Tenho pena de não conseguir, como o Mário, ver “uma clivagem ideológica entre duas visões para Portugal” nas propostas apresentadas pelo PSD e pelo PS. Vejo, como o Mário, que as propostas do PS representam a manutenção do “modelo” que “sempre esteve em vigor”. Mas ao contrário do Mário, não consigo ver grande alternativa no que tem sido feito e proposto pelo PSD: não vejo onde é que, nos aumentos de impostos, nos subsídios aos “empregos jovens”, nos múltiplos programas de apoio para isto e aquilo, no financiamento das autarquias a partir do Orçamento de Estado, na manutenção da RTP em mãos estatais, na forma autoritária e ilegal como o Estado cobra impostos, está “o Estado mais pequeno e a iniciativa privada maior”; o que vejo é uma forma diferente de manter o estatismo habitual. Será sempre possível argumentar que se o Governo não fez diferente foi porque não o deixaram (embora ninguém tenha impedido a privatização da RTP, como ninguém obrigou o Governo a retirar dinheiro a uma parte da sociedade para poupar certas empresas aos custos dos salários de parte dos seus trabalhadores). Mas mesmo a “reforma” da Segurança Social que o Tribunal Constitucional não deixou passar era tudo menos uma “reforma”: mantinha o mesmo sistema Ponzi condenado à falência (e que, caso eu ou o Mário montássemos algo à sua imagem, nos levaria à prisão), apenas pagando menos. Como aliás, fez na Saúde e na Educação: o Estado continua gigantesco, dominando tudo e tudo asfixiando; está é apenas e só mais pobre. O Mário terá razão ao dizer que com o PS haverá mais “despesa” e muito provavelmente, mais dívida. Mas a alternativa que nos é apresentada, infelizmente, não significa o fim do tal “modelo que sempre esteve em vigor”: a “iniciativa privada” continua e continuará “dependente dos trâmites burocráticos”, como continua e continuará a ser “penalizada por uma elevada carga fiscal”. Infelizmente, não consigo concordar com o Mário quanto à existência de duas visões para Portugal. Só consigo ver a clivagem entre duas retóricas com que nos querem convencer de que o nosso futuro não será a desgraça que vai ser.
A realidade é que margem fazer diferente é ínfima.
O PS diz que quer acabar com a austeridade (como se o PSD não quisesse). Só que “acabar com a austeridade” é o SYRIZA, por isso quando lá chegarem não vão fazer metade do que se propõem fazer. Se a coisa apertar, vão cortar tudo a eito como sempre fizeram, dizendo condoidamente que tinha mesmo que ser.
O PSD (ou parte dele) diz que quer um estado mais pequeno, mas tem pavor de cortar onde quer que seja. A única coisa que consegue é, já em emergência, cortar tudo a eito. O que quer que faça, vai ser acusado de cortar por convicção.
Mesmo que se acredite na boa vontade de ambos, o que já é pedir muito, o resultado é substancialmente o mesmo: em dificuldades corta-se a eito, quando há facilidades gasta-se o que se pode (e às vezes o que não se pode) numa fantochada qualquer.
Concordo completamente Bruno.
Discursos ligeiramente diferentes, para apelar a publicos que gostam de ouvir coisas ligeiramente diferentes. Na pratica vão fazer quase o mesmo.
Não houve, nem parece ir haver, nenhuma mudança de sistema. Só houve ficar mais pobre.
“Se votar mudasse alguma coisa ja ha muito havia sido proibido!”
O Bruno Alves não tem experiência para saber que é devagarinho que se vai ao longe. Era esse o caminho que o PSD estava a seguir, como se ia constatando todos os dias, de uma forma tão tranquilizadora, pelos resultados na prática, e que o PS vai destruir de um dia para o outro.
“Discursos ligeiramente diferentes, para apelar a publicos que gostam de ouvir coisas ligeiramente diferentes.”
Ligeiramente?? O discurso de Costa é o discurso do Estado Chulo = rouba aos empresários para ir dar aos funcionários do Estado. É a ligeira diferença que vai custar a vitória ao PSD e o progresso do país.
Tina,
Pela primeira vez em muito tempo, concordarei consigo. Em retrospetiva, mais vale uma caldeirada de Coelho que um mouro na Costa.
Basicamente o que o Bruno Alves diz.
E basta só olhar para a taxa para os artistas ou a taxa dos sacos de plástico.