Saber não basta

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Dizia Rothbard que a iliteracia económica não é nenhum crime, observação por demais evidente. Penoso é permanecer nesse estado de ignorância e, obstante esse estado, assertar juízos e pareceres económicos que podem levar à tomada de más decisões ou desinformar terceiros.

Altivada pela condição de investigadora em história, historiadora (sic) e connoisseur de uma ciência económica mais lúgubre que o pior dos temores de Carlyle, Raquel Varela empandeira-se de assertividade para constatar o que não pode ser obviado:

“Se nós produzimos 100 e temos 130 para pagar, é óbvio que não é pagável.”

O JCD, o RAF e o AAA já comentaram e dilaceraram bem o assunto e a falácia incorrida, a de confundir variáveis de stock com variáveis de fluxo. Serve este artigo apenas para notar a ironia da fineza. Michał Kalecki, um economista neo-marxista que certamente estará próximo do perímetro ideológico de Raquel Varela, costumava dizer que a economia era “a ciência de confundir stocks com flows”. De facto, é. Kalecki não podia estar mais certo. E Raquel Varela domina essa ciência económica com admirável destreza.

48 pensamentos sobre “Saber não basta

  1. Nuno Cardoso da Silva

    A Raquel é uma mulher inteligente, que devia ficar-se pela ciência que domina – a história – mas insiste vezes demais em falar do que não sabe – economia. Eu até simpatizo com as suas preocupações, mas irrita-me solenemente ouvi-la disparatar em economia como se dominasse a questão.

  2. vitorcunha

    Tenho sérias dificuldades com pessoas que supostamente dominam a história e mesmo assim querem o gulag.

  3. Nuno, a questão do Vítor é pertinente. Que credibilidade poderá ter alguém que, sabendo as atrocidades cometidas por regimes comunistas em nome dos ideais marxistas-leninistas, ainda assim se declara marxista?

  4. David Calão

    Essa do marxista sai um bocado ao lado. Confundir Marx com as atrocidades cometidas em nome do marxismo não será como confundir Cristo com a inquisição?

    Se fosse leninista, estalinista, castrista, maoista…era capaz de concordar. Mas ser marxista não enferma do mesmo mal, a meu ver.

  5. Marx é um Deus perfeito, omnisciente e omnipresente e o que falhou foi o sufixo, o -leninismo? Ou seja, não existe nenhuma relação de causalidade entre a teoria marxista e a sua implementação prática? Foi apenas “azar” que a coisa tenha resultado tão mal?

  6. David Calão

    Poder-se-ia argumentar o mesmo de muitas atrocidades cometidas em nome do cristianismo, é só o que estou a dizer. É diferente uma pessoa ser partidária de uma filosofia ou ser partidária de uma prática. Se um marxista entender que as atrocidades não decorrem directamente daquilo que Marx escreveu, podemos discutir se está certo ou errado (mais uma vez, podemos fazer o mesmo com o cristão), mas não o podemos acusar de mais do que de estar errado, na nossa opinião.

  7. BGracio

    Mário,

    É impossível a RV padecer de iliteracia económica. Afinal ela lidera uma equipa com quase 60 investigadores a trabalhar para ela e todos sabemos que o conhecimento se transfere por osmose.

    Eu espero aliás que a Raquel possa dar o seu contributo em áreas como a gestão hospitalar, engenharia mecânica, alta-finança, física quântica e gestão de sociedades anónimas desportivas. Tudo áreas com elevado potencial para investigação por historiadores do trabalho e relações laborais.

    Os simples mortais que não aceitarem a oportunidade de doutrinação claramente merecem o gulag.

  8. José Maia

    Se só os sabichões, com a sua linguagem cifrada, percebem destes assuntos, então se calhar o melhor é mesmo que o povo deixe de votar. Lá chegaremos…

  9. hajapachorra

    Como é que um alguém que escreve ‘altivada, assertar, incorrida, neo-marxista, obviado, assertividade, obstante, se atreve a criticar uma ignorante chapada é prodígio maior que mula prenhe.

