O Portugal de Daniel Oliveira

Daniel Oliveira escreve hoje no Expresso um texto sobre o “Portugal dos tuk-tuks e dos call centers”. Deixei um comentário a esse texto na sua página do Facebook que passo a transcrever:

É interessante que seja o Daniel Oliveira a trazer este assunto quando tem por hábito defender precisamente o tipo de medidas que está na sua origem.
O que é que o Daniel Oliveira defende para combater este “novo Portugal”? Mais qualificação? Já temos bastantes jovens qualificados, estão é em call-centers ou emigraram. Mais despesa pública para criar emprego? Não, porque os empregos de alto valor acrescentado concentrar-se-iam nas exportações que não dependem da despesa pública (até são prejudicadas por ela). Mais investimento do estado em tecnologia? Ainda estamos a pagar pelos desgraçados investimentos passados, PPPs energéticas e outras que iam trazer portugal para o topo da inovação tecnológica.
Não, o que precisamos mesmo é de empresas privadas que se disponibilizem a investir em Portugal. Precisamos de lhes garantir um nível baixo e previsível de impostos. Precisamos de lhes dizer que se tiverem uma conta bancária em Portugal não há ninguém que ache que devem ficam sem um terço desse valor (sim, estou a falar da reestruturação da dívida pública). Precisamos de lhes dar espaço para falhar (sim, serem capazes de contratar e despedir sem terem o sistema judicial à perna) para lhes baixar os custos de arriscar.
Mas isso é tudo o que o Daniel Oliveira não defende. O Portugal dos tuk-tuks e dos Call Centers é o seu Portugal, aquele que você defende todos os dias, caro Daniel Oliveira.

53 pensamentos sobre “O Portugal de Daniel Oliveira

  1. Rinka

    (sim, serem capazes de contratar e despedir sem terem o sistema judicial à perna)

    Quando sr. perder o emprego ai falamos

  2. Carlos Guimarães Pinto

    Eu sou precário desde que comecei a trabalhar. Posso ser despedido com um mês de aviso e sem indemnização. E ainda bem.
    Não deve custar muito a entender que quanto mais fácil for despedir, mas confortáveis estão as empresas para contratar.

  3. k.

    – Sim, precisamos de mais qualificação: Mas de qualificação de qualidade e empregável. Os Licenciados nos call centers não são licenciados em Engenharia.

    – Sim, precisamos de mais despesa pública; Nem toda a despesa pública é igual, Portugal tem cortado os seus niveis de investimento a valores miseráveis, é necessário investir mais, nem que seja para cobrir o défice de procura privada. E se acham que não há dinheiro, expliquem-me porque é que Portugal tem (novamente) uma taxa de juro de mercado baixissima (apesar de orçamentalmente, dificilmente estar numa posição pior)

    – Sim, precisamos de mais investimento em Tecnologia, precisamente porque competimos numa economia global, e precisamente porque temos de inovar. Os Britanicos vão construir o primeiro espaçoporto comercial – ninguem aqui se ri com a ideia.

    Quer que uma empresa invista em Portugal? Fale de custos de contexto (burocracia excessiva e lenta), Justiça ineficaz (impossibilidade de cobranças e enforcement contratual).

    Click to access wp201306.pdf

  4. Rinka

    Eu sou precário desde que comecei a trabalhar. Posso ser despedido com um mês de aviso e sem indemnização. E ainda bem.
    Não deve custar muito a entender que quanto mais fácil for despedir, mas confortáveis estão as empresas para contratar.

    Quando esse dia chegar avise e ai falamos.

    Quanto for mais fácil ter gente qualificada, com segurança para consumir (que leva ao investimento) ai ficam mais confortáveis para contratar.
    Obviamente que falo das empresas boas e úteis e não das que os Liberais defendem que vivem à conta da precariedade que é muito bom, no curto prazo porque poupa nos salários, péssimo no longo prazo porque não atrai consumo e posterior investimento

  5. “Os Britanicos vão construir o primeiro espaçoporto comercial – ninguem aqui se ri com a ideia.” Veja os comentários à respectiva notícia na BBC, Guardian, etc.

  6. Bruno Carrilho

    As pessoas limitadas como o Daniel Oliveira têm uma dificuldade enorme em compreender que as economias não se regem por decreto. Na cabeça delas, basta um governante esclarecido dizer “é para ali, são estas as características que quero” e a coisa acontece. Ou devia acontecer, exactamente como são pormenores que os economistas só não resolvem por má vontade ou corrupção. Mas a falta de imaginação trai-os. Deviam pugnar pela ilegalização da doença ou da morte, isso sim, era ir ao âmago das questões.

