as consequências virão, ai virão, virão

As consequências das políticas mata-frades do governo, tornado agora agente comercial da Fenprof, terão consequências mais largas do que apenas o desemprego dos professores e auxiliares que serão despedidos com o fim de grande parte das turmas em contratos de associação. Ou a instabilidade dos alunos que engrossarão as fileiras de reféns das greves e reivindicações corporativas da Fenprof. Leia-se o que escreveu Ana Rita Bessa, deputada do CDS, no facebook:

‘Na passada segunda feira visitei o Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache. No refeitório estava a mesa posta para receber os meninos da escola EB1 próxima, estatal, que não tem refeitório. Quem se preparava para ir buscar os meninos a essa escola, eram duas auxiliares do colégio que ajudam “as colegas” da EB1, estatal. De resto, quando a EB1, estatal, esteve em obras, algumas aulas tiveram lugar no colégio com contrato de associação . Soube-se esta noite que este colégio não poderá abrir mais turmas novas. Aparentemente não é supletivo da rede estatal.
Mais cedo ou mais tarde, fechará portas. Também aos meninos da EB1.’

Entre outras questões que se poderiam comentar, presumo que no meio da tal poupança de dinheiro dos contribuintes com a não duplicação de recursos blablablá se inclua gastar dinheiro com a construção de um refeitório para a maravilhosa escola pública que não o tem.

13 pensamentos sobre “as consequências virão, ai virão, virão

  1. JP-A

    Já vi isto! Foi quando a comunada [do PS] e afins decidiu executar o plano de igualização e nivelação liceal e acabou com as escolas industriais. Seguiu-se a maior fornada de artistas-especialistas auto-formados na rua e à balda que o país conheceu. Enfim, o país de biscateiros mal remediados que toda a gente conhece. Tudo com papel passado em filosofia, humanidades e outras especialidades transversais às técnicas do fazer. Depois vão comprar as “máquinas” aos alemães, esses suínos da excelência industrial que não mais nos querem amamentar. Mas não nos percamos em pormenores – o rasto deixado pela venda de Portugal pelo Costa Concórdia para que possa estar será muito mais vasto e doloroso do que este pequeno pormenor. Desconfio até que quando isto afundar, as vacuidades que tem na cabeça o tornem num dos poucos que vão sair daqui a boiar. Quando chegar a hora de ele recorrer à desculpa “Merkel”, saberemos o quanto desastre está próximo.

  2. Tá engraçade, como diria o outro. Não reparei que houvesse tanta preocupação com as escolas públicas do primeiro ciclo que têm fechado aos milhares, mas pronto. Como muitas delas têm serviço para associações de reformados ou clubes de columbofilia ou turismo rural ou coisas do género, deve ser por isso. Também não tenho notado essa preocupação quanto a professores e auxiliares do público que ficam no desemprego. E agora há até uma coisa engraçada: são os que deram aulas no “privado” a passar à frente de quem sempre andou no público, em termos de concurso. Sabendo nós que muitos dos que estão no “privado” andam lá por cunhas, não seria legítimo que houvesse concursos abertos a quem quisesse nas escolas subsidiadas pelo Estado? e que pensam disto tudo as escolas efectivamente privadas, que não recebem um tostão do Estado e faze, de facto, concorrência? ou ficamos no liberalismo à portuguesa em que somos todos muito liberais mas com o Estado a amparar? por que razão falam agora nas escolas que estão em risco de fechar e andaram durante anos calados? veja-se o concelho de Anadia: durante anos, a secundária metia água, chovia lá dentro, enquanto ao lado dois colégios eram financiados. Os dois deixam de abrir turmas este ano. Provavelmente porque a secundária nova abriu o ano passado. Pode afirmar-se que isto é desperdício, mas havendo essa escola faz sentido continuar a injectar dinheiro nos dois colégios?
    Veja-se a Sertã, onde o I. Vaz Serra deixa de abrir turmas. Qual o sentido de ser financiado quando a 10 km, na Sertã, a secundária tem capacidade para mais gente? ou o I. São Tiago, na Sobreira Formosa, pertíssimo de Proença-a-Nova que também tem uma secundária nova (aberta há poucos anos)? ainda por cima em zonas com desequilíbrios demográficos? E já nem falo no caso de Coimbra, emblemático. Ou das Caldas.
    Não gosto da fenprof, não gosto do Nogueira, mas ainda me irrita mais a pseudo-direita liberal. Concorrência, livre escolha, sim, mas não nestas condições. Mas o liberalismo europeu é este, desde o proteccionismo disfarçado em subsídios aos agricultores até ao ensino pseudo-privado.