  10. lucklucky

    “MAL não é por eu ser monetarista que concordo com a ditadura do Pinochet.”

    Um monetarista não pretende controlar a arte, o que se escreve, o que se ouve, o que se pinta, se pode ou não criar uma empresa.
    O Comunismo é Totalitário arroga-se de controlar tudo na vida de uma pessoa – nos caso mais extremos vai até aos penteados, roupa que vestir.

    O monetarista está a anos luz dessa arrogância assassina.

    Aliás no caso de Pinochet o pior de Pinochet é quando Pinochet está mais próximo do Comunismo.

  11. Renato

    David Catão

    É evidente que a Inquisição não estava implicada na doutrina de Cristo. Tiveram de mudar uma enormidade para que chegasse a isso.
    E é igualmente evidente que o Gulag estava implicado na doutrina de Marx. Se não me diga, em que pontos relevantes Lênin se desviou gravemente de doutrina de Marx? No máximo Marx consideraria a revolução justamente na Rússia como algo apressado, mas isso nada tem a ver com o assunto Gulag. Nesse assunto Marx estaria com Lênin e Stalin. Genocídio era com Marx mesmo, ele falou amplamente sobre isso.
    Além disso, a Inquisição veio mais de mil anos depois de Cristo e CLARAMENTE CONTRA A DOUTRINA DESTE matou algumas centenas de pessoas, (ou dezenas de milhares de pessoas no máximo).
    Os regimes marxistas vieram algumas décadas depois da morte de Marx, e foram todos assassinos no mais alto grau, todos repressores, todos impediram as pessoas de saírem de seus países (portanto, os tornaram prisões), todos criaram castas privilegiadas e empobreceram o povo, todos geraram escassez permanente, todos prenderam e torturaram pessoas pacíficas em escala industrial.
    Vai ver que foi só por extrema coincidência que TODOS os regimes marxistas foram assim…

  12. Comunista

    A literacia económica da direita é assim:

    faz porcaria da grossa, rebenta com tudo e quando colocado em face da obra, diz que estava previsto.

  13. Comunista

    “Pode-me indicar a passagem de Marx sobre o genocídio?”

    Está a perder tempo. O homem não leu uma página de Marx.

  14. António

    Caro David Calão

    Digamos que hoje damos como certo a separação do Estado e da Igreja e que o criatianismo, com todas as desviações que possa ter sofrido da doutrina original, sendo uma religião não tem o poder legislativo ou executivo que teria um regime politico marxista, certamente derivado noutro “ismo” qualquer. Quero com isto dizer que a falha na execução da doutrina crista em pouco ou nada afecta a vida dos não-crentes e até dos crentes, já a tentativa de levar a cabo a doutrina de Marx provavelmente terá o mesmo fim que todas as outras. O totalitarismo mais ou menos sanguinário. Que me perdoem os comunistas, ou marxistas vá, mas não estou disponível para mais experiências, até porque em ciência teoria que falha inumeras vezes é teoria errada. Como diria o outro “communism has only killed 100 million people. Let’s give it another chance”

  15. David Calão

    O cristianismo tem tanto poder legislativo como o marxismo. Há políticos e partidos cristãos, como há marxistas. Quando fazem política não deixam de ser cristãos (nem marxistas) e de aplicar aquilo em que acreditam. Portanto isso que disse não faz sentido nenhum.

    Quanto ao resto, é matéria de opinião. Não pode acusar alguém de subscrever tudo o que se fez em nome do marxismo só porque essa pessoa vê em Marx a sua principal referência ideológica. Isso, acima de tudo, é ignorante face à extensão e dimensão da obra de Marx.

  16. António

    Caro António olhe que não, olhe que não. Eu nunca me engano, tal como Marx.

    David, tem razão, mas talvez me tenha explicado mal. Resumo desta forma. O Cristianismo é uma religião, vive da fé, tem os seus Santos e acredita em milagres. E se bem que os marxistas compartam todas estas características, falham numa fundamental. Marx não é Deus. E Deus quer todos os seres humanos da mesma forma. Marx só gosta de alguns…

  17. David Calão

    Cristo só é Deus para quem é crente. Para a História é um filósofo, tal como Marx. Se quiser, eu posso ser Cristão até um certo ponto sem acreditar em Deus.

