Vigaristas, aldrabões e ladrões. É isto a banca indígena

palhaços

Por razões que nem eu sei explicar, o extracto do cartão de crédito (AmEx emitido pelo BCP) de um familiar já idoso vem ter à minha morada há uns 7 anos ou mais. Nunca tinha aberto o envelope porque não me dizia respeito e não me parecia de bom tom. Entregava-o à pessoa que se limitava a lê-lo na diagonal e a mandá-lo para o lixo. Até que.

Hoje abri sem reparar o tal envelope e li o extracto. Assim de repente e conhecendo a capacidade económica da pessoa estranhei a cobrança de juros. Já que não há razão nenhuma para que não pague na íntegra o saldo do cartão mensalmente sem juros. Andei ali às voltas e de repente… “Opção de Pagamento” – 5%!! Ora anda esta pessoa a utilizar o cartão entre 100€ e 200€ por mês e a pagar apenas 5% do saldo do mesmo, há anos!! Isto sem necessidade nenhuma.

Sendo certo que a responsabilidade primeira é do utilizador, para que merda serve o pomposamente chamado Gestor de Conta do BCP? Quem tomou a opção pelo pagamento mensal de 5% do saldo? O depositante não foi de certeza. E o anormal do gestor de conta (ainda não sei o nome nem a agência, vou saber e publico-o) sabe perfeitamente que todos os meses existe saldo à ordem mais que suficiente e a sobrar largo para pagar o que é utilizado no cartão. Tresanda a filha da putice do próprio Banco, não acredito que a pessoa tenha há uns 7 anos escolhido 5% como Opção de Pagamento. É daquelas merdas em que os Bancos indígenas são pródigos, espetam com um truque e ficam à espera que a D. Inércia não repare. Se reparar corrigem e tal e coiso, se não reparar é isto. Anos de juros e uma dívida acumulada brutal. Ah pois. É imaginar em quanto já vai. Talvez quando começarem a levar no focinho aprendam a não aldrabar as pessoas.

Há mais de 20 anos que tenho as contas no BCP, deixa ver como resolvem isto, pode ser que percam (mais) uns três clientes.

 

26 pensamentos sobre “Vigaristas, aldrabões e ladrões. É isto a banca indígena

  1. O melhor mesmo é conseguir exportar capital, como fazem os ricos, mesmo ricos. Nada em seu nome, nem uma contita num dos bancos perto de si….

  2. tina

    Desculpe Helder, mas está a ser muito inocente se só agora reparou nas tramóias todas que os nossos próprios bancos nos preparam. O gestor de conta é só uma figura de estilo.

  3. Euro2cent

    > para que merda serve o pomposamente chamado Gestor de Conta

    O gestor de conta trabalha para o banco, não para o cliente. Serve para ajudar a esfolar o pato.

    > conseguir exportar capital, como fazem os ricos

    Convém ser mesmo rico. As tropelias que os bancos americanos fazem aos pobres com os “late fees” são de chorar – são capazes de reordenar transacções feitas no mesmo dia, de modo que o depósito feito antes só apareça depois das despesas, com a conta a descoberto pelo meio.

    A propósito, sem dar cavaco aos utentes, a beata CGD já começou este ano a cobrar 50 cêntimos por transferência na internet e o Banif um pouco mais. (Nas máquinas MB ainda não se paga, devem precisar de mexer nalgum acordo mais dificil.)

  4. Carlos C.

    A Banca não merece confiança. Lembram-se, por exemplo, aqui há uns anos quando decidiram cobrar um seguro de conta sem autorização do cliente? Foi tal o escândalo que tiveram que recuar, mas a massa que recolheram já não devolveram. Agora os tais “gestores” passam a vida a chatear com “aplicações excelentes” que, vai-se a ver, não têm garantia do Banco. Não haverá um “provedor do cliente” ou tribunal de fácil acesso e expedito (tipo julgados de paz) que se encarregue de resolver estes casos?

  5. tina

    “A Banca não merece confiança.”

    Concordo. A banca é como um amigo interesseiro, que só nos trata bem quando tem a ganhar com isso.