  3. Já agora, terminando o raciocínio, a alternativa que se pode propor será o cheque-ensino, porque aí ainda teríamos a possibilidade de falar em concorrência a sério. Vejamos um exemplo: decido abrir uma escola no Fundão. Existe lá a secundária e o Externato Santiago de Carvalho, em Alpedrinha. Este recebe financiamento estatal. Claro que eu parto em desvantagem, duas escolas à borla e na minha paga-se. A minha tem melhores condições? pois, mas nem todos lhe chegam. Dê-se então o cheque-ensino e permita-se escolher. Aí, se calhar, uma acabará por fechar, mas haverá equidade. Pelo menos mais do que numa situação em que se distorce o mercado com a atribuição de subsídios a uns enquanto outros são, de facto, privados.

  4. tina

    “Num país carregado de PPPs é natural que apareçam uns cromos a defender que sem as parcerias Estado-privados as criancinhas passam”

    Lá temos que explicar tudo aos comentadores de esquerda porque eles são muito lentos. O que está aqui em causa é:

    1) Parceria Estado-privado
    2) Estado somente

    Para os dois casos temos de contribuir, exceto que o primeiro dá bons resultados e o segundo é uma borrada.

  5. oscar maximo

    Falando sobre o texto em questão, não concordo nada com o raciocinio subjacente. É que me faz lembrar os argumentos dos funcionários públicos: estes, não podem baixar os salários, mesmo que o seu patrão esteja falido, porque também sustentam os netos que estão desempregados. Para mim, este tipo de argumentos não colhe, quer venha da direita ou da esquerda.
    .

  6. Penso que há aqui também um pressuposto que ainda não foi abordado. Parafraseando um ex-PM que é favorável a causas civilizacionais (barrigas de aluguer, nomeadamente), estas escolas podem ver aqui uma oportunidade. Por que razão não se prestam a abandonar a sua zona de conforto procurando outras possibilidades? é que, desta forma, dão a ideia de estarem encostadas ao Estado e nada mais longe da verdade, quando consideradas nos eu vigoroso empreendedorismo.

  7. JP-A

    O desplante da criatura que governa o PS e manda no país por procuração da extrema-esquerda é já de tal ordem que vai ao ponto de declarar para as TVs que a justificação também é que o reforço da escola pública estava no programa do PS. É o tal problema caráter de que falava o José Seguro, porque:

    – O programa do PS foi chumbado em eleições democráticas
    – O programa do PS talvez não dissesse que era para acabar com estas escolas

    Estou para ver se aparece algum jornalista a confrontá-lo com este tipo de badalhoquices.

  8. JP-A

    A criatura que introduz estas alterações em cima do joelho a poucas semanas do período de inscrições é o mesmo que depois diz que é necessária a estabilidade para não espantar o investimento. São questões de princípio, para depois atropelar por pressão da Fenprof, isto é, da CGTP. Ou dito de outra maneira, do comité central.

  9. O governo que quer poupar 30 milhões com estas escolas é o mesmo que se prepara para torrar mais 4000 milhões na banca pública depois de no fim de 2015 já ter torrado mais de 3000 milhões na banca privada.

  10. Vamos lá acertar o passo. Costa de tudo é capaz, até de se destruir a ele próprio com a cegueira mórbida de sustentar o próprio cadáver politico. Um país que assiste a tal pantomina ridiculamente curvado, temeroso e tolhido não merece mais que fazer-lhe companhia na penosa descida á cova.

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