Da um caso em que se merece uma cobertura de alcatrão e penas

Também venho aqui opinar sobre a gente maravilhosa e, sobretudo, liberal, a propósito das medidas verdes que o ministério do ambiente quer implementar. Em boa verdade nem vale a pena gozar com isto do ‘liberal’, porque Moreira da Silva era aquele senhor que nos congressos do PSD reagia indignado face às maldosas acusações ao PSD de que este seria um ‘partido liberal’ e, além disso, Moreira da Silva tem escrito na testa ‘sou um socialista retinto’ e só ainda não tinha reparado quem esteve muito distraído.

Não vale a pena gozar mais com esta gente, porque o José Meireles Graça já a cobriu do que merece: de ridículo (em dois takes). E os Andrés também já disseram coisas pertinentes.

Venho, por isso, apenas aludir aqui à dimensão da loucura desta gente que nos governa. E pego nos sacos de plástico e na taxa proposta de 0,10€ para cada saco.

Na minha empresa durante muito tempo comprámos sacos iguais àqueles usados nos supermercados à razão de centenas de milhar por ano. O custo dos sacos andava à volta de 1$00 – meio cêntimo de euro. Isto era o preço de venda das empresas que produzem estes produtos. O custo com cada saco era, evidentemente, inferior. Os supermercados – pequenos ou grandes – comprarão uma quantidade bastante maior em cada ano e este é o tipo de produto que o aumento da quantidade embaratece o custo individual. Assim, mesmo aceitando que preço destes sacos de supermercado aumentou consideravelmente (não faço ideia se foi assim), por cada saco as empresas de distribuição não pagarão mais de 1 cêntimo por saco. Again: o custo dos sacos para as empresas produtoras – e este custo evidentemente incorpora a quantidade de matérias primas usada na produção – será ainda inferior.

As empresas que cobram aos clientes cada saco costumam vendê-los por 5 cêntimos – o que é uma roubalheira mas só compra quem quer – e as outras que não cobram diretamente pelos sacos evidentemente incorporam esse custo no preço daquilo que vendem.

Como o estado – que de facto tem em Moreira da Silva um digno representante – nunca tem vergonha de ir além daquilo que é uma roubalheira nas empresas privadas, propõe uma taxa de 10 cêntimos para cada saco de plástico. Sim: temos um governo que propõe uma taxa sobre um produto que é mais de dez vezes o custo desse produto. Custo esse que, repito, inclui a porção de recursos usados na sua produção.

Além de só gente doida varrida propor uma taxa que é várias vezes o preço do produto taxado, há que ter em consideração que os sacos de supermercado são geralmente reutilizados como sacos para o caixote do lixo. (Eu, durante anos, usei-os também para vedar cheiros das fraldas das minhas crianças.) Pelo que se os consumidores deixassem de trazer sacos do supermercado, iriam comprar o mesmo número de sacos para colocar nos caixotes do lixo ou para fraldas ou para outra coisa qualquer, gastando-se assim o mesmo número de sacos e de matérias primas usadas para produzir sacos. A diferença é que os consumidores teriam de gastar mais dinheiro em sacos.

Por isso o estatista Moreira da Silva que não pretenda com esta medida qualquer benesse ambiental. Quer, como sempre, desviar custos dos consumidores para o estado. Resta-nos a esperança de que o CDS honre o voto de muitos, inviabilize estas maluquices ambientais e faça Moreira da Silva perceber que o melhor outlet para as suas ambições de justiceiro ambiental é criar num canto de sua casa um altar para rezar a Al Gore.

 

41 pensamentos sobre “Da um caso em que se merece uma cobertura de alcatrão e penas

  1. Joaquim Amado Lopes

    Se não primam pela competência nem pela inteligência, os governantes dedicam o seu tempo a fingir que tentam fazer alguma coisa (aka “mostrar serviço”). Moreira da Silva está mesmo a fazer alguma coisa e, inevitavelmente, só pode dar m****.