  6. qqq

    Outra coisa que há que ter cuidado com idosos é ver que tipo de produtos de poupança lhes impingem. Aqui há uns anos dei com a minha mãe já com 80 anos a ser proprietária de alguns produtos de risco.

  7. dervich

    Toda a gente tem o seu momento de iluminação em relação ao “sector empresarial português”, por ex., Pires de Lima disse há poucos dias que o BES e a PT “não representavam o tecido empresarial português”…

    Para mim, e em relação ao BCP, o meu apareceu há cerca de uns 25 anos:

    O banco não empregava mulheres (sabemos agora que era para poupá-las a 12 hrs de trabalho diário) e decidiu transfigurar-se (travestir-se) numa espécie de “banco para pobres”, chamado “Nova Rede”, que sorteava entre os clientes Renaults Clio, enquanto as agências de investimento mantiveram o nome original e sorteavam Rolls Royces…

    Mais tarde, como se tivesse vergonha do seu próprio nome, passou a chamar-se “Millenium”, tomou uma medida de gestão “notável” comprando o BPSM e passando a ter 3 agências em cada aldeia deste país… enfim, está tudo dito (se não quisermos entrar em detalhes sobre Jardim Gonçalves, Teixeira Pinto, Filipe Pinhal, etc)….mas há gente (mesmo aqui no blog) que pensa que um conjunto de detalhes não faz um detalhe muito grande.

    P.S: Nunca tive conta nem qualquer espécie de relação com o BCP, nem quero.

  8. Luis Marques

    Vai morrer longe derviche, a Nova Rede foi uma lufada de ar fresco nas crisálidas nacionalizadas.

  9. Ze das Iscas

    A generalizacao é algo que está na moda. É o mesmo que eu dizer que os funcionarios publicos sao todos uns preguiçosos, os professores nem sabem escrever, os advogados uns aldraboes ou os taxistas uns mal educados.
    Mas se o autor do artigo acha que os bancos e os seus funcionarios sao tudo aquilo de que os adjectiva tem o bom remedio de emprestar dinheiro a todos os seus familiares para eles nao terem que o pedir ao banco e pode fechar todas as suas contas bancarias, comprar um cofre e guardar o dinheiro em casa.
    Declaracao de Interesses – trabalho na banca há 20 anos, ja conheci muitos idiotas mal formados (curiosamente tanto do lado do banco como do lado dos clientes) mas felizmente conheci muito mais gente honesta, integra e trabalhadora. Também ha muitos idiotas que escrevem em blogues o que nao quer dizer que todos os que escrevem em blogues sao idiotas

  10. Gil,

    Os capitalistas que temos andam a pagar via impostos os desfuncionais públicos que temos, nos vários escalões da adburristração do Estado.

    Os compinho-craputalistas que temos é que estão a arranjar modos de viver à custa dos outros, seja a cortar fatias do dinheiro que os capitalistas pagam ou a evitar que alguns capitalistas que com eles iriam concorrer, beneficiando os portugueses, venham a ver a luz do dia.

    O nosso problema económico não se deve ao mercado livre, mas à falta dele. E não se resolvem problemas de falta de salsichas mandando matar os porcos que restam.

  11. JP

    E continuam a cobrar despesas de manutenção de contas bancárias de 60 euros a quem tem menos de 1000, num dos bancos, certamente à revelia da constituição, que para estes casos não serve. É engraçado não é? o Banco de Portugal ainda não deu por nada, nem a Provedoria de Justiça, nem os grupos parlamentares, nem ninguém. Nem sequer o Tribunal Constitucional. Certamente, só um regime semi-siciliano o explica.

  12. Dervich,

    Obrigado por suportar os meus argumentos.

    O Estado gere muito bem aquilo em que toca, não gere?

    [Fôssemos nós todos Estado e andávamos a dar loas ao Pai Jerónimo, a Luz da Terra que nos envia um bocadinho de pão duro para irmos roendo ao fim do dia. E ai de quem não jurasse graças e levantassse fanais.

    A alosna dos nossos estatistas faz do ridículo bom senso.]

