimento. O pessoal está a aproveitar os excedentes (salários e lucros) para pagarem o que devem.
    .
    Isto significa que os bancos melhorarão os seus resultados. E com isso voltarão a poder ajudar a crescer o investimento.
    .
    Tenho a impressão de que, se não houver imprevistos, Portugal pode muito bem vir a liderar crescimentos na Europa.
    .
    Rb

  17. MP

    Temos que ser pragmáticos e o ser pragmático é que a política deste (DES)Governo Menchevique, Trotskista e Maoista falhou.. Falaram, abusaram e espernearam que o crescimento se fazia á base da procura interna, ora esta a desacelerar, e como diz, muito bem o Ricardo, a decomposição do crescimento em cadeia do 3º trimestre da procura interna é já negativa. Com a falta de investimeto todo o crescimento veem das exportações(as esquerdas sempre o criticaram) que crescem muito mais do que as importações (o investimento tem sempre uma forte componente importada) e daí o aumento inesperado de +0,8% num trimestre, todo ele explicado pelas chamadas exportações líquidas (exportações menos importações). Dificilmente se repetirá. No quarto trimestre com a procura interna a continuar a abrandar imaginem um contributo negativo da procura externa liquida… Pois… Crescimento deste ano: 1,1%(talvez 1%) próximo ano 0,7%. Vai sair Caril

  18. Admitamos que a estimativa do INE é boa.
    É efectivamente um salto de crescimento surpreendente relativamente ao marasmo que foram os 4 trimestres anteriores, entre meados de 2015 e meados de 2016.
    Mas antes de analisar e atribuir louros por este bom resultado convém contextualizar e lembrar alguns factos.
    No primeiro semestre de 2015 o Pib estava a crescer cerca de 0,5% por trimestre. A manter-se ou até a intensificar-se o ritmo, o mais provável tendo em conta a dinâmica e o conjunto dos indicadores económicos e financeiros na altura (confiança, investimento, exportações, consumo privado, contas públicas, taxas de juro, etc), tudo apontava então para um crescimento acumulado no final de 2015 a rondar ou mesmo acima dos 2%.
    As previsões para os anos seguintes podiam então ser feitas com optimismo e não era deslocado admitir-se que Portugal viesse a ter um crescimento robusto e elevado.
    Mas tal não aconteceu : desde meados do ano o crescimento desacelarou significativamente ficando pelos 1,6% no final do ano.
    Porquê ?
    Porque houve eleições legislativas em Outubro de 2015 e desde meados (senão mesmo antes) do ano que os agentes económicos começaram a antecipar um eventual impasse politico ou até uma mudança de governo e de politicas.
    O principal indicador desta desconfiança foi uma inversão de tendência no investimento privado que começou a cair desde então.
    Os resultados das eleições e, sobretudo, a mudança de governo e a primeira bateria de medidas por este tomadas confirmaram os piores receios : a dinâmica foi quebrada, o crescimento acumulado no 2° semestre de 2015 e primeiro semestre de 2016 caiu para menos de metade, cerca de 0,8% ao ano.
    Aqui importa dizer que não caiu ainda mais pela simples razão que, passados os primeiros meses e tendo em conta a cedência do governo no braço de ferro com Bruxelas a propósito do orçamento, se começou a perceber que o novo governo não iria alterar o essencial da politica economico-financeira seguida anteriormente : a austeridade não acabou e a consolidação das contas públicas continuou a ser uma prioridade.
    E eis que, de repente, num único trimestre, o terceiro de 2016, a economia cresce tanto quanto nos 4 trimestres anteriores … acumulados !…
    Importa agora perceber como tal foi possivel.
    Uma primeira razão é que os agentes económicos, ou pelo menos uma parte deles, retomaram alguma confiança que determinou uma acelaração do Pib.
    Os primeiros elementos conhecidos levam a supor que não foram os consumidores nacionais já que a contribuição do consumo privado interno foi negativa.
    Ou seja, tudo indica que foram sobretudo as exportações a puxar a economia e que, nestas, foi sobretudo o turismo de estrangeiros que mais se destacou.
    O que confirma a impressão que já se tinha de que o Verão de 2016 foi extremamente favorável.
    Há ainda quem diga que para o forte crescimento do Pib neste trimestre tenham contribuido factores, como a venda de aviões militares no exterior por um valor de 163 milhões de Euros, que normalmente não se voltrão a repetir no futuro.
    De qualquer modo, é de assinalar que a economia cresce mais e é de esperar que os factores estruturais deste crescimento de confirmem e se mantenham.
    Assim sendo, tem de se reconhecer a este governo o bom senso de, ao contrário do que prometeram as forças politicas que o sustentam, a começar pelo PS, não ter adoptado uma politica de rotura total com o passado que teria certamente comprometido a obtenção destes resultados.
    Mesmo assim, permanecem ainda muitos motivos de preocupação relativamente ao futuro, sobretudo, quanto à sustentabilidade financeira do Estado e quanto à eficiência e à competitividade da economia no seu conjunto.
    No fim de contas, não foram entretanto feitas as necessárias reformas estruturais na economia e no Estado pelo que os males profundos que afectam o pais se mantêm e poderão agravar-se ainda mais com o tempo.
    Oxalá que não, mas este bom resultado pontual pode ser tão só um sol de pouca dura !!