    Quanto a o CDS “inviabilizar estas maluquices ambientais”, essa é uma esperança vã. É que esta “medida” é precisamente o que se esperaria de um ministro do CDS.

  2. lucklucky

    Se os jornais existem têm bias afavor da política não se pode esperar outra coisa. O jornalismo por natureza ao ser político favorece o estatismo.

  3. Maria João Marques

    Sim, a mania dos ministros ‘deixarem obra’ – e de isso ser elogiado pela comunicação social – é um dos maiores dramas do país. À conta disso, inventam, intervêm, estragam.

  4. Jose

    Mas o Moreira da Silva e a comissão a que preside o Vasconcellos têm mais treta na manga! Que ambiente de m**** que estes ambientalistas nos arranjam

  5. jo

    Está a ver tudo ao contrário.
    É o baixo custo dos sacos que leva a que eles sejam produzidos em excesso o que é nocivo para o ambiente, e quem paga os custos no ambiente somos todos nós.
    Diz que a sua empresa comprava centenas de milhares de sacos por ano e nem se pode considerar uma grande consumidora. Mas todos os sacos são reutilizados como sacos do lixo e sacos para as fraldas, temos então centenas de milhões de sacos de lixo e de fraldas por ano – as contas não batem certo. Tem a certeza que não coloca sacos vazios dentro do saco do lixo?
    A relação entre taxas e custos do produto não faz sentido neste caso. As taxas são para desencorajar o uso do produto. Qual era a lógica de uma taxa de 0,005 €? Como se cobrava?
    Há concerteza boas razões para não lançar um novo imposto mas não são as que enuncia.

  6. Daniel Ferreira

    Uma pequena correção:

    “Pelo que se os consumidores deixassem de trazer sacos do supermercado, iriam comprar o mesmo número de sacos para colocar nos caixotes do lixo ou para fraldas ou para outra coisa qualquer, gastando-se assim o mesmo número de sacos e de matérias primas usadas para produzir sacos. A diferença é que os consumidores teriam de gastar mais dinheiro em sacos.”

    os consumidores não gastam mais

    Fazendo as contas, até compensa para o consumidor comprar rolos de sacos de lixo:

    um rolo de 20 sacos em média (na marca branca andam nos 0.80€) custa 1€, o que sai a : 0.05€ por saco. o Pingo doce cobra actualmente 0.02€ por saco compras, pelo que para os mesmos 20 sacos teria de gastar 0.40€. Mas estes levam metade (no máximo) do volume, pelo que duplicando o nº de sacos necessário, preciso de 40 sacos compras para equivaler em volume ao rolo de 20 sacos lixo, pelos mesmos 0.80€.
    Os sacos a custarem 0.10€ por saco, para 20 sacos são 2€. O rolo de lixo custa metade. E têm o dobro do volume.

    Aqui, só perdem os produtores de sacos de compras e ganham os produtores de sacos de lixo.

    Vê-se que Moreira da Silva não faz as suas próprias compras.

    Pessoalmente, não me incomoda a medida, pois como disse Jo às 23.26, a medida viza desincentivar a sobre-produção deste tipo de saco. É uma questão de hábito e alteração de rotinas.

  7. Maria João Marques

    Não, jo, V. é que não está a ver bem. O baixo custo do produto significa que cada produto usa uma pequeníssima porção de recursos para produzir, o que faz questionar quão nocivos são para o ambiente. A questão de serem produzidos ‘em excesso’ é determinada por quem? Vamos mandar um fax a Deus a perguntar quantos sacos devem ser produzidos para saber se estamos em excesso? É por haver gente a ‘saber’ o que é produzido em excesso e em defeito que temos o país de loucos que temos.

    (Quanto ao lixo e às fraldas, não deve ter casa nem filhos.) (Também ninguém imaginava que a taxa era para desincentivar o uso. Que surpresa.)

