Dilma e a sua humilhação

Dilma humilhada nas urnas após dizer que o golpe seria derrotada no voto. A falsa tese não foi comprada pela população, no Reaccionário.

O El País destaca a derrota de Dilma Rousseff para o Senado sob um prisma interessante: é a segunda derrota da petista na política. E também a segunda derrota para o mesmo fenômeno: a onda conservadora que parece ter tomado conta do país.
Isso é de fato muito complicado para alguém com a biografia da ex-presidente. Uma mulher tão insistente em suas posições (todas elas erradas), resolveu adotar a tese estapafúrdia do golpe. Um golpe apoiado nas ruas por milhões de brasileiros – incluindo ex-eleitores que se sentiram traídos ou insatisfeitos com os rumos que Dilma deu ao país.
Durante dois anos a extrema-esquerda defendeu a tese do golpe, dizendo que governo se substitui nas urnas. Durante dois anos forçaram a tese de que Dilma foi derrubada por ser mulher, honesta e acima dos interesses políticos mais mesquinhos. No final acabaram refutados pelos fatos, visto que Dilma se provou uma mulher corrupta, mesquinha e dada a diversos conchavos.
Adoro as narrativas que o PT inventa para se tentar manter no poder: a tese do golpe, a tese do patriarcado contra uma mulher, ainda por cima “honesta e e acima dos interesses políticos mais mesquinhos”. Pelo amor da Santa!
Não. Dilma caiu porque o povo estava cansado. Cansado das mentiras, das estratégias de marketing variáveis (exemplo ridículo), da corrupção, do roubo e da prepotência. Finalmente!

Chavez “é uma esperança para a América Latina”

A frase é de Bolsonaro, o profeta-farol do liberalismo pós Donald Trump.

Rir continua a ser o melhor remédio. Divirtam-se.

Estado- O que representa Chávez?

Jair Bolsonaro- É uma esperança para a América Latina e gostaria muito que esta filosofia chegasse ao Brasil. Acho ele ímpar. Pretendo. Pretendo ir à Venezuela e tentar conhecê-lo. Quero passar uma semana por lá e ver se consigo uma audiência. (…)

Estado- Porque ele é admirável?

Bolsonaro-Acho que ele vai fazer o que os militares fizeram no Brasil em 1964 com muito mais força. Só espero que a oposição não descambe para a guerrilha, como fez aqui.

Estado- O que acha dos comunistas apoiarem Chávez?

Bolsonaro-Ele não é anti-comunista e eu também não sou. Na verdade, não tem nada mais próximo do comunismo do que o meio militar. Nem sei quem é comunista hoje em dia.

Fonte desta fake news: O Estado de S.Paulo, edição de 4 de Setembro de 1999.

Más escolhas dos brasileiros

Amanhã, na primeira volta/turno das eleições presidenciais, brasileiros estarão preocupados com o país se tornar (outra vez) numa ditadura. E com razão. O poder político terá sempre tendências para tentar controlar pessoas livres.

Mas Bolsonaro só tem grandes hipóteses de ganhar pelas acções da esquerda de Lula da Silva. Claro que para alguns ainda há ditaduras-chic…

1 Milhão de Dislikes… é obra!

Daniela Mercury decidiu fazer um pedido às mulheres: não votem em Bolsonaro. Motivos: nenhum a não ser rótulos gastos – Bolsonaro é machista, homofóbico, racista, e “um atraso” para a democracia.

O Brasil em peso respondeu: Daniela, volta para cantar baladas.
22.000 Likes, 1.100.000 Dislikes. Um Rácio de 50 para 1 (!)
Fiquem com a breve verborreia:

Daniela, Você Abusou.

O interessante Brasil de Lula

Na primeira vez que estive em Buenos Aires, em 2008, saí andando a esmo por Palermo e me deparei com uma bela casinha em estilo francês cujo letreiro dizia: “Museo Evita Perón”. Mesmo sem simpatias prévias pelo peronismo, entrei, e fiquei muito impressionado com o jornal do dia seguinte ao da morte de Evita, cuja manchete dizia: “Murió la Jefa Espiritual de la Nación”.

“Chefa Espiritual da Nação” não era simplesmente um epíteto que as massas deram a Eva Perón, mas um título que lhe foi concedido pelo congresso argentino. Naquele dia, lembro bem, fiquei contente ao pensar: nem o brasileiro mais insanamente pró-Lula pensaria em chamá-lo de “chefe espiritual da nação”.

Dez anos depois, me parece que a prisão de Lula começa a fazer as vezes de martírio, e, por tabela, operar sua canonização aos olhos de muitos brasileiros, incluindo muitos que admiro — são pessoas cujo trabalho editorial ou acadêmico é de primeira linha.

Recentemente, voltei ao Rio de uma temporada de seis meses na mesma Buenos Aires, e, tendo guardado certa distância da imprensa brasileira, fui descobrir o passo anterior dessa canonização. A esquerda brasileira já fala abertamente numa escalada do fascismo no Brasil, e todos os clichês — o ovo da serpente, etc. — são repetidos diariamente a respeito de todos aqueles que não estão carpindo a prisão de Lula.

Há cerca de vinte anos acompanho esses debates, e o ponto atingido agora é diferente de tudo o que já vi antes (não uso o clichê de Lula, “nunca antes na história deste país…” porque essa pretensão de originalidade parece ingênua).