  18. David, o seu argumento seria válido se a teoria de Marx não apelasse a beligerância. Ao referir-se à evolução histórica como uma constante luta de classes, ao exigir a destituição da burguesia dos meios de produção, ao implantar uma ditadura do proletariado está a fomentar o conflito interno na sociedade até ao ponto de ruptura. Aliás, era essa a dialética marxista: o conflito, revolução-reacção.

    Os discípulos de Marx devem perceber esta dimensão do problema — a ideologia que defendem é absolutamente permeável ao caos social e à implantação de uma autocracia. Se falarmos de outros comunistas que não defendem a via revolucionária e renegam a narrativa da luta de classes, o caso muda de figura. Mas disto, Marx não escapa.

  19. António

    Pois David, mas a minha ideia era vincar a ultima frase. Marx só gosta de alguns, como bem explica Mario Amorim Lopes. Até como filosofo, continuo a preferir a doutrina de Cristo. É muito mais humana.

  20. k.

    “Mário Amorim Lopes em Março 25, 2014 às 11:16 disse: ”

    Concordo com a sua posição; mas a biblia (que creio poder chamar de equivalente aos “ensinamentos marxistas”) não é propriamente proponente da coexistência pacifica..

    http://skepticsannotatedbible.com/cruelty/long.html

    Na minha opinião, essencialmente a religião e o marxismo são filosoficamente equivalentes:
    – Um promete o céu na terra, outro no céu
    – São ambos totalitários, isto é, tendem a regular toda a actividade humana (inclusivé pensamento)
    – São ambos criados a partir de postulados que não podem ser validados.

    Creio que a grande diferença, é que filosoficamente a religião foi derrotada pelos ideais seculares e humanistas. O Comunismo ainda está “vivo”.

  21. k., o comunismo é um teísmo, ao ponto de os seus líderes e promotores serem elevados a um estatuto de demigods e professarem fé por dogmas (luta de classes, exploração capitalista, etc.) desmentidos pela realidade. Um caso muito recente, para não ignorar os casos óbvios de Marx, Lenine, Stalin, Mao e Che Guevara, é o de Hugo Chavez.

    Quanto à questão da Bíblia e do Cristinianismo, a perspectiva teológica do assunto não me diz muito interesse, confesso.

  22. Nuno Cardoso da Silva

    O interesse de Marx está na perspicácia com que criticou o capitalismo. De tal maneira que acho que a sua crítica é mais relevante hoje do que era há século e meio atrás. O resto é para quem gosta. Quanto à luta de classes, sendo uma hiper-simplificação não deixa de revelar uma verdade muita vezes incómoda. Os movimentos sociais são essencialmente lutas de interesses, interesses esses que se corporizam facilmente em classes sociais. E veja-se que a Igreja, ao ter definido uma opção pelos pobres – Papa João Paulo II dixit -, não está mais do que a reconhecer que há duas grandes classes no mundo: os pobres e os que o não são, e a Igreja tem a obrigação de se colocar do lado dos pobres. O que só pode significar pôr-se contra os ricos, naquilo em que os ricos contribuem para a perpetuação da pobreza. Alguns condenam a aparente colagem da teologia da libertação ao marxismo, mas não há colagem nenhuma. O que acontece é o marxismo e o cristianismo não poderem senão convergir na sua crítica à exploração do homem pelo homem, e na sua crítica em como a propriedade privada foi posta ao serviço do enriquecimento ilícito (leiam a Populorum Progressio quando não tiverem nada mais que fazer).

  23. lucklucky

    “O cristianismo tem tanto poder legislativo como o marxismo. ”

    Rídiculo. Então onde estão os Gulags Cristãos e a sede do KGB Cristão?

    Nuno Cardoso da Silva acabou de demonstrar a génese xenófoba do Marxismo.
    Aliás uma das pessoas que mais abrange o complexo de poder do marxismo e todas as suas implicações é George Bernard Shaw.