  8. “O baixo custo do produto significa que cada produto usa uma pequeníssima porção de recursos para produzir, o que faz questionar quão nocivos são para o ambiente. ”

    O problema ambiental dos sacos de plástico não tem a ver com a quantidade de recursos utilizados para os produzir (se fosse por aí não havia problema nenhum, porque esses custos já estão incorporados no preço, logo não há nenhuma externalidade por aí), tem a ver com os recursos que são necessários para os destruir.

    Dito isso, no meu caso realmente uso todos os sacos de plástico que trago do supermercado como sacos do lixo, logo por aí não há mais sacos para destruir dos que haveria se eu for às comprar com um saco de serrapilheira, mas não sei se posso generalizar do meu caso para a sociedade em geral.

  9. Maria João Marques

    Daniel Ferreira, não tem qualquer lógica a sua conta. Um saco do lixo não se usa até estar com capacidade completa. Um saco do lixo usa-se um por dia, independentemente de estar cheio ou não, por questões de higiene dentro de casa. Por outro lado, há caixotes do lixo de 12 litros, de 6 litros, de 20 litros, … Se se tem caixotes do lixo pequenos (por exemplo na casa de banho, ou mesmo os de cozinha que já vêm encastrados e que não chegam aos 20 litros) não se vai lá colocar um saco do lixo de 50 litros. Irrita-me estas mania de argumentar fazendo contas simplistas.

    Quanto ao preço dos sacos no Pingo Doce, agradeço a correção. Acho que usei o preço dos sacos do Toys’r’us 🙂

    Miguel Madeira, não vejo bem essa dificuldade para destruir os sacos. Os sacos são de plástico, que se pode reciclar (aliás, estes próprios sacos são muitas vezes de plástico reciclado). E um dos grandes negócios destes dias é exportar plástico usado para a China para que estes produzam produtos de plástico reciclado (que depois exportam para cá). A China, curiosamente, está muito dependente do plástico que americanos e europeus colocam para reciclar. São grandes importadores disso.

  10. Maria João Marques

    Ou seja: os sacos até podem ser bons para equilibrar as contas externas 🙂 Não me tinha lembrado dessa.

  11. lucklucky

    “É o baixo custo dos sacos que leva a que eles sejam produzidos em excesso o que é nocivo para o ambiente, e quem paga os custos no ambiente somos todos nós.”

    Tudo falso. Os sacos são essenciais para a higiene. Para os portugueses colocarem o lixo, além disso poupa-se muita água por existirem sacos de plástico.
    Eu tal como o Miguel Madeira uso os sacos de plástico para colocar lixo.

    Segundo e mais importante que tudo o Estado não tem nada que se meter na quantidade de sacos em existência.
    Isto é só mais um passo no caminho para o Totalitarismo

  12. Luís Lavoura

    Não há absolutamente nada de irracional em a taxa ambiental sobre um produto ser superior ao custo desse produto. Porque o custo do produto refere-se ao custo dos metariais que ele incorpora, enquanto que a taxa ambiental se refere aos custos da eliminação desse produto e aos custos ambientais dele.
    A título de exemplo extremo, a cocaína é relativamente barata de produzir, mas isso não implica que deva ser vendida muito barata.
    Já agora, para informação da Maria João, qualquer aguardente em Portugal paga um imposto muito superior ao seu custo de produção. Por exemplo, a adega vende a aguardente a 3 euros mas ela paga de imposto 8 euros e é portanto vendida a 11.

  13. Curioso, faz nem um mês que deixei de usar sacos pretos especiais para cães para apanhar os presentes da minha cadela na rua. Os sacos especiais são bastante mais grossos, resistentes e, como tal, mais caros (logo, mais poluentes). Passei a usar os sacos do supermercado, decisão tomada após a constatação que tinha uma cadela e não um touro. Servem perfeitamente para o efeito, que acumula com o de sacos do lixo. Se a nova proposta passar, posso ser eco-friendly e deixar os subprodutos no passeio, para deleite de todos.