As promessas de violência são explícitas, e, em ao menos um caso, foram cumpridas: uma pessoa que pediu a prisão de Lula na frente do Sindicato dos Metalúrgicos (onde Lula se resguardava da Polícia Federal) e devidamente empurrado contra um caminhão em movimento por um ex-vereador pró-Lula. No momento, o empresário está no hospital, com traumatismo craniano.

Assim, hoje, no Brasil, imaginar que um político que tenha sido condenado por um tribunal de primeira instância e por um tribunal de apelações no primeiro de seus nove processos de corrupção não está sofrendo perseguição política tornou-se “fascismo” na opinião de quem aparentemente não se importa com o fato de que seus correligionários jogam adversários políticos contra caminhões em movimento.

Dirão: ele é perseguido porque é o primeiro colocado nas pesquisas para a próxima eleição presidencial. Mas o que fazer? Isto agora é um salvo conduto para a justiça? Está-se concedendo foro privilegiado com base em pesquisas de opinião?

Os tempos no Brasil estão muito interessantes, argentinamente interessantes. Considerando as crenças que os partidários de Lula esperam que tenhamos, parece fácil imaginar que, além do título de doutor honoris causa que lhe foi dado por Coimbra e lhe será dado pós-prisão pela Universidad de Rosario, na Argentina, também queiram outorgar-lhe de uma vez o de “chefe espiritual da nação”.

A perda da narrativa da esquerda

constantinoRodrigo Constantino, na Isto É faz um excelente retrato da Hipocrisia da Esquerda Brasileira (e mundial) e da decadência moral que ela actualmente passa.
Excerpto:

A extrema esquerda vive dias de profunda angústia. Não é mais capaz de lotar as ruas com seus protestos, mesmo colocando show grátis de septuagenário da MPB e artista global para bater selfies. Só chama a atenção mesmo quando adota a estratégia do quebra-quebra, com a convocação paga com mortadela dos marginais ligados aos sindicatos e MST.

Essa decadência se deve em parte ao avanço das redes sociais, que permitem a exposição da hipocrisia dessa turma de “intelectuais” e artistas engajados, antes protegidos pela hegemonia esquerdista na imprensa. Agora, com direito ao contraditório, fica evidente a perda da narrativa desses socialistas, que sempre viveram só de narrativa, já que seus resultados foram invariavelmente terríveis.

Como essa extrema esquerda pode, por exemplo, gritar por “Diretas Já”, se defende o regime de Maduro na Venezuela ou mesmo Cuba, a ditadura mais longeva e opressora do continente? A democracia e a “vontade do povo”, como podemos perceber, não passam de um engodo, um slogan bonito para enganar trouxas – os que restaram.

Que tal o combate à corrupção, a velha bandeira da ética? Como alguém vai fingir que condena a corrupção se poupa Lula, o chefe da quadrilha petista, a quem Joesley Batista, da JBS, diz ter dado US$150 milhões na Suíça? Essa bandeira está completamente esgarçada. A extrema esquerda é conivente com o crime, desde que o criminoso também seja da esquerda radical.

Hoje é feriado no Brasil: Tiradentes

O dia de amanhã, 22 de abril, é o dia em que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. Por aqui, não é nem nunca foi feriado, embora de alguns anos para cá tenha passado efetivamente a ser, porque ao menos no estado do Rio de Janeiro foi criado o “dia de São Jorge”, que todos sabem efetivamente ser o dia de Ogum. E é verdade que, devido à mistura que o povo faz, mantendo a tradição dos escravos, entre entidades do catolicismo e do candomblé, as igrejas dedicadas a São Jorge ficam lotadas de fiéis do orixá africano.

Mas eu queria mesmo era falar de Tiradentes. Será que é conhecido em Portugal? Não faço a menor ideia. No Brasil, Tiradentes é um personagem talvez melhor conhecido do que o próprio imperador Pedro II. Isso porque, como Tiradentes opôs-se à monarquia portuguesa, virou ícone da república brasileira. Isso porque Tiradentes, enquanto acontecia a Revolução Francesa (foi degolado em Minas Gerais em 1792), queria instaurar uma república no Brasil.

O que nos dá o que pensar, talvez um pouquinho mais em Portugal do que no Brasil, é que o principal motivo do ressentimento contra os portugueses na região das minas era a cobrança de impostos. A Coroa portuguesa ficava com intoleráveis VINTE POR CENTO da produção de ouro. O marquês de Pombal, agravando a situação, decidira estabelecer metas de produtividade para o Brasil, e as autoridades deram início à “derrama”, que era o equivalente ao midnight knock on the door para ver se o sujeito tinha algum ouro em casa para enviar ao marquês de Pombal.

O que aliás me lembra que o prefeito de São Paulo, tão louvado como “gestor” quanto o velho marquês, acaba estabelecer uma multa de 100% sobre impostos sonegados — e na definição dele de “sonegação” estão honest mistakes da contabilidade. Suponho até que, em Portugal, como no Brasil, também aconteça esta maravilhosa inversão do ônus da prova: quando o Estado acusa você de não ter pago imposto, você é que tem de provar sua inocência, não o Estado que tem de provar a culpa do sonegador.

Mas divago. Talvez pudesse divagar mais, lembrando de George W. Bush prometendo em sua primeira campanha que “ninguém terá de pagar mais do que um terço de sua renda…” Imaginem isto, um sujeito em Minas Gerais, em 1792, sendo morto e esquartejado por ressentir-se de 20% de impostos, e de cotas de arrecadação.