  7. lucklucky

    Está aqui a economia dos paraísos socialistas dos Daniel Oliveiras que julgam que decreta riqueza por decreto e ainda com mais intervenção do Governo.

    Bolivia lowers working age to 10 years
    http://www.dw.de/bolivia-lowers-working-age-to-10-years/a-17793155

    Quanto ao delirante K. não sei de raio ele se queixa quando os Portugueses vivem sob Totalitarismo Educativo desde o Estado Novo e continuado pelo 25 de Abril.
    Estes são os brilhantes resultados da Escola Publica.
    E não não é preciso mais engenheiros.
    É preciso é bons engenheiros que é coisa bem diferente.

    O Rinka, como muitos, deve julgar que alguém deve ser obrigado a dar emprego a outrem.
    Não admira assim que os empregos se tornem raros. Estão a fazer o mesmo que fizeram ás crianças dão tanto tanto valor que a raridade é norma.

  8. lucklucky

    Quando quem se mexe, quem puxa quem quer avançar, quedesenvolver coisas novas é atacado por todos os lados pelos Conservador Rinkas, os Daniéis, os Jerónimos, os Balsemões e todo os grupos corporativos não se espere que uma nova cultura se forme.

  9. João Silva

    Em resposta a K.

    Como trabalhador de Call Center, creio que falo com alguma autoridade sobre o tema. Todos nós devemos ter o direito de tirar o que bem entendemos sem termos de nos preocupar se é bom ou não para o país. Olhamos para nós primeiro (e bem), pela nossa felicidade de tirar o curso, e pronto. O problema surge quando ficamos frustrados com essa escolha e culpamos todos menos nós próprios. Eu aceito a minha escolha dum curso em Ciências Sociais e aceito as consequências dela. Tem algum sentido que me revolte contra o Estado por não me dar trabalho? Como disse, precisamos de engenheiros, talvez mas terão de ser as pessoas a escolhe-lo e o Estado apenas de criar condições para que tal aconteça (financiamento publico do ensino é outro tema). Precisamos de qualificação? Culpe as pessoas, quer obriga-las a tirar outros cursos, MBAs, mestrados, doutoramentos? Eu tirei, e a vida (leia-se: eu) é (sou) assim.

    Despesa publica? Em 2013 o stock da dívida directa do Estado era de 204.252,3M€ http://www.pordata.pt/Portugal/Estado+stock+da+divida+directa-988
    que espaço é que é para gastar mais? Se K. vivesse a ganhar 100 e a gastar 1000 durante anos a fio, ia virar-se para si a dada altura e dizer “preciso de investir mais”? ou pagar o que deve antes que fique sem teto? É que lá porque os juros são baixos não deixam de ser juros e alguém irá ter de os pagar…

    Tecnologia? Bom, acho que estamos todos a pensar porque raio precisávamos de tantos postos de abastecimento de carros elétricos em 2009/2011. Eu vou responder aliás desta maneira: existe um programa na SIC Radical chamado Shark Tank, lá irão ver a diferença entre lançar dinheiro às coisas e investir realmente nas coisas. A Tecnologia não é algo abstrato, é concreto e tudo o que é concreto é equacional, se é bom se é mau, se é rentável se não é. Porque, atenção, estamos a falar do nosso dinheiro. Onde está a rentabilidade no Aeroporto de Beja?

    Investimento, acho que todos que leem este blog já entenderam o pensamento liberal de: poucos impostos, menos Estado, fará apenas bem à Economia.

    Cumps

  10. Rinka

    “O Rinka, como muitos, deve julgar que alguém deve ser obrigado a dar emprego a outrem.”

    De onde tirou isto?

  11. JP Ribeiro

    Este “sistema” mafioso de dependencia do Estado, que agrada aos chulos do estado, aos políticos e demais comentadores (i.e. politicos não-assumidos) da tv, só acabará quando se lhes acabar a mama, quando se lhes acabar a mama, quando se lhes acabar a mama, quando se lhes acabar a mama. Repito: quando se lhes acabar a mama.
    Está quase.
    Ou pelo menos já estivemos mais longe.
    Daqui a meia duzia de anos quando tivermos menos 400.000 a “trabalhar” para o estado, e ninguém se lembrar mais quem foi o Daniel Oliveira, os portugueses vão-se interrogar como foi possível andar a pagar 50% do que se ganhava para se sustentarem aqueles chulos todos.

  12. lucklucky

    “De onde tirou isto?”

    “Quando sr. perder o emprego ai falamos”

    Quem abre uma empresa nao tem direitos a manter emprego.
    É mais fácil um empresário livrar-se da mulher ou do marido do que de um trabalhador.

