Responsabilidades no BANIF

  1. Os grandes responsáveis pela falência do BANIF não são os governantes: são, sobretudo, os seus accionistas e gestores e, em segunda via, os reguladores. É assim que funciona o sistema financeiro. Espero que a guerrilha política não nos ofusque, e impeça que mais uma vez as verdadeiras responsabilidades, em concreto, sejam apuradas. Os cidadãos merecem essa serenidade dos responsáveis políticos, que apurem responsabilidades, e não que atirem este tema para a chicana política.
  2. Os governantes são responsáveis, sim, mas pela solução adoptada para obviar a falência. Assim, como cidadão, não me satisfaço com a ideia simplista que a resolução em causa era irreversível, e que o custo para o contribuinte é resultado da incúria eleitoralista do anterior governo e da inércia do Banco de Portugal. Espero que nos próximos tempos sejamos devidamente clarificados, desde logo, das razões e fundamentos da decisão do atual governo. Em primeira mão, o atual governo tem de nos explicar porque optou pela solução em questão. Depois, e na mesma largura de banda, teremos também de saber porque razão o tema BANIF não foi decidido anteriormente, e se havia razões válidas para que tal tenha acontecido. Devemos dar oportunidade aos atuais governantes e aos ex-governantes para apresentarem os fundamentos das suas decisões.
  3. Nos dias que correm, é suposto ter-se imensas ideias sobre todos os assuntos. Eu, para já, não tenho ideia nenhuma sobre o BANIF. Nem percebo como pode haver tanta gente em cima do acontecimento a disseminar tanta opinião. Para mim, aguardo que todos se pronunciem, seguindo a sequência lógica que acima apresento. Só depois emitirei o meu juízo sobre o tema.  Até lá, qualquer opinião não tem o devido fundamento.

 

 

12 pensamentos sobre “Responsabilidades no BANIF

  1. António Maria

    Inteiramente de acordo. Até parece que queria despachar o assunto antes do fim do ano e a entrada a vigor das novas normas comunitárias. Ou seja vão ser todos os contribuintes a pagar aquilo que devia ser pago só por alguns.
    Se os depositantes até 100.000 euros ficam sempre salvaguardados, dá a sensação que quis “safar” os grandes. Será?

  2. Joaquim Amado Lopes

    Rodrigo Adão da Fonseca,
    É de louvar a atitude de esperar pelas explicações antes de emitir opinião.
    Mas, se ainda não podemos avaliar as motivações do actual Governo para vender da forma que vendeu nem do anterior para não ter vendido antes, já sabemos aquilo que o António Maria referiu e o Primeiro-Ministro afirmou explicitamente: o Governo vai usar dinheiro dos contribuintes para pagar maus investimentos de ricos, investimentos esses que não tinha qualquer obrigação (legal, política ou moral) de garantir. Muito pelo contrário.

  3. João Lopes

    Sim, é bonito ficar aguardar e bem, mas entretanto ficamos arder com o nosso dinheiro! Essa é que é!

  4. João Lopes, Joaquim Amado Lopes, estou seguramente revoltado por ter de mais uma vez pagar para cobrir o desvario de bancos. Mas ainda não percebi o que verdadeiramente se passou. Até lá, não posso emitir opiniões. Mas sim, quero explicações, porque não podemos assistir, ano após ano, a quedas de bancos, onde a receita é sempre a mesma, e onde não há nunca verdadeiramente consequências de maior.

  5. Nuno

    Joaquim Amado Lopes, uma empresa que pague o salário mínimo a 50 pessoas gasta, só em salários, €130k por trimestre. O que acha que acontece a uma média empresa que por ter mais de €100k à ordem se vê dona dum banco falido, e com a sua liquidez reduzida aos €100k?

    Sou o primeiro a defender que os bancos, como as restantes empresas, devem poder falir. Agora essa conversa fiada dos “ricos”, é uma bela treta.