  14. Luís Lavoura

    A Maria João tem uma boa solução para a taxa sobre os sacos: compra sacos de plástico para lixo – os quais não pagam taxa e vão passar a ser mais baratos do que os outros – usa-os para trazer as compras do supermercado e depois usa-os para o lixo. Dessa forma evita pagar taxa.

  15. Luís Lavoura

    Mário Amorim Lopes,
    creio que para a caca do cão não precisa de sacos de supermercado, que são grandes de mais, basta aqueles sacos pequeninos nos quais se embala a fruta para a pesar.
    Por sinal são esses os sacos que mais abundam em minha casa e que mais me chateiam, porque devido ao seu pequeno tamanho raramente têm alguma utilidade, nem para lixo servem.

  16. Luís Lavoura, já tocou num saco de plástico preto? Eu era capaz de jurar, não sendo especialista no assunto, que usa muito mais recursos na sua produção e é muito mais poluente. Qual é o objectivo mesmo? Proteger a indústria de produção de sacos do lixo? Ou mostrar trabalho?

  17. k.

    “Mário Amorim Lopes em Julho 18, 2014 às 09:38 disse: ”

    Isso dá multa – e porque sou um terrivel xuxalista, por mim até dava prisão; As crianças pequenas não costumam ver muito bem onde andam ~.~

    Relativamente ao post original:
    Isto não tem nada a ver com ambientalismo – o governo precisa de dinheiro e isto é uma desculpa para sacar.
    Se fosse mesmo uma política Ambientalista, simplesmente bania sacos não-reutilizáveis – mas isso seria um detalhe numa Política séria.

  18. k.

    “Mário Amorim Lopes em Julho 18, 2014 às 09:43 disse: ”

    Um saco de plástico “preto” tem duas funções:
    – Indicar que é lixo não reutilizável (Reciclar é um acto de boa cidadania, portanto não entra lixo reciclável num saco preto.. right?), e portanto facilita a sua separação
    – Prevenir que fluidos saiam do saco (dai serem mais grossos e resistentes). Contaminação por liquidos é chata, dado que estes têm tendencia para contaminar o solo.

  19. k., eu ainda vou sabendo para que serve um saco preto. A questão é que a redução dos sacos do supermercado aumentaria consideravelmente os sacos pretos, que são mais poluentes e bem mais nefastos para o ambiente. Mais a mais, o meu caixote do lixo é pequeno, só permite um saco pequeno (que não existe na versão preto). Quanto à contaminação por líquidos, nunca deve ter visto um camião do lixo. Todo o material, incluindo o reciclável, vai para o mesmo sítio onde é posteriormente esmagado.

  20. k.

    “Mário Amorim Lopes em Julho 18, 2014 às 09:56 disse:”

    isso é especulação utilizando a sua experiência pessoal. Eu posso afirmar que não, o uso de sacos pretos ficará praticamente inalterado porque a maioria das pessoas já os usa.

    Relativamente aos recicláveis – esperaria que coloque os seus nos caixotes do lixo apropriados (vidrão, papelão, etc) e não no lixo indiferenciado……..

    Mas a sério, estamos a discutir sacos do lixo? lol

  21. Rogerio Alves

    Gostei da evolução dos comentários, que proporcionou adição de informação adicional sobre a temática. Estou ser sincero, a discussão adicionou informação. E eu até sou muito céptico quanto ao “da discussão nasce a luz”: raramente vejo uma discussão alterar a opinião de cada um. Neste caso, tal pode não ter acontecido, mas foi positiva. Para mim, pelo menos.