    O empregadedorismo é um dos grandes problemas do país, todos querem emprego e depois querem atirar fora a chave.

    Esta característica já tinha sido notada curiosamente por Socialistas do Século XIX.
    Claro que o Socialismo era um pouco diferente.

    É só ler:
    A dissolução do regimen capitalista by Teixeira Bastos

    “Todos queriam gosar á larga, todos queriam apparentar aquillo que não eram. Difficilmente cada um se conformava com a sua sorte. Isto até onde se extendia o contagio da corrupção que vinha de cima.
    Assim se explica tambem o desenvolvimento da emprêgo-mania. As artes e os officios, o commercio e a industria, as profissões liberaes viram desertar das suas fileiras muitos dos seus membros que se trabalhassem diligentemente poderiam ser optimos cidadãos, para se virem alistar nos exercitos numerosos do funccionalismo. Á mesa do orçamento procuravam assentar-se todos os que ambicionavam viver regaladamente sem canceiras e sem trabalhos.”

    (…)
    “Já atraz alludimos á emprêgo-mania É com effeito um dos males que affligem as sociedades contemporaneas, e nomeadamente a portugueza. Tem a sua origem immediata na superabundancia de individuos que se dedicam ás profissões liberaes, abandonando as artes e as industrias exercidas por seus paes e avós. Em vez de procurarem na instrucção, nos estudos a que se consagram, elementos salutares e especiaes para desenvolverem e aperfeiçoarem o trabalho manual ou mechanico, aproveitam o saber que adquirem como instrumento para d’elle se tornarem independentes e invadirem de preferencia as posições officiaes. D’esta tendencia cada vez mais manifesta, apesar das difficuldades creadas com as exigencias de propinas, de exames, de concursos, tem resultado o excessivo desenvolvimento do funccionalismo.”

    http://www.gutenberg.org/files/24701/24701-h/24701-h.htm

  13. António

    Todos os modelos económicos falharam (monetarismo,Keynesianismo e NeoKeynesianismo, Etc.) e deixaram a sociedade bastante mal. O Carlos Guimarães Pinto ainda não acordou e pensa que as teorias económicas que defende ainda são as mais válidas mas está a esquecer é que essas teorias têm variáveis muito difíceis de controlar. Eu não sei qual o modelo económico do futuro para alcançar a prosperidade mas sei que não é aquele que defende Carlos Guimarães Pinto. Detesto as posições politicas de Daniel Oliveira mas neste caso ele conseguiu tocar no ponto mais importante que é questionar se o que pretendemos é um Portugal de Tuk-Tuks e call centers ou algo de diferente. Quanto à crónica em si ela é a palha a que Daniel Oliveira já nos habituou, ou seja, a esperança do amanhã que canta.

  14. k.

    “lucklucky em Julho 18, 2014 às 14:44 disse: ”

    Woa, você é que deve ficar feliz da vida – isso é desregulação no seu explendor máximo, a bolivia a render-se à anarquia afegã que você tanto gosta!

    “João Silva em Julho 18, 2014 às 15:24 disse: ”

    Bem, se quer falar de autoridade, tirei uma licenciatura em economia na católica. Sei do que falo – e não sou o único, mas há sempre os soundbytes politicos.. mas a realidade já tratou de demonstrar a “austeridade”.
    Veja as declarações de politicos de “direita”, Portugueses e internacionais e verá muitos a dizer “sim austeridade é bom, mas já agora investir e tal…” isto é, ja são só retórica.
    E francamente, já estou farto desta austeridade por outro prisma: É má para o negócio, e eu quero o meu bónus.

  15. RS

    não entendo o desdém em relaçao ao trabalho desenvolvido em call centers e em que o Carlos acaba por alinhar. Infelizmente é um exemplo recorrente
    Se formos um pais de referencia em call centers, que assim seja!
    Sabe concerteza que há call centers que empregam gente muito qualificada .e que prestam serviço de Help desk de produtos/serviços bastante complexos. Obviamente também há outros em que as funções se resumem a telesales ou telemarketing.
    o exemplo em si mostra uma enorme presunçao, qualificando o são profissões nobres e outras que pelos vistso desprestigiam.

  16. Bruno Carrilho,

    Caro amigo, a economia pode-se reger por decreto. É o que fazem os países socialistas. A riqueza alcançada pela economia gerida metódica e cientfissimamente por decretos partos é que não é grande coisa.

    Isto é, os socialistas têm de me explicar que boa coisa pode advir da pobreza persistente. Eu, confesso a minha limitação!, falho em perceber nisso vantagens. O Bruno, ao que vejo, acompanha-me no cepticismo.

  17. António,

    Se acha que Portugal fica melhor com empresas tecnológicas, levante as suas partes fundas do teclado de computador e lidere o novo movimento de criação de empresas tecnológicas.