    Com a definição que corre de “ricos”, quase todos somos “ricos”, ou recebemos o nosso ordenado duma “rica” empresa, ou dependemos de bens essenciais vendidos pelos tais “ricos”. Depois queremos que os tais “ricos” paguem a crise, desde que não deixem de emprestar dinheiro barato, que subam ordenados e não aumentem preços. Pois.

  6. Cf

    Nos saudosos tempos de V Constâncio e Sócrates, creio recordar que havia uma espécie de regabofe no banif com créditos para toda a gente, para a especulação, para o tijolo, para pme,s, tudo com poucas garantias… O PSD agora geriu o timing da explosão final, mas a coisa há muitos anos que todos sabemos que era mais uma grande festa. É simplesmente nojento ver os do Bloco dos Ressentidos fazer de conta que nem suspeitavam de algo que todo português que lê jornais sabe ou intui fortemente. Gente tão inocente ou destituída não devia poder ter responsabilidades de governo. E o PS, bom, nem quero pensar que, mais uma vez, a ideia inconfessada é safar, entre outros, os muitos ilustres devedores dos créditos incobráveis. Que nunca teriam acesso a créditos num banco sério.
    Bah! Puaff!
    Cf

  7. Joaquim Amado Lopes

    Nuno,
    Quando escrevi o comentário anterior não tinha realmente considerado as empresas mas, mesmo assim, duvido seriamente que qualquer empresa que pague 130k por trimestre em ordenados tenha uma única conta bancária com esse dinheiro.

    De qualquer forma, acha que o Estado deve garantir, à custa dos contribuintes, TODOS os depósitos do Banif, de empresas e privados, porque PODERÁ haver algumas empresas que fiquem em grandes dificuldades com a falência desse banco?
    No limite, o Governo poderia disponibilizar uma linha de crédito para atender às situações mais problemáticas. Fazer os contribuintes pagar é que não. Aliás, a pressa com que tomaram a decisão é extremamente suspeita e não se entende como o BE e o PCP não estão aos berros.

    Quanto a “Depois queremos que os tais “ricos” paguem a crise”, fale por si. Sempre achei esse exercício de demagogia e populismo um completo disparate.

  8. JP-A

    ” Mas ainda não percebi o que verdadeiramente se passou. Até lá, não posso emitir opiniões.”

    Vá juntando as peças:
    «BCE deu ordem na quarta-feira para suspender o estatuto de contraparte ao Banif, que entraria hoje em vigor. Medida cortava acesso do Banif ao financiamento junto do BCE, deixando-o dependente do BdP»

    Tags: TVI, cheira-mal, fontes

  9. Nuno

    Não basta ter várias contas bancárias. Tem que distribuir o dinheiro por vários bancos.

    Acha que uma empresa com uma folha salarial de €50k (20 e poucas pessoas bastam) paga salários e a fornecedores a partir de bancos diferentes? É o tipo de empresa que ainda faz outsource da contabilidade e tem uma pessoa a ir ao netbanco autorizar os pagamentos. Acha que anda a preparar-se para a falência do banco com contas em dois ou três bancos?

    Como disse, sou a favor que se deixe os bancos falir, e sim, isso inclui perdas para os depositantes. Mas convém ter real noção das consequências, caso contrário ninguém se prepara para isso. E não é com a conversa de que são os “ricos” que isso acontece.

    Para começar (já que há união bancária) é preciso que uma empresa ou indivíduo possa abrir uma conta noutro país (para diversificar o risco), sem lhe virem apontar o dedo.

  10. maria

    De quem é o burro?

    “O PSD apoia e é favorável a um inquérito parlamentar, que permita averiguar desde as razões que justificaram a capitalização do Banif, em final de 2012, até à decisão ontem [domingo] tomada e conhecida, as alternativas existentes e as razoes que a justificaram, bem como a implementação dessa decisão”, afirmou o deputado António Leitão Amaro, no parlamento.”

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