  22. A respeito da questão da quantidade de sacos em existência (“A questão de serem produzidos ‘em excesso’ é determinada por quem?”), e de serem muitos ou poucos – se o processo de vida de um saco tem custos (neste caso, os de destruição) que não são incluidos no preço que o consumidor paga, isso quer dizer que irão ser consumidos mais sacos dos que deveriam (mais exatamente, o custo marginal de cada saco – incluido os de produção e destruição – irá ser superior ao benificio marginal de utilizar um saco). Ou seja, se houver custos com a destruição e/ou reciclagem dos sacos, isso implica que, na ausência de taxas, haverá mais sacos dos que deveriam existir (é uma espécia de Economia 101).

    No fundo, podemos considerar que a existência de um sistema público de recolha do lixo (que no caso de Portimão é financiado por uma taxa sobre a água, independentemente de alguém produzir realmente muito ou pouco lixo) funciona como um subsidio à produção de lixo pago pelas pessoas que produzem menos lixo.

    Há uma informação adicional que poderia ser util para esta discussão – as empresas de reciclagem pagam ou cobram pela matéria prima (a existência de impostos sobre os sacoa de plástico faz mais sentido se cobrarem)?

    A respeito do meu caso e da sua comparação com a generalidade – como eu só faço compras para uma pessoa e para um gato, imagino que consuma menos sacos de plástico que a média, logo é possivel que os agregados familiares maiores utilizem mais sacos dos que gastam para deitar o lixo fora (por outro lado, também deitarão mais lixo fora, logo por aí talvez as coisas se equilibrem)

  23. Bruno Carrilho

    Artigo superficial e a passar totalmente ao lado do ponto (que é o custo para o ambiente dos sacos plásticos ou, em terminologia económica, as externalidades negativas dos ditos). Mas não me surpreende, é uma característica recorrente da MJM, uma senhora que escreve mais ou menos bem (não vou mais longe), com muita convicção e assertividade, mas que em geral está vários furos abaixo da qualidade média deste blog. Li o artigo no e-mail (em que não aparecem os autores) e adivinhei logo a autoria, o que é sintomático. Um péssimo serviço ao necessário contraditório que esta política da taxação dos sacos de plástico merecia. Mal por mal, preferia que a autora investisse mais naqueles artigos sobre peças de roupa e outros tópicos mais mundanos a que às vezes dedica a sua atenção. Fica a sugestão.

  24. Maria João Marques

    Bruno Carrilho, acho sempre imensa piada que as pessoas venham comentar-me informando como os meus textos não valem a pena e que eu sou isto e aquilo. Parecem não entender o paradoxo. As suas sugestões, evidentemente, serão fundamentais para a minha vida futura, que V. para mim tem muita importância e a sua opinião sobre mim é life-changing. Quanto aos assuntos mundanos, de facto tendo a ter algum desprezo por pessoas que só sabem falar de assuntos sérios e pomposos e que não dão importância a trapos e outras formas de arte. Geralmente são as mesmas que comentam posts queixando-se dos autores sem conseguirem apresentar um único argumento para a discussão. No seu caso deve ser por estar ocupado com coisas importantes como a negociação de um armistício para Gaza, certamente.

    Ah, e muito obrigada pelo escreve mais ou menos bem. Como a sua qualidade de escrita é, para mim, paramount, qualquer elogio (muito temperado) seu vai-me pôr nas nuvens durante, pelo menos, o fim de semana.

  25. Maria João Marques

    Miguel Madeira, se fosse o caso de se pretender incorporar no preço dos sacos o custo da sua destruição – cálculo que não acredito existir, porque não acredito que estejam contabilizados sacos do lixo que são poupados, a quantidade de sacos que é reciclada,… – poderia incluir-se uma taxa como a que existe para eletrodomésticos e aparelhos eletrónicos, que paga precisamente a sua destruição, o que talvez, no máximo, fizesse duplicar o custo de um saco de supermercado. Um saco, que é algo levíssimo, pouco volumoso, não tem um custo de destruição que é mais de 10 vezes o custo de produção. Isto é um valor completamente a olho do ministério do ambiente. De resto esta taxa já nos tempos de sócrates foi estudada e nessa altura a taxa que pretendiam aplicar a cada saco era de 5 cêntimos (metade). Não me vão dizer que em meia dúzia de anos o custo de eliminação de um saco de supermercado duplicou o preço.

