Venezuela, o país onde se fez tudo bem

hambre-en-venezuela-630x300Apesar de não parecer a quem acompanha a imprensa portuguesa, há fome na Venezuela. O país está a ferro e fogo com a calamidade económica que se abateu. Esta situação certamente apanhará muitos comentadores políticos de surpresa. Afinal, desde que Chavez subiu ao poder, a Venezuela seguiu todas as políticas económicas certas.

Sem uma Comissão Europeia a exigir controlo nas contas públicas, a Venezuela pôde assumir políticas orçamentais expansionistas, com défices elevados que, como sabemos, graças ao multiplicador, se pagam a si mesmos. Para garantir que o orçamento é pago por quem mais pode, a Venezuela tem um IRC de 34% e um IRS bastante progressivo que taxa mais quem ganha mais. Assim as empresas e os mais ricos não podem escapar a dar a sua contribuição para o bem comum.

Por outro lado, o regime Chavista soube sempre defender os interesses dos trabalhadores. Na Venezuela é praticamente impossível despedir após o primeiro mês no emprego. O regime chavista acabou com a precariedade laboral. Os trabalhadores vivem no conforto de saber que não podem ser despedidos façam o que fizerem o que, como sabemos, aumenta a sua satisfação no trabalho e produtividade. Para além disso, a licença de maternidade é de 1 ano, paga integralmente. Para dar o exemplo ao sector privado, o estado reduziu fortemente o horário de trabalho da função pública, reduzindo a semana a 4 dias.

O salário mínimo sobe a cada 6 meses e é hoje o triplo do que era há 2 anos. Como todos sabemos, o salário mínimo não cria desemprego. Pelo contrário, o salário mínimo aumenta o consumo que por sua vez cria mais emprego. Quanto maior o salário mínimo, mais consumo e mais empregos.

O governo controla grande parte dos sectores estratégicos: transportes, educação, energia, banca e até a distribuição alimentar. Não é o malvado lucro que determina as opções de gestão, mas sim a busca pelo bem comum. A forte presença do estado na banca garante que os empréstimos estão ao serviço do bem comum e não de interesses empresariais. Na energia, todos as famílias têm tarifa social e pagam muito pouco pelas 20 horas de electricidade que têm por dia.

A Venezuela foi dos países que mais investiu em educação do Mundo. Gastar dinheiro numa grande rede pública de educação é o primeiro passo para uma economia desenvolvida. Como sabemos, quando se fala de educação pública, quanto mais dinheiro for gasto, melhor.

A idade da reforma na Venezuela é aos 60 anos para os homens e 55 para as mulheres, deixando os empregos livres para os mais jovens. Basta descontar 15 anos para garantir uma reforma indexada ao salário mínimo.

Qualquer comentador isento e moderado dirá que na Venezuela se fez tudo bem. Não se percebe como chegaram a esta crise.

17 pensamentos sobre “Venezuela, o país onde se fez tudo bem

  1. antónio

    Na Venezuela há fome e doença, enfim miséria generalizada. Esta semana e a juntar a tudo isto há que juntar a porradinha no povo. Os Portugueses devem estar sinceramente atentos e vigilantes pois a franja de políticos que usurparam o poder por cá não se importariam nada de que algo semelhante seja cá implantado. Não se pense que isto só acontece aos outros.

  2. Esqueceu-se de referir a saúde: médicos cubanos à patada, com resultados surpreendentes.

    As revoluções socialistas nunca se perdem por excesso de socialismo, mas sim e sempre por falta dele. Não fizeram o suficiente – é isso que se começa a ler e ouvir. Deviam ter ido mais longe, mais cedo. É o mantra habitual de todos os que querem fazer experimentação social à custa da pele dos outros.

  3. FB

    Fácil: não deu certo por culpa dos “imperialistas” e dos “golpistas” que estão a tentar pôr a Constituição a funcionar. Isto de Constituição da República, seja qual for a república, é só para citar quando dá jeito aos amanhãs que cantam.

  4. Quando a canalha social comunista que governa Portugal conseguir acabar com o controlo exercido pela Comissão Europeia e pôr fim ao “espartilho” do euro, Portugal seguirá alegremente o caminho percorrido pela Venezuela em direção à igualdade na miséria. Estamos aí, agora sem a oposição do PS, antes com a sua cumplicidade, dada a natureza da mudança estrutural exercida pela tomada do poder nas cúpulas do PS, de uma geração de radicais, sem profissão nem vida fora do partido, capazes de tudo para se manterem no poder, ainda que para isso seja necessária cumprir a agenda do BE e do PCP rumo ao socialismo.

  5. A culpa de não dar certo é dos MERCADOS que conspiram contra o socialismo , pois eles estão a fazer tudo certo . Resta-lhes combater ainda mais a liberdade em todos os seus aspectos e colocar os mercados no seu devido lugar (na sua perspectiva)
    Concluo dizendo que o socialismo sempre se estoirou a si próprio como se pode comprovar pela historia universal.

  6. Rui M

    O grande problema da Venezuela é o excesso de gente. Se matassem metade dos venezuelanos (seguindo ideias bem Stalinistas) haveria muito menos gente com fome.

  7. PiErre

    “Concluo dizendo que o socialismo sempre se estoirou a si próprio como se pode comprovar pela historia universal.”´
    .
    Não, não. Estoira-nos é a nós próprios, isso sim! E ficam-se a rir.

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  8. tina

    Excelente! É impossível não evitar o paralelo com Portugal, não sai da mente porque é tudo tão parecido.

  9. Não esquecer o apoio do PCP, CGTP e partido socialista a esta desgraça. Sindicatos em Venezuela andam caladinhos

  10. Rodrigo

    Escrever aqui alguma coisa é como estar ao lado de duas pessoas daltónicas e afirmar que a parede que se encontra à nossa frente tem certa cor. Tendo a certeza absoluta daquilo que se está a ver.
    Ora, isto da politica é a mesma coisa, nunca se consegue agradar a ninguém e não é por falta de gostos mas sim por grupos de especialistas gananciosos, que gostam de controlar a “máquina” a seu belo prazer.
    Parece esquisito o que escrevo, mas não o é, gosto é de ver a máquina a trabalhar para o cidadão e país ,não para um grupo restrito de pessoas.

    Em relação à Venezuela, a análise que faço é que se transformou num país que já não trabalha em prol do cidadão, mas sim para um grupo restrito da “máquina” que quer continuar a controlar embora a decisão do povo seja contrária.

    Referente a Portugal, penso, tenho a certeza, que não exista comparação possível, possa já ter existido, mas, actualmente não, e nem caminhamos para a isso.

    A ditadura é fácil de entender/ver quando estamos livres de pensar, mas esquecemos dos outros que não podem viver essa liberdade e que nem tem conhecimento de outra ao não ser aquela que vivem.
    Exemplo:
    Perguntou-se a um chinês se o pais dele é uma ditadura?
    Resposta: Não é.
    Para mim a china é uma ditadura.

    Já agora, a Venezuela é uma ditadura.

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