    As Finanças agradecem. Eu admirá-lo-ei.

  18. k.,

    Nesta país o Estado não está nem nunca esteve em asteridade. Os cidadãos é que estão em austeridade, para pagar os luxos nada austeros do Estado.

    Ora, se a direita advoga a austeridade do Estado, como por aí andam a propalar, deerei forçosamente concluir que a direita não está presente na governação do Estado. Está quando muito uma «pouco menos esquerda que o normal».

    E o Lucklucky tem razão: é mais fácil tirar o pé de atleta de um membro inferior que um trabalhador incapaz de uma empresa qualquer. Assim, estaremos todos reféns dos trabalhadores incapazes. Ora, como quem manda deve pagar, sugiro que o Estado contrate todos os maus trabalhadores do país e lhes pague ele em vez de as empresas privadas.

    [Gaita!, desconfio que o Estado se antecipou a esta minha sugestão por décadas.]

  19. Gil

    Posso-lhe garantir, Carlos Guimaães Pinto, que os contratos de trabalho e a suposta dificuldade de despedir, nunca assustou nenhum investidor (enfim, talvez alguns patos bravos do tempo da política do betão, mas esses acabavam por declarar falência e reabriam com outro nome). Já a ausência de justiça, a burocracia e, sobretudo, o facto da concorrência estar viciada, assusta não só em Portugal, como em toda a União Europeia. Repare, por exemplo, no que é exigido a um pneu produzidfo em Portugal. Compare com o que é exigido na Índia. A verdade é que ambos concorrem no mercado como se partissem em bases iguais. Não só não partem, como o que os diferencia é crime na Europa.
    Pois é, Carlos Guimarães Pinto. Quem defende a economia de mercado, tem que olhar para estes pormenores, antes de começar a dizer asneiras sobre a globalização.

  20. rmg

    “Bem, se quer falar de autoridade, tirei uma licenciatura em economia na católica”

    Muitos por aqui tirámos dessas e doutras .

    Mas como depois talvez tenhamos feito coisas muito mais importantes e muito mais úteis na vida (também com a ajuda da licenciatura , claro) , não achamos que a tal licenciatura seja “autoridade” nenhuma , licenciados que nunca fizeram mais nada senão invocar o título são aos montes por aí .

  21. Pinto

    Gil, a falar em nome de todos os investidores: “Posso-lhe garantir, Carlos Guimaães Pinto, que os contratos de trabalho e a suposta dificuldade de despedir, nunca assustou nenhum investidor

    Já a ausência de justiça, a burocracia e, sobretudo, o facto da concorrência estar viciada

    Portanto, a inoperância do Estado na execução das suas funções.

    assusta não só em Portugal, como em toda a União Europeia

    Concluindo: a receita é mais Estado.

    Quem defende a economia de mercado, tem que olhar para estes pormenores

    Pois tem. Quem defende e quem não defende. É isso e ser coerente no discurso.

  22. Pinto

    Rinka, eu contrato um trabalhador para a minha empresa e gasto 1500 euros com ele (e ele já não leva muito para casa, tal a carga fiscal). No primeiro ano ele produz o equivalente a 20000 euros. Dividido pelos 12 meses ele produziu 1666 por mês, ou seja deu um lucro de 167 euros mensalmente, de 2000 euros no final do ano. No ano seguinte reparo que começa a desleixar-se produzindo 6000 euros nos primeiros 6 meses, dando-me um prejuízo de 3000 euros. Vou tentarperceber o que se passa e verifico que simplesmente está farto, que tem outra coisa de baixo de olho, que quer sair dali mas não quer ir de mãos vazias.
    Que acha que um empresário exemplar, com consciência social, bondoso, deve fazer nestas circunstâncias e com o quatro legal vigente?

    Outra pergunta: porque é que Portugal e Espanha têm as indemnizações por despedimento mais elevadas e nos países nórdicos nem sequer existe tal indemnização (por favor poupe-me à infantilidade do argumento que os empresários nórdicos são bons e por isso não é necessário e os do sul “muita” maus)?

  23. lucklucky

    “Continuo sem perceber qual a ligação entre a citação que faz e aquilo que me diz…”

    Não é surpreendente, pelos vistos é incapz de perceber o que são incentivos.
    Se o emprego se torna seguro obviamente poucos querem desenvolver, criar.

    As delirantes esquerdistas empresas muita avançadas nunca aparecerão.

    “Woa, você é que deve ficar feliz da vida – isso é desregulação no seu explendor máximo, a bolivia a render-se à anarquia afegã que você tanto gosta!”