  19. Não sei se isto já foi dito, por não ter lido todos os comentários, mas isto explica-se facilmente:
    Em termos de contabilidade nacional, a rúbrica exportações engloba vendas de produtos a não-residentes em território nacional. Trocando por miúdos, no 3º trimestre cambadas de John Smith e de Olivier Silvas vieram a Portugal, gastaram dinheiro em Portugal, logo aumentaram as exportações portuguesas, sendo que o PIB sobe com a subida destas.

    Nada de especial. Tal como não é novidade o atual governo estar a aproveitar-se de algo que lhe é alheio.

  20. Temos portanto um governo socialista imprudente que obtém bons resultados da mesma maneira que tivemos um governo sapiente que não acertou uma previsão que fosse… Chateou tudo e todos e saiu a carpir pieguices acerca da legitimidade democrática, com um papelinho no bolso: o plano da reforma do estado… São as contradições da política portuguesa! By the way dizer com desdém que o “sucesso” decorre do turismo é de uma iniquidade absolutamente palerma do tipo “ganhaste o jogo graças ao penalti”, quando o que conta mesmo é ganhar o jogo…

  21. Caríssimo Luis FA, recorde-se: está a responder a uma interpretação sua (by the way, não sei se a desdenha ou não, mas deixo o juízo para si), não ao que foi escrito por mim, que se tratou de clarificar um conceito desconhecido da generalidade das pessoas. Portanto, um introduzir de transparência à notícia do INE.

    Quanto à questão do falhanço de previsões do anterior governo, a não ser que a memória me falhe, todas as previsões deste governo relativamente à evolução de todos os indicadores económicos tem vindo a ser alterada desde que apresentou, há mais de um ano, as suas previsões para os efeitos que a sua possível governação geraria, acaso fosse eleita.

    Levando em consideração que, mesmo depois de (não) eleito o governo, essas mesmas previsões têm vindo a sofrer alterações de 2 em 2 meses, está bom de ver que o atual governo também tem uma elevada variância associada às suas estimativas.

    Conforme disse e bem, o que interessa é ganhar o jogo. Mas, de preferência, sem cartões vermelhos dados a jogadores da nossa própria equipa. Pena que isto também não esteja a acontecer, tendo em conta a subida que a dívida pública e a taxa de juro das obrigações portuguesas no mercado secundário registou. Se não sobrarem jogadores para se fazer um 11 em jogos futuros, nem com penaltis inventados continuaremos a ganhar, correto?

    Saudações.

  22. LUIS FA : “Temos portanto um governo socialista imprudente que obtém bons resultados …”

    O governo actual não “obtém bons resultados” !!
    Para começar, é responsável pela interupção em 2015 de um ciclo virtuoso de crescimento e consolidação. Foram, e continuam a ser, tempo e recursos desperdiçados. A situação financeira do pais está hoje pior (mais divida pública e taxas de juro mais elevadas). Não se avançou com nenhuma reforma de fundo.
    Em segundo lugar, o crescimento do 3° trimestre de 2016 agora anunciado é ainda pontual, insuficiente para se poder falar de uma acelaração duradoura (os economistas costumam considerar que são necessários pelo menos 3 trimestres para se poder falar de uma tendência).
    Em terceiro lugar, mesmo sendo agora melhor do que nos últimos trimestres, o crescimento económico acumulado é ainda manifestamente insuficiente para que Portugal possa sair verdadeiramente da situação dificil em que ainda se encontra.
    Ou seja, nada disto parece ser sustentável e duradouro, os problemas de fundo (de falta de investimento, de rigidez nos mercados, de desequilibrio das contas públicas, etc) continuam por resolver e até se agravaram, os riscos financeiros aumentaram.
    Não se pode dizer que sejam “bons resultados” !!

  23. Tivemos dois governos “desastre”. Um socrático e um coelhista, sendo este último acompanhado por um presidente em fim de prazo (como os iogurtes). Atualmente respira-se algum pragmatismo salutar. O papel da governação é relativamente limitado no impacto direto e imediato na economia, ainda que a interpretação “política” tenda a acentuar erradamente essa importância. O estado não decreta crescimento ou emprego e as própria medidas efetivas nos drivers disponíveis raramente tem efeito direto assinalável. Esta realidade é válida para qualquer governo, venha de onde vier. Não obstante, para o bem e para o mal, o “estilo de governação”, a influência e credibilidade dos governos tem efeito direto na percepção do país e na confiança dos players nacionais e internacionais. Nesse aspeto e com raríssimas excepções o governo anterior foi um desastre completo. Marrou contra o tribunal constitucional, afrontou os portugueses, meteu a banca debaixo do tapete e afundou a economia miserável que recebeu do senhor Sócrates, até que esta, por efeito natural, reagiu e começou a melhorar já no final o mandato. É incontestável que essa ação resiliente ainda se faça sentir. Não obstante, atualmente existe um governo liderado por um pragmático bom negociador ao invés dum primeiro ministro teimoso, míope e pouco criativo e existe um presidente da republica apaziguador. Já se pode respirar e isso é importante em termos nacionais e no quadro europeu para quem a “pardidarite” nacional não conta rigorosamente nada…

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