    Já sobre a “exploração”, esta não consensual, do Homem pelo Estado nada diz.

  24. A. R

    Eu prefiro ler o tio Patinhas ao Marx. Marx tem pouca estatura moral: era satanista, bêbedo, mau marido, viveu à custa de outros, esbulhou o pai e jogava na bolsa. Marx apela à violência: roubar a quem trabalha e produz para dar a quem não trabalha e produz com uma ditadura do proletariado é uma declaração de guerra. As suas utopias já foram postas em prática e falharam rotundamente. Quanto aos cristianismo apenas 5% das guerras se devem a questões religiosas e a introdução do cristianismo reduziu a conflitualidade na Europa. O comunismo, o filho do comunismo (o nazismo), a variante comuno-nazi denominada de islão são os maiores matadores da história.

  25. David Calão

    “Rídiculo. Então onde estão os Gulags Cristãos e a sede do KGB Cristão?” se não os encontra na história é porque não está a procurar bem. Mas aquilo a que me referia era ao que acontece em democracia. Tal como há totalitarismo marxista também existem teocracias não muito mais benignas.

  26. David Calão

    lol, a do AR é só para rir. O nazismo e o islamisto também são filhos do comunismo…é caso para dizer “vai chamar pai a outro!”

  27. David Calão

    E quanto ao MAL, isso só é válido se a sua interpretação da luta de classes e da ditadura do proletariado valer para toda a gente. Como pode não ser esse o caso, como não é, existem marxistas que não defendem regimes totalitários. Vocês podem dizer que defendem porque Marx assim ou Marx assado, mas isso é a vossa leitura, e não vale para toda a gente. Assim, um marxista que não subscreva os atentados feitos em nome de Marx tem tanta credibilidade como um Cristão que não subscreve os atentados feitos em nome de Cristo. Mesmo que pessoas como o k. tenham outra opinião em relação ao cristianismo, essa opinião é do k. e de mais ninguém, e não temos todos que nos reger por ela.

    Enquanto Cristão rejeito peremptoriamente todas as desumanidades cometidas em nome de Cristo. E conheço montes de marxistas que fazem o mesmo em relação a Marx. E o que me interessa é a sua posição prática e não as incongruências que o MAL ou outra pessoa qualquer acham, legitimamente, que elas têm na sua leitura do marxismo.

  28. Eu não estou a dar uma leitura ou opinião de Marx, é o que consta no Das Kapital. No vol I toda a teoria e a dialética de luta de classes, no vol II (que o Engels compilou) a base matemática da mais-valia (que já constava no vol I) e no vol III o detalhe da teoria da tendência auto-destrutiva do capitalismo e da queda do lucro, entre outras minundências.

    Se a isto acrescentarmos o carácter normativo do manifesto comunista e a sua tendência revolucionária, não vejo como é possível ver o marxismo numa perspectiva pacífica.

  29. Nuno Cardoso da Silva

    MAL, acha que o capitalismo não tem em si as sementes da sua própria destruição? Então espere mais um bocadinho que já vai ver…

  30. Caro Nuno, andam a dizer isso pelo menos desde 1867, mas concedo que o Marx já tivesse espalhasse a boa nova entre os amigos antes de publicar o livro, pelo que a data é conservadora. 147 anos depois, continua por acontecer.

    Posto isto, confesso-lhe a minha perplexidade. Para apoiante da causa real, o Nuno parece simpatizar com uma ideologia que na sua génese é anti-clerical, anti-teísta, anti-monárquico e igualitária. Onde é que isto encaixa na monarquia? Ou será que partilham do mesmo ódio à burguesia?

  31. A. R

    “O nazismo e o islamisto também são filhos! Informe-se”. O exército nazi foi treinado pelos comunistas sovéticos, os comunistas alemães muitos alistaram-se no nacional socialismo que prometia ir mais além que o comunismo, os comunistas e nazis celebraram o 1º de Maio juntos (há medalhas com suásticas e foice e martelo a celebrar). Hitler reconheceu o Islão como a única religião que admirava, com Hitler combateram 110 000 muçulmanos e com Hitler colaborou o Mufti de Jerusalém. Quem defende o islão na Europa? A esquerda!

