O International Herald Tribune publicou há dias um pequeno artigo sobre a pujança da industria alemã, em contradição com o que está a suceder noutros países da zona Euro. Enquanto nos últimos anos, os países europeus mais pobres, Portugal, Espanha e Grécia incluídos, consumiram bens alemães de alta qualidade a preços apenas possíveis com recurso ao crédito barato, a Alemanha foi poupando e fortalecendo-se. Com trabalhadores competentes e qualificados, muito bem pagos porque raros, sindicatos agora mais racionais, cooperantes e pouco agressivos, as constantes tribulações, como foram sucedendo na fábrica da Volkswagen, em Palmela, são menores. As ameaças à estabilidade laboral não atingiram os níveis esperados, o desemprego aumentou, mas não tanto como se esperava.
O problema que agora surge é que a economia alemã está a recuperar, prejudicando as mais falidas. De certa forma, as fábricas alemãs dificultam a possibilidade de as portuguesas, espanholas e gregas se consolidarem. Com níveis de qualidade tão díspares, não há muito que se possa fazer. Há quem recorde o conceito de solidariedade europeia. Sucede que, se este consiste em ajudar os mais pobres, também não deve implicar o prejuízo daqueles que se esforçaram e sacrificaram para vencer. A situação pode vir a ser muito delicada para o projecto europeu, colocando um enorme desafio à ideia de integração europeia.
Falta decidir o que queremos. Se esmolas, se trabalho. Vivemos hoje os resultados da primeira opção. À nossa frente, cabe-nos fazer a escolha certa.
As I said before:
http://umjardimnodeserto.nireblog.com/post/2009/11/06/o-optimismo-socialista-portugues-comeca-a-mostrar-resultados
Proponho uma taxa comunitária de 75% sobre o rendimento alemão para ajudar a combater o défice dos PIGS. Afinal a culpa parece ser dos que trabalham, se esforçam e produzem. Se não fossem esses, não havia crise dado que eram todos pouco produtivos e logo todos estariam na média.
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