    Tinha de vir a habitual demonstração de ignorância. Se eu não posso obrigar alguém a fazer o que eu quero é o contrário de anarquia.

  24. Rinka

    Rinka, eu contrato um trabalhador para a minha empresa e gasto 1500 euros com ele (e ele já não leva muito para casa, tal a carga fiscal). No primeiro ano ele produz o equivalente a 20000 euros. Dividido pelos 12 meses ele produziu 1666 por mês, ou seja deu um lucro de 167 euros mensalmente, de 2000 euros no final do ano. No ano seguinte reparo que começa a desleixar-se produzindo 6000 euros nos primeiros 6 meses, dando-me um prejuízo de 3000 euros. Vou tentarperceber o que se passa e verifico que simplesmente está farto, que tem outra coisa de baixo de olho, que quer sair dali mas não quer ir de mãos vazias.
    Que acha que um empresário exemplar, com consciência social, bondoso, deve fazer nestas circunstâncias e com o quatro legal vigente?

    Rescisão amigável com o trabalhador e ele assim, fica livre para ir trabalhar para outro lado. Já que ele está farto e tem outra coisa debaixo de olho, não verá problemas na rescisão.

    Outra pergunta: porque é que Portugal e Espanha têm as indemnizações por despedimento mais elevadas e nos países nórdicos nem sequer existe tal indemnização (por favor poupe-me à infantilidade do argumento que os empresários nórdicos são bons e por isso não é necessário e os do sul “muita” maus)?

    Para protecção de emprego. Porque, em Portugal (não conheço a realidade espanhola) os empresários acreditam na luta de classes e acham que o trabalhador é um sacana que só o quer lixar. Nesse contexto, tem que haver defesa do trabalhador, por parte do Estado.

    Não é surpreendente, pelos vistos é incapz de perceber o que são incentivos.
    Se o emprego se torna seguro obviamente poucos querem desenvolver, criar.

    As delirantes esquerdistas empresas muita avançadas nunca aparecerão.

    Por essa lógica, no Japão do pós guerra (com os empregos para a vida) nunca teria sido desenvolvida ou criada nenhuma empresa

  25. Pinto

    Rinka, qual foi a parte do “que quer sair dali mas não quer ir de mãos vazias” não percebeu na pergunta? Amigavelmente o trabalhador quer e exige o direito à indemnização e amigavelmente eu ou pago ou não o posso mandar embora. Se pagar o que ele por lei tem direito passa a representar um prejuízo ainda maior para a empresa. Se não pagar não o posso despedir. Mas se ele quiser sair se me dar cavaco pode fazê-lo e não tem de me indemnizar.

    Porque, em Portugal (…) os empresários acreditam na luta de classes e acham que o trabalhador é um sacana que só o quer lixar

    Rinka eu pedi-lhe por favor.
    Já sei, já sei que os empresários portugueses têm as orelhas pontiagudas e os dentes caninos maiores que os outros e afiados. Para este tipo de argumentos falta-me a paciência. Peço desculpa.

  26. Rafael Ortega

    “que tem outra coisa de baixo de olho, que quer sair dali mas não quer ir de mãos vazias.”

    O Rinka esqueceu esta parte da frase. Se o trabalhador não produz e não quer sair a bem faz-se o quê?

    “os empresários acreditam na luta de classes”

    Se têm que ouvir os delírios do Arménio, Carvalho da Silva e companhia limitada, não admira que acabem por acreditar.

  27. Rui

    Rinka
    “Rescisão amigável com o trabalhador e ele assim, fica livre para ir trabalhar para outro lado. Já que ele está farto e tem outra coisa debaixo de olho, não verá problemas na rescisão.”

    Portanto, trabalhador descontente, a produzir menos, a querer ir levar o seu eventual descontentamento para outro lado e a empresa ainda terá que premiá-lo com acordo de rescisão (leia-se uns €€€ no bolso)?!

  28. Gil

    Pinto:
    Não sei qual é a sua área de negócio (se é que é alguma), mas, pelos vistos, o problema de concorrência desleal que lhe dei no exemplo, não lhe interessou. É essa a diferença entre quem está no terreno e quer ver resolvidos os verdadeiros problemas, e quem quer fazer carreira na política. Sabe, por acaso, quantas horas, em média, gasta uma empresa a fazer serviços que deviam ser da exclusiva competência das Finanças? Provavelmente também não lhe interessa. No entanto, só a partir destes casos concretos é que podemos discutir de que Estado precisamos. Claro que você despacha tudo o que se lhe opõe com o papão do “querem mais Estado”. Não assusta. Há sectores em que é preciso mais, outros em que é dispensável. Só uma coisa é certa: é preciso melhor.