  32. HO

    “Na minha opinião, essencialmente a religião e o marxismo são filosoficamente equivalentes:

    Há muitas décadas, um jovem Bertrand Russell entretinha-se com este exercício – justiça lhe seja feita, sem o levar muito a sério, por mero diletantismo intelectual e argumentando a equivalência funcional, não filosófica (e obviamente sem cair no disparate de classificar a religião como totalitária). Não foi o primeiro nem o último: e.g. Monnerot fez o mesmo. de forma mais engajada, cerceando-se ao islamismo.

    Esta grelha analítica foi metodicamente destruída pela Hannah Arendt num ensaio exposto em Harvard e publicado na Confluence (do Henry Kissinger), “Religion and Politics”, que, suponho, estará disponível on-line. Ela fazia uma analogia com os sofistas gregos que se deliciavam com paralogismos semelhantes para chegarem à conclusão que um homem era uma galinha depenada.

    “Creio que a grande diferença, é que filosoficamente a religião foi derrotada pelos ideais seculares e humanistas”

    Isto sugere uma antinomia que não existe. O secularismo, propriamente entendido como a ausência de sanção religiosa para a decisão política civil, é, em boa parte, filho do Cristianismo romano e europeu. O humanismo também, excepto se, por silogismo falaz, o reduzir-mos à tendência racionalista e imanentista.

    ““Pode-me indicar a passagem de Marx sobre o genocídio?”

    (…)These relics of a nation mercilessly trampled under foot in the course of history, as Hegel says, these residual fragments of peoples always become fanatical standard-bearers of counter-revolution and remain so until their complete extirpation or loss of their national character, just as their whole existence in general is itself a protest against a great historical revolution.
    (…)
    The general war which will then break out will smash this Slav Sonderbund and wipe out all these petty hidebound nations, down to their very names.

    The next world war will result in the disappearance from the face of the earth not only of reactionary classes and dynasties, but also of entire reactionary peoples. And that, too, is a step forward.

    http://www.marxists.org/archive/marx/works/1849/01/13.htm

    A tradução é benevolente, o que não surpreende considerando a fonte: por exemplo, “Völkerabfälle”, “lixo racial”, é orwelliamente traduzido como “residual fragments of peoples”.

    Há quem atribua a autoria deste texto ao Marx ou ao Engels. Foi publicado na NGR, o jornal do Marx. Suponho que sempre possa argumentar que o Engels não era Marxista.

    Mais Marx:

    The southern facile character of the Irishman, his crudity, which places him but little above the savage, his contempt for all humane enjoyments, in which his very crudeness makes him incapable of sharing, his filth and poverty, all favour drunkenness. The temptation is great, he cannot resist it, and so when he has money he gets rid of it down his throat.

    http://www.marxists.org/archive/marx/works/1845/condition-working-class/ch06.htm

    It is now quite plain to me — as the shape of his head and the way his hair grows also testify — that he is descended from the negroes who accompanied Moses’ flight from Egypt (unless his mother or paternal grandmother interbred with a nigger). Now, this blend of Jewishness and Germanness, on the one hand, and basic negroid stock, on the other, must inevitably give rise to a peculiar product. The fellow’s importunity is also nigger-like.

    http://www.marxists.org/archive/marx/works/1862/letters/62_07_30a.htm

    “Mas disto, Marx não escapa”

    A ideia de que Marx é um benevolente utópico cujas ideias foram mal interpretadas e pior implementadas é uma doce ilusão acarinhada, essencialmente, por quem nunca o leu.

  33. HO

    Obrigado e esteja à vontade, nem era necessário consultar-me. Estas citações são, obviamente, de domínio público. Há várias sobre o tema, algumas apócrifas (daí que para citações em inglês eu tenda a utilizar as traduções de um site marxista – que frequentemente não fazem justiça à violência do original alemão).

