Os melhores também vencem (2)

 

São muitos os que culpam os alemães pela crise na Europa. Fossem ‘eles’ mais solidários e nem a Grécia, menos ainda Portugal e o euro sequer, estariam a passar pelo que está a acontecer. Quisessem ‘eles’ ajudar e tudo correria fluidamente. Já tive oportunidade de referir a inveja que os ‘parceiros europeus’ nutriam pela solidez alemã, bem como os problemas que iriam criar para a solidez das instituições europeias. Não deixa de ser interessante analisar os diferentes comportamentos dos vários povos europeus perante os problemas económicos que a Europa atravessa. Enquanto a Alemanha poupou, não se excedeu e hoje vive com um pé de meia, a Irlanda encarou a situação de frente e apresentou medidas difíceis e dolorosas. Tão abrupto foi o corte nos salários e no investimento público, que os mercados deixaram Dublin em paz. Entretanto, na Grécia, um plano de suave austeridade levou manifestantes para a rua, enquanto em Portugal há quem prepare greves e os que têm emprego garantido por lei, lamentam que os seus salários não sejam aumentados.

Sejamos francos: com esta mentalidade não há Europa unida que se preze, nem riqueza que se crie.

5 pensamentos sobre “Os melhores também vencem (2)

  1. “a Alemanha poupou, não se excedeu e hoje vive com um pé de meia”

    !!!

    O Estado alemão nos últimos anos tem todos os anos tido défice. Nalguns anos esse défice até foi superior a 3% do PIB. O Estado alemão atualmente não tem pé-de-meia nenhum, pelo contrário, tem uma dívida que deve andar pelos 60% do PIB do país.

  2. “a Irlanda encarou a situação de frente e apresentou medidas difíceis e dolorosas”

    Pois, mas a Irlanda, apesar de até agora ter sido poupada pelos mercados, está profundamente atascada na merda. O défice da Irlanda este ano vai ser bem superior ao português, apesar das medidas difíceis e dolorosas. A economia irlandesa está estagnada.

  3. Sobre a Irlanda, o mercado vive de expectativas. É normal as pessoas preferirem meter o dinheiro num país péssimo que está a tomar medidas para melhorar do que num país mau que continua a sonhar com a construção de pirâmides no deserto.

  4. Nuno Branco, eu não contesto o seu comentário, contesto é a forma como o André escreveu o seu post. O André disse que a Irlanda tomou medidas duras, o que é verdade, mas esqueceu-se de acrescentar que, apesar (ou se calhar por causa) dessas medidas está com um défice bem maior do que o português, e com uma economia completamente deprimida. O que acontece é que as medidas irlandesas não resolveram o problema do défice irlandês – apenas acalmaram os mercados.

    Esta situação é reminiscente de 1997 no Japão, quando houve um primeiro-ministro que tomou medidas duras para acabar com o défice e o resultado final foi que, dois anos depois o défice estava muito maior ainda. O que acontece é que, em certos tipos peculiares de depressão, as medidas duras deprimem de tal forma a economia que no fim delas o défice fica ainda maior.

  5. O resultado das medidas duras não se mede no défice. O resultado das medidas duras é que apesar do défice conseguem financiar-se de forma mais barata que Portugal.

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