Um estado falido

Provavelmente sem se aperceber, neste artigo o socialista Pedro Nuno Santos admite que o governo anterior deixou o país num estado de insolvência. Embora as suas preferências para alocar o (pouco) dinheiro disponível fossem diversas admite que as totalidade das obrigações assumidas pelo governo português eram superiores às receitas geradas.

A inconsciência é tal que é citado na integra pelo clube de fans de José Sócrates.

15 pensamentos sobre “Um estado falido

  1. ZDF

    qual o motivo para só cumprir as exigências externas, sejam elas quais forem e seja nas condições que os credores externos quiserem?

    porque não se faz um acordo com os 2 tipos de credores cortando aos 2 lados?

    Porque é a idiologia a funcionar.

  2. Miguel Noronha

    Porque se cortar no financiamento externo fica limitado ao que conseguir obter com as receitas dos impostos. Em vez de estarmos agora a discutir se o défice vai ser 2.5 ou 2.7% já sabiamos de antemão que ia ser zero. Desde 2011. E pouco interessavam as previsões de receitas e despesas e as resoluções do TC. Quando acabasse o dinheiro não se pagava, simplesmente.

    Para além disso o governo já conseguiu uma redução dos juros da “troika” e através de várias operações do IGTCP conseguiu reduzir juros e alongar maturidades. Isto também é “reestruturação”.

  3. Pedro S

    “qual o motivo para só cumprir as exigências externas, sejam elas quais forem e seja nas condições que os credores externos quiserem?”

    Porque a existência de défices crónicos num país sem crescimento económico implica pedir continuamente dinheiro emprestado a credores (que só podem ser externos devido à falta de capital interno). Se o défice fosse zero durante uns aninhos seguidos o Estado poderia baldar-se ao pagamento sem consequências eonómicas. Mas enquanto estiver necessitado de pedir dinheiro para pagar as contas internas, está sujeito aos credores.

  4. Miguel Noronha

    E convém ter em conta o efeito de recusarmos o pagamento da dívida no sistema bancário, na segurança social, etc

  5. ZDF

    mas o interesse é pagar até à última prestação ou é morrer antes de pagar a 6ª prestação de 20? Este acordo de pagamento é exequível?

    Não há nenhum país europeu sem défice. Fora da europa há uns quantos, nos BRICS.

  6. Alexandre Carvalho da Silveira

    Um comentador anónimo ao artigo na caixa de comentários do próprio jornal diz tudo, para quem quiser entender, e cito: “para quem não sabe fazer contas, pagar 3% sobre 200000 milhões é o mesmo do que pagar 6% sobre 100000 milhões”. Mas esse comentador é óptimista, porque com um haircut de 50% sobre a divida o país correria o risco de ficar a pagar mais do que paga actualmente relativamente à divida existente, mas com a agravante de passar a ter muito mais dificuldades em se financiar, e com juros muito mais altos.
    A esquizofrenia é tal, que os que defendem mais défice, e portanto mais divida, são os que defendem a reestruturação da divida. E os que emprestam o dinheiro são todos parvos, acham eles.

  7. antonio

    A proposta de Orçamento do Estado para 2015 (OE15) prevê que uma despesa de 765,9 milhões de euros em “estudos, pareceres e outros trabalhos especializados” no próximo ano, valor que representa uma subida de 32% face à projecção de gastos nesta rubrica para este ano (580,7 milhões) e mais 82% que em 2013 (421,5 milhões). Esta é a rubrica que mais inflacciona os consumos intermédios da Administração Central que em 2015 vão exigir 1,3 mil milhões, contra os mil milhões deste ano e os 799 milhões de 2013.

    “A despesa orçamentada para 2015 em estudos, pareceres, e outros trabalhos, bem como tecnologias de informação é superior ao orçamentado inicialmente para 2014″, salienta a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), no parecer provisório à proposta de OE, revelando que o valor orçamentado para estas rubricas, incluindo as novas Entidades Públicas Reclassificadas, atinge 1 310 milhões”.

  8. ZDF,

    O mal dos outros não me cura a maleita. O problema do défice crónico português é de Portugal, e as dores de cabeça são sentidas por cá.

    António,

    «A proposta de Orçamento do Estado para 2015 (OE15) prevê que uma despesa de 765,9 milhões de euros em “estudos, pareceres e outros trabalhos especializados”»

    É a verdadeira redistribuição da colecta estatal. O Estado a dar dinheiro aos compinchas. É necessário comprar lealdades e manter clientelas.

    Ou isso ou os desfuncionais públicos são tão beras que não podem assegurar eles mesmos os “estudos, pareceres e outros trabalhos especializados”, pensando estarem a receber ordenado como se o fossem.

    Um uma mistura das duas razões. Sem que nenhuma prevaleça sobre a outra.

  9. Carlos Duarte

    Caro Miguel Noronha,

    Mas isso já não tinha sido (explicitamente, até!) admitido com o pedido de assistência à “Troika”? Se pedimos dinheiro, é porque não o temos (e temos necessidade de o ter).

  10. Miguel Noronha

    “Mas isso já não tinha sido (explicitamente, até!) admitido com o pedido de assistência à “Troika”? Se pedimos dinheiro, é porque não o temos (e temos necessidade de o ter).”

    Claro que tinha. Vá ler o que eles escrevera depois. Inventaram uma “narrativa” muitissimo interessante.

  11. rrocha

    deixo aqui alguns dados e datas para ficar a marinar na cabeça dos leitores
    (dados da pordata)
    ano divida publica %
    1995 59%
    2000 50%
    2003 59%
    2008 71%
    2009 83% +12
    2010 94% +11
    2011 108% +14
    2012 124% +16
    2013 129% +5
    2014 ?% +?

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