    Não lhe sei dizer se as empresas de reciclagem pagam pela matéria prima. É provável que paguem às cãmaras ou às empresas que façam a recolha do lixo um determinado valor pela tonelada de plástico. Posso tentar saber disso.

  26. Bruno Carrilho

    O comentário obviamente não era propriamente dirigido a si, Maria João Marques. Como pode imaginar, não tinha qualquer ilusão (ou desejo) que o meu comentário lhe importasse. É por demais evidente pelo seu historial de intervenções (e respostas) que dá muito valor às suas opiniões (o que é normal, eu também dou às minhas), que tem muito pouca receptividade às reacções que elas provocam e ainda menor capacidade de entrar numa troca de argumentos lógicos (a troca de opiniões recente sobre o tema da proibição das burkas em França é disso bem sintomática). Há pessoas com bem mais paciência neste forum e que tendem a dar-se a esse trabalho (até ver), o que só os dignifica. Não sou assim tão boa pessoa.

    O meu comentário era na verdade dirigido a quem quer que seja que dirige isto. Sei que a resposta oficial é algo do género “valorizamos todas as opiniões, promovemos a discussão aberta de opiniões, etc.” e acho até muito bem. Mas a verdade é que, imagino, as pessoas sejam convidadas para contribuirem para este blog tendo como base a qualidade das suas intervenções. Coisa que acho que a MJM não possui (é reconhecidamente uma opinião subjectiva e pessoal, não se dê ao trabalho de reagir) e fica aqui a nota, pode ser que em algum momento se decida fazer uma triagem. One can only hope…

    PS: Antecipando já que isto possa ser visto como uma espécie de apelo à censura, não é nada disso. Acho muito bem que a MJM tenha espaço para exprimir as suas opiniões, tenho muito orgulho de viver numa sociedade que permite isso (tal como permite tantas outras coisas com que não me revejo, como o reality shows ou missas ou touradas ou o Bloco de Esquerda). Agora, levado à letra, isso significa que qualquer pessoa poderia escrever livremente neste blog (ou qualquer outro blog), o que obviamente não acontece porque as pessoas que o organizaram decidiram ter determinados critérios para a selecção das pessoas que para ele contribuem. Critérios esses que, deduzo, têm a ver em parte com uma certa orientação política (relativamente abrangente, o que me parece bem) e com a qualidade das suas intevenções. Parece-me normal que opine sobre a aplicação destes critérios. Sem grandes indignações, é só uma opinião e que vale como tal.

  27. Miguel Noronha

    “O meu comentário era na verdade dirigido a quem quer que seja que dirige isto. ”
    Aqui não temos dirigentes. Funcionamos em autogestão. As posições de Grande Líder e Grande Timoneiro só dão direito a não ter de lavar a loiça do jantar.

    Quem não gostar do que se escreve pode sempre passar à frente ou procurar outro blog para ler. Alternativas não faltam.

  28. “porque não acredito que estejam contabilizados sacos do lixo que são poupados” – na República da Irlanda, que introduziu uma taxa de €0.15 em 2002 e que agora ronda €0.25, estima-se que houve uma redução de 90% no uso dos respectivos sacos. No País de Gales e Irlanda do Norte, uma taxa de £0.05 levou a uma redução em cerca de 80%.

    “não tem um custo de destruição que é mais de 10 vezes o custo de produção.” – tem a certeza?