  13. JP,

    «Certamente, só um regime semi-siciliano o explica.»

    Semi-siciliano, concordo, porque os sicilianos ainda têm muito a aprender com os portugueses. Com alguma desistência e muito abandalho chegarão .

    [Aqui não é preciso Salgado ou Isaltino ou Felgueiras ou Aprígio ou Coelho ou Sócrates matar Falcone nem Borsellino nenhum.]

  14. dervich

    Francisco,

    É muito conveniente, mas você não tinha dito

    “os capitalistas que temos andam a pagar via impostos as empresas do estado mal geridas”,

    você tinha dito, isso sim,

    “Os capitalistas que temos andam a pagar via impostos os desfuncionais públicos que temos”

    Presumo (sem me espantar) que, para si, uma empresa bem gerida é aquela que (apenas) reduz funcionários ou despesas com salários de funcionários.

    No fundo, você lá terá a sua razão porque, vendo bem, as grandes empresas privadas nacionais eram (são) mal geridas (criminalmente geridas) mas pagavam (pagam) bem.

    E sim, (tal como há poucos dias descobriu o Pires de Lima) já sei que eram empresas “minadas pelo estado”, já sei que não vivemos numa economia de “pleno mercado”, já sei que este país não permite “liberdade económica” (aliás, nem a Europa, nem os EUA… só o Bangladesh, creio) mas, sobre isso, já falei noutros comentários.

    Se me pergunta se “o Estado gere muito bem aquilo em que toca”, eu respondo-lhe que é frequente isso não suceder (ainda para mais quando tudo se faz para que assim seja…), agora penso é que colocar essa pergunta, numa altura destas… enfim, é perder a noção do razoável, mas que mais se pode dizer?!…

  15. Além de aldrabões parece haver também funcionários bancários com sérias falhas de literacia. Claro que os há que não serão nada disso, da minha experiência conheço alguns, poucos, infelizmente.

  16. Dervich,

    «as grandes empresas privadas nacionais eram (são) mal geridas (criminalmente geridas) mas pagavam (pagam) bem.»

    E o que é que eu tenho a ver com isso. São privadas. Pagam quanto quiserem, a quem quiserem, de acordo com a vontade seus dos detentores. Não é comigo. O nome «privado» quer dizer alguma coisa?

    Se acha que elas são mal geridas, crie a sua, e vá geri-la bem. É o melhor que pode fazer por Portugal, e os portugueses agradecem.

    «Presumo (sem me espantar) que, para si, uma empresa bem gerida é aquela que (apenas) reduz funcionários ou despesas com salários de funcionários.»

    Se se pode fazer o mesmo com menos funcionários e não há mercado para expandir, ou o mercado contraiu e precisam de menos funcionários, as empresas devem tomar essas medidas. Se houvesse mercado livre, não faltariam novas empresas para absorver os despedidos. Mas com ASAE, regulações e alvarás a proteger incumbentes, haverá desemprego.

    Digo isto eu, que apenas despedi uma pessoa por roubo. Quando fui demasiado tarde para impedir o despedimento e o encerramento de uma das bases de operações (foi no fim de semana em que cheguei), falei com os concorrentes para absorver os nossos empregados. Fizeram-no. Era em África. Mas a empresa sobreviveu e em pouco tempo voltou aos lucros.

  17. Dervich,

    «Se me pergunta se “o Estado gere muito bem aquilo em que toca”, eu respondo-lhe que é frequente isso não suceder (ainda para mais quando tudo se faz para que assim seja…), agora penso é que colocar essa pergunta, numa altura destas… enfim, é perder a noção do razoável, mas que mais se pode dizer?!…»

    O facto de haver empresas privadas mal geridas muda em alguma coisa o facto de que TODAS as empresas públicas estejam mal geridas? Por mais que tente encontrar (e tentei) não encontrei uma excepção.

    Ou em termos mais coloquiais, se o seu vizinho receber dois tijolos na cabeça e o Dervich reveber apenas um, no cabo de um desmoronamento, o Dervich não vai sentir dor de cabeça?

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