  29. Rinka,

    «Para protecção de emprego.» repondendo o Rinka à pertinência das indemnizações por despedimento.

    De que emprego, pergunto eu? Ao que parece as indemnizações mais caras da União não têm potegido emprego nenhum, à vista das taxas de desemprego, cujas curiosamente descem agora em paralelo com a baixa das indemnizações.

    Escolha: quer emprego blindado para uns poucos ou quer emprego para todos?

  30. Gil,

    Façamos uma coisa. Ficamos com pouco estado, poucas regulações, pouca protecção. O Gil cria uma associação e dentro dessa associação o Gil e os seus congéneres quotizam-se, e pagam e gerem autonomamente o que acham que o Estado hoje deve fazer.

    É claro que eu não vou contribuir a ponta de um chavelho para essa sua associação; mas por outro lado dela nada exigirei. Conservarei a minha liberdade e o Gil conseguirá a sua protecção do berço à cova. Destarte, nem eu nem o Gil nos sentiremos violentados nos nossos direitos.

    Mais, o Gil pode nessa sua associação implantar medidas conhecidas do socialismo como mandar para campos de trabalho todas as pessoas com óculos, como o Pol Pot, ou fazer desaparecer as pessoas baixinhas como o Kim Jong Il. Desde que as pessoas em questão pertençam à dita associação e queiram ir para campos de trabalho ou ser mortas pelos cães danados do comunismo.

    Concorda comigo que essa será a melhor solução para ambos?

  31. Pinto

    Gil,
    Sabe, por acaso, quantas horas, em média, gasta uma empresa a fazer serviços que deviam ser da exclusiva competência das Finanças?

    E portanto a culpa é da “economia de mercado”?

    Você nunca conseguirá concorrer com os indianos enquanto o Estado achar por bem retirar a grande fatia daquilo que produz para se sustentar e, pior, criar-lhe burocracias inúteis e dificuldades acrescidas. Isso não é um problema da liberdade dos mercados. É precisamente a falta dela. É o socialismo.

  32. arni

    Será isso Francisco.Também explica a “descida”,o facto de a emigração ter aumentado e de alguns subsidios terem-se esgotado,o que transforma os ativos em inativos(do ponto de vista estatisticos,não em termos de saude),aldrabice estatistica utilizada por todos os governos para enganar as pessoas? Não nos faça de otários por favor..

  33. Gil

    Pinto:
    Você é delirante a encontrar no que os outros escrevem o que lá NÃOestá. Onde é que me viu criticar a economia de mercado? O que disse foi, pelo contrário, que aqueles que pensam como o Pinto não percebem que a concorrência está viciada. Até porque eu não quero concorrer com o que os indianos fazem ( nessa área específica). Quero que eles sigam as regras que são seguidas na UE e que são correctas. Se não seguirem, devem ser taxados ao entrar nos mercados europeus.
    Francisco Colaço:
    O seu exercício está imaginativo. Mas, na realidade, quem se arrisca a destruir o mercado são as suas ideias e não as minhas. Estaremos perante uma conspiração bolchevique de que o Francisco é um agente?

  34. Gil,

    Então o Gil quer que a sua associação de beneficiência seja compulsiva e obrigatória, mesmo para quem não a quer de todo. Quer que a sua concepção de segurança no trabalho assegure que toda uma geração não tenha tabalho. Quer que os indivíduos paguem e paguem até à exulceração completa a sua concepção do Estado paternal e ineludível, pervasivo e incontornável.

    Quer, portanto, que as grandes decisões fiquem nas mãos de uns poucos oligarcas. Espanta alguém que a liderança do PS, tema recorrente nestes dias, seja tão cobiçada, a ponto de se andar à cabeçada por estas, com os requintes de truques sujos e de sabujices bananais?

    Quem é que está a matar o mercado? Eu quero matar o seu mercado, onde o Estado manda, controla e faz ganhar; e ganha quem está perto do Estado, quem controla o Estado e quem ultimamente pode mandar cerzir leis convenientes ao manto diáfano da justiça. Confesso-me por isso um agente libertário, que quer um estado pequeno, de tal forma que os jornais não se tenham de preocupar em encher páginas e páginas do seu papel com as coisas mil do Estado ou a estes associados.

    E o Gil, porque é que me quer prender numa grilheta miserável, fruto último do poder estatal exagerado? Fiz-lhe eu algum mal, ou o Gil é uma má pessoa?

  35. Arni,

    «Também explica a “descida”,o facto de a emigração ter aumentado e de alguns subsidios terem-se esgotado,o que transforma os ativos em inativos(do ponto de vista estatisticos,não em termos de saude),aldrabice estatistica utilizada por todos os governos para enganar as pessoas? Não nos faça de otários por favor.»