  29. Maria João Marques

    Bruno Carrilho, deixe-me explicar-lhe algumas coisas devagarinho. 1) Eu entro em debate e conversa com quem me apetece e, nos meus posts, nos termos e da forma que quero. Não tenho qualquer obrigação de dar guarida a opiniões de pessoas só porque a essas lhe apetece comentar. Não percebe isto? Incapacidade sua. Não gosta? Como o Miguel diz, se não gosta, passa à frente ou vai para outro blog. 2) Até poderia discutir alguma coisa consigo, se tivesse apresentado algum argumento para discussão. Mas não fez. Conseguiu não apresentar um único argumento sobre a discussão. Só me comentou a mim. E, lamento, mas v. não qualifica para eu me discutir consigo. 3) Os seus próximos comentários nos meus posts em que me comentar a mim em vez do assunto do post, serão apagados.

    Guna, ninguém disse que taxas sobre sacos de supermercado não levam a que se deixe usar sacos de supermercado, pelo que não entendo o seu argumento. Quanto ao custo de eliminação, apresente números.

  30. Maria, já acredita que alguém os contabilizou? Eu acho que a autora é que deve substanciar as afirmações que faz; eu já a ajudei no caso anterior, mas o “post” é seu, e como já explicou, fundamenta o que afirma como bem entender.

  31. Mario Amorim Lopes: “nunca deve ter visto um camião do lixo. Todo o material, incluindo o reciclável, vai para o mesmo sítio onde é posteriormente esmagado.”

    Entretanto falei com um amigo meu que trabalha na recolha do lixo, e ele diz que os camiões que vão buscar o lixo às ilhas ecológicas têm lá dentro compartimentos diferentes para os diferentes tipo de lixo, e que de qualquer maneiro o vidro e o papel são recolhidos por empresas especificas e não pelo serviço geral de recolha do lixo.

    Maria João Marques (para o Gunga): “Quanto ao custo de eliminação, apresente números.” http://www.cleanair.org/Waste/wasteFacts.html
    Achei isto (que tem a validade que tem um link avulso na internet):
    Parece que reciclar uma tonelada de sacos de plástico custa 4000 dólares – claro que como eu não sei quanto pesa um saco de plástico, não sei qual o custo por saco (e depois desse valor deverá ser descontado o preço de mercado de um saco reciclado para saber o custo líquido da reciclagem)

  32. Luís Lavoura

    reciclar uma tonelada de sacos de plástico custa 4000 dólares

    Isso é um bocado irrelevante, porque a imensa maioria dos sacos de plástico em Portugal não são reciclados nem o poderiam ser, dado que são misturados com o restante lixo, onde ficam todos sujos. A sua única valorização possível é a chamada “valorização energética”, que consiste em queimá-los numa incineradora que aproveite a energia do fogo para produzir eletricidade; mas isso é um processo muito caro e que de qualquer forma só é feito em Portugal para os lixos de Lisboa e Porto (e concelhos limítrofes).
    Na prática, a imensa maioria dos sacos de plástico acaba em aterros, onde não têm qualquer utilidade, bem pelo contrário, porque são totalmente não-biodegradáveis (o plástico é fotodegradável, isto é, degrada-se quando exposto à luz, mas como num aterro não há luz isso em nada ajuda). Fora os sacos que acabam no topo de árvores, a entupir caleiras e esgotos nas ruas, etc. É a impedir esses danos ambientais que a ecotaxa se destina.

  33. Maria João Marques

    Não Guna, nem vejo o que eu seu comentário fundamentou o que disse. Falou de uma taxa de sacos de supermercado na Irlanda – suponho eu, porque era sobre uma tal taxa em Portugal que se falava – que levou a menor uso destes sacos. E citou uma frase minha em que eu referia a poupança em sacos do lixo por não haver esta taxa. Até diria que está a misturar alhos com bugalhos. E como bem diz, eu fundamento como entendo, e fi-lo com o preço de produção dos sacos de plástico. Quem quer contrapor, se quiser fá-lo, se quiser diz coisas sem sentido. Não fui eu que referi os altíssimos custos de eliminação dos sacos. A quem o fez é que cabe mostrá-lo, entende?