    Números. Comoque-os aqui. Eu sei-os, mas tenho a certeza de que o Arni não os conhece. É coisa de quem lida muito com palavras, pronunciando a palavra devagar e pausadamente, olhando para o alto.

    Quanto a fazê-los de Otários, creia que essa não é a minha intenção. Em boa verdade, por mais que queira não o consigo proteger de si próprio.

  36. Gil

    Francisco Miguel Colaço:
    Você vive com a cabeça cheia de fantasmas. Mas, pelo menos, podia ler o que os outros escrevem.

  37. Gil,

    Quem escreveu, referido-se ao Estado «Há sectores em que é preciso mais, outros em que é dispensável.»? Se conhecer essa pessoa, que não tem peias de deze que há áreas em que o Estado ainda tem de penetrar (certamente mais para controlar o modo como urinamos ou os petiscos que comemos), diga-me lá se essa defende o mercado.

    Pois eu acho que há demasiado estado em todas as áreas. O exagero é mais que patente, e não se resolve com estado em área nenhuma. Não se combate um envenenamento com mais veneno.

  38. arni

    Quanto a fazê-los de Otários, creia que essa não é a minha intenção. Em boa verdade, por mais que queira não o consigo proteger de si próprio.”
    registo a sua boa educação e elevado nivel de debate Francisco,os meus parabéns,
    E o Francisco conhece os seus núumeros por acaso? Só para ver se está a exigir dos outros o que você próprio eventualmente não consegue.O Francisco também não colocou aqui os números que sustentam a sua teoria
    Da minha parte,basta ver os números da emigração e a taxa de emprego.É ir ver os dados do Ine.
    E só para ver como sou seu amigo e uma boa pessoa,eu até nem afasto a sua explicação como uma das possiveis causas da descida :).Agora pode também haver outros factores causais 🙂

  39. arni

    E olhe Francisco,que até sou daqueles que acha que este governo não é nada liberal,nem algo que se pareça 🙂

  40. Arni,

    Há outros fatores, com toda a certeza. O governo não é nada liberal, e nisso estamos de acordo. Porém nem a emigração é tão grande com noutras épocas nem a maior parte dos emigrantes passa lá o ano inteiro. Em 2012 e 2013 foram 100 mil a 120 mil pessoas, das quais 2/3 passam menos de 4 meses lá fora. Mais, muitas delas não se deram ao trabalho de ir ao Centro de Emprego para terminar a sua inscrição.

    Muito mais foram os empregos recuperados (criados) que os que emigraram. Apenas em 2013, foram criados 100.000 novos empregos. Tantos quantos os emigrantes totais e três vezes mais do que os emigrantes permanentes. A emigração não explica a baixa da taxa de desemprego (que para mim é um número esfúmeo e irrelevante), mas certamente vem contra a criação de novos empregos, esse sim, bem documentado e concreto.

    Aliás, se quiser confirmar, tem nos primeiros seis meses do ano um saldo migratório de pouco mais de 15,000 pessoas (sim, quinze mil, não cento e cinquenta mil!) e um saldo natural negativo de dez mil pessoas (mais ou menos quarenta em cinco mil nascimentos para cinquenta e cinco mil falecimentos). Ponha tudo em contexto e terá Portugal a perder pouco mais de cinquenta mil pessoas por ano: trinta mil por emigração permanente e vinte a trinta mil por saldo natural.

    A regressão da taxa de desemprego é muito elevada e não é explicada nem pela emigração nem pelas normais teorias da escarralhada geral. Há uma nova recuperação em Portugal, e apenas o tamanho descomunal do Estado a tolhe e a poderá inviabilizar.

    O Estado não é parte da solução. O estado É O PROBLEMA.

  41. arni

    Se calha não atinge a proporção dos anos 60,mas acredite que a emigração tem sido muito mais elevada do que nos restantes 40 anos de democracia.Como lhe disse,pode não explicar toda a descida,mas é um fator relevante sem dúvida nenhuma.
    E quanto ao crescimento,enfim..os dados económicos de 2014 não têm sido propriamente benévolos.
    PS: O estado pode ser o problema,mas a verdade é que muitas empresas,em especial a banca,é a ele que recorrem quando estão em dificuldades.E há muitos defensores do liberalismo que depois na prática beneficiam.se do estado

  42. Arni,

    «O estado pode ser o problema,mas a verdade é que muitas empresas,em especial a banca,é a ele que recorrem quando estão em dificuldades.»

    Está a ver precisamente onde está o problema? Se o Estado não fosse tão pervasivo e tão monstruoso ninguém lhe andava a bater à porta.

  43. arni

    Se fosse uma coisa monstruosa ninguém lhe batia á porta.Francisco.Ou pelo menos o monstruoso não tem um significado negativo para elas
    Eu nese aspecto sou muito franco: nem tenho a adoração que alguma esquerda tem pelo Estado,fazendio dele o alfa e o omega da economia,nem sinto o nojo que alguns liberais/libertários têm por ele.
    As pessoas nãpoo percebem que a realidade é multicolor,não se resume ao preto e branco

  44. Arni,

    Eu quero estado para as cinco funções que considero inalienáveis (legislação, administração da justiça, defesa externa, negócios estrangeiros e administração da coisa pública). Eu vejo com bons olhos que se cobrem impostos para CUSTEAR educação universal (sem que o Estado tenha escolas nem se provejam serviços e se delegue nas confederações patronais e nos sindicatos de tudo menos de professores os curricula e a supervisão escolar). Não me choca que seis milhões de euros de impostos sejam cobrados para cuidados de saúde.

    Aborreço-me com políticas assistencialistas e paternalistas. A assistência aos pobres deve estar a cargo de outrem que não o Estado. Quando as pessoas deixarem de ter direitões, irão andar direitinhas, levantar o rabo e trabalhar. E aqueles que não o podem realmente fazer, uma fracção pequena dos que recebem hoje direitões para não andarem direitinhos, esses sempre terão assistência. Nunca negue o voluntarismo humano. Há muito boas pessoas no Mundo. Aliás, quem me nega isso diz mais sobre si próprio do que pensa, ao projectar o seu próprio egoísmo e avareza e fideputice nos outros.

  45. arni

    Estamos próximos Francisco,garanto-lhe(embora essa ideia dos povos mandriões é um pouco conversa de taberna e de táxi,na minha perspectiva é falsa).Mas isto foi só um aparte.
    O que eu disse foi que,as medidas do governo podem tewr algum efeito positivo,mas continua a praticar-se a limpeza de cadernos de população.Sempre houve,e sempre haverá

  46. Arni,

    Os números de desemprego não me dizem pêvea. Os números de emprego são outra coisa particularmente diferente. Os números de desemprego esbarram na arbatrariedade do que é ser desempregado. Os números de emprego são concretos, mensuráveis. E há criação de empregos em Portugal.

    Diga-se que numa conjuntura como esta, em que tudo o que é mau se nos coloca sobre a cabeça (tamanho descomunal do Estado, dívida pública, corporações, PPP a entrar em pagamento, declínio populacional, principais parceiros também periclitantes, dívidas e buracos descobertos quase todos os dias, impostos de grilhéus, caça à multa, incerteza quanto a guerra) crescer como, apesar de anemicamente, termos crescido, é obra! Mas não é obra do Estado, e desiludam-se os que querem pensar assim.

  47. Arni,

    A minha mulher é técnica superior de serviço social, mas trabalha no privado. Sobre pessoas que acham que «querem descansar», que acham que a sociedade lhes deve algo e que acham que o trabalho é para os outros e que eles têm direitinhos, direitos e direitões, ouço o suficiente, e talvez mais do que deveria.

    A minha esposa não é taxista.

  48. arni

    Francisco,é verdade,apesar da politica económica do governo que prejudica o crescimento,ele tem existdo.
    O Francisco comnhece uma técnica.Eu conheço muitas técnicas,que dizem o contrário da sua mulher e eu próprio em atividade profissional tive oportunidade de testar essa teoria.E o teste deu negativo :).Portanto o que diz a sua estimada esposa é algo estrictamente subjetivo.E não é preciso não ter formação na área para não ter a opinião a um nivel de um taxista :).

  49. Arni,

    Este foi o governo que menos mal fez à economia. E se fez menos mal não é porque não o quis fazer, mas porque não o pôde fazer, o que é completamente diferente.

    Infelizmente, várias técnicas por cá dizem o mesmo. Talvez seja da zona.

    Talvez em Lisboa as pessoas sejam mais trabalhadoras e não andem quinhentos mil a chular os impostos nacionais em emperregos de sequerretárria mentisterial na disfunção pública.

  50. arni

    Menos? Meu caro Francisco,só para efeitos de humor pode-se acreditar nessa premissa.Nãon só isso não é de forma nenhuma verdade,como a sua politica baseada quase exclusivamente em aumento da carga fiscal permitiria outro cenário.Inclusive,o governo de Sócrates foi em algumas matérias bem mais liberal do que este governo.
    As técnicas que conheço também trabalham no privado :).Se calhar até é assim em Lisboa,mas eu não sou de Lisboa Francisco,só sei de como é na minha terra.Excelente remate ,mas foi ao lado 🙂

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