  34. “E como bem diz, eu fundamento como entendo, e fi-lo com o preço de produção dos sacos de plástico. Quem quer contrapor, se quiser fá-lo, se quiser diz coisas sem sentido. ”

    Se estamos a falar de uma eventual externalidade negativa derivada do consumo de um bem (e a única razão que vejo para haver um imposto destes é considerar-se que há essa externalidade), não consigo perceber muito bem qual a relevancia do custo de produção desse bem ser alto ou baixo (o custo de produção já está incluido no preço, logo por aí não há externalidades); ou, a haver alguma relação, até é no sentido oposto – quanto menor for o custo de um bem, mais necessidade haverá (ceteris paribus) de corrigir eventuais externalidades.

    Explicando o que quero dizer – imagine-se que o consumo de um dado bem implica uma externalidade negativa no valor de, digamos, 10 cêntimos. Se o preço de mercado desse bem for de, p.ex., 100 euros, a tal externalidade de 10 centimos pouca diferença fará – o consumo desse produto pouca variará se fosse lhe lançado uma taxa adicional de 10 centimos. Pelo contrário, se o produto custar 1 centimo (por outras palavras, se o consumidor estiver a pagar menos de um décimo do custo real – incluido as externalidades – do produto) já será muito mais relevante lançar a tal taxa de 10 centimos (atenção que este exemplo é hipotético – não me estou a referir à taxa concreta sobre os sacos de plástico, já que, como disse, não faço ideia de quanto é o custo de reciclar ou de destruir um saco de plástico)

  35. Maria João Marques

    Ó Miguel Madeira, se não entende as coisas que lê, pedia-lhe que deixasse de comentar os meus posts, porque sinceramente faz más figuras. O meu post está lá em cima, foi argumentado no sentido que eu quis argumentar – a ínfima quantidade de recursos que cada saco utiliza, constante no preço de produção, versus a taxa que querem impor. Se v. acha que eu usei o preço de custo para argumentar outros aspetos que outros, que não eu, trouxeram à discussão, o que quer? Vá ao oculista, contrate um explicador de português, por aí.

  36. Sim, eu estou a perceber que o seu argumento era “não faz sentido taxar os sacos de plástico porque estes utilizam poucos recursos na sua produção”; mas que eu saiba, ninguém defende a taxação dos sacos de plástico por causa dos recursos consumidos mas sim por causa da poluição provocada pelos sacos* (o clássico imposto de correção das externalidades negativas); o que eu estou a dizer é exatamente que o seu argumento não faz grande sentido – se os impostos são apresentados como uma forma de combater um dado problema associado aos sacos de plástico (poluição), não é muito (ou nada) relevante para a questão se os sacos têm ou não um problema (consumo de recursos) completamente distinto daquele que se pretende atacar.

    *pegando na minha sequência de comentários, pode-se perguntar “mas afinal o problema é a poluição ou é o custo da reciclagem/destruição dos sacos?”, mas as duas coisas acabam por ser equivalentes (o custo de reciclar/destruir é o custo de impedir a poluição)

  37. Maria João Marques

    Ok, é um ponto de vista válido achar que eu peguei mal na questão (continuo a duvidar que o custo da eliminação de cada saco de plâstico seja 10 cêntimos, até porque as taxas ambientais para eliminação de produtos são sempre uma pequena parte do valor desses produtos – logo também aqui faz sentido falar no preço de custo – e não vejo porque diabo um saco custará mais a eliminar do que a produzir, e mais: se fosse aplicada uma taxa para prever o custo de eliminação, isso provavelmente teria um impacto tão pequeno no valor do saco que não levaria a redução nenhuma do seu uso, que é o que quer, por questões religiosas e ideológicas, a malta do min do ambiente; mas eu nem teria objeções de princípio a uma taxa dessas se se ficasse apenas pelo custo). Não é preciso é confundir tudo e dizer que a minha argumentação, que eu dei para o meu problema, não tem lógica para resolver o seu problema.

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