  34. Sim, é pública, mas o enquadramento histórico e filosófico e a referência a um filósofo analítico que aprecio bastante, Bertrand Russell, dão-lhe um toque especial que copiado seria um óbvio plágio. Embora, concordemos, “imitation is the sincerest form of flattery”. Neste caso, imitation é algo próximo do verbatim.

  35. David Calão

    Agradeço a resposta. Perante a qual reavalio a minha posição, até certo ponto. Ainda assim, tenho reservas colocar em pé de igualdade um Marxista e um Leninista, Estalinista ou Maoista, Porque apesar de tudo, de um lado estão ideias, que podem ser apenas parcialmente subscritas, e do outro estão práticas, factos históricos bem documentados e não passíveis de interpretação diferente. De qualquer forma, I stand corrected, sem reservas.

  36. Nuno Cardoso da Silva

    MAL, desde a Idade Média que o Rei (quando necessário) se aliava ao Povo contra a Nobreza e o Clero. Foi por não se submeter à vontade da oligarquia da época que D. Carlos foi morto, e por os reis serem uma barreira à ambição oligárquica que a república foi implantada. Na minha visão a Monarquia é um garante da democracia exactamente por não deixar o caminho livre às oligarquias. Por isso a maçonaria não descansou enquanto não acabou com a Monarquia. O que, obviamente, nada tem a ver com o marxismo.

  37. Comunista

    “Oportuna e interessante intervenção, HO. Importa-se que use parte do seu comentário num artigo?”

    Nada como truques de feira para impressionar o Mário.

    Cita textos Engels dizendo que são de Marx e o que cita de Marx é de uma carta para Engels como se uma carta tivesse sido , seja ou venha a ser em qualquer altura algum documento significativo da teoria de Marx.

    Em nenhum momento o HO demonstrou qualquer defesa de genocídio até porque Engels fala a típica linguagem belicista quando se toma partido por um dos lados do conflito.

    “A ideia de que Marx é um benevolente utópico cujas ideias foram mal interpretadas e pior implementadas é uma doce ilusão acarinhada, essencialmente, por quem nunca o leu.”

    Não sei quem é que defende que Marx era um utópico uma vez que ele nos escritos realmente relevantes, e não em cartas, se posicionou claramente contra os projectos utópicos. E o que é que isto quer dizer? Quer dizer que as utopias visando a conversão intelectual e ética do capital nunca teriam efectividade, enfim que as utopias não dão conta dos antagonismos económicos e da influência que estes exercem sobre a própria interpretação dos desígnios utópicos.

    Para Marx claramente não se trata de uma convergência entre proletariado e capital mas de uma ditadura do proletariado, ou seja, da concentração do debate e da acção no proletariado cabendo ao capital ou proletarizar-se ou sair da frente.

    É aqui e não nos truques de feira do HO que se encontra o núcleo violento da revolução segundo Marx.

    Nada que não se possa ter aprendido com a burguesia: ou seja, o antigo regime teve apenas uma saída face à burguesia, ou aburguesava-se ou era fisicamente destruído.

  38. Comunista

    O que essencialmente faltou a Marx, a meu ver, foi uma teoria da violência revolucionária. Talvez isto tivesse de escapar a Marx mas hoje, ao comunismo pós-soviético já não resta essa desculpa da falta de experiência e agora têm a obrigação de ter este tema actualizado na definição de suas políticas.

    Em alguma medida já mesmo durante a URSS havia algum trabalho neste sentido e até o próprio Stalin não quis que os PCs ocidentais seguissem a via bolshevique especialmente porque ele também não queria dar motivos à europa e aos EUA para atacar a Rússia ou aliados seus em retaliação.

  39. Caro Nuno, levantei a questão da monarquia porque notei a sua proximidade com posições que roçam o anti-capitalista e até alguma simpatia pelos ideais marxistas. Induzi que fosse um afrontamento comum à burguesia. Foi o capitalismo que criou a burguesia, os self-made men e que afrontou a fidalgia. Afinal, todos podem ser ricos, com ou sem títulos. Daí ter levantado o tema.

    Mas já que fala, conhecerá certamente melhor do que eu inúmeros períodos da história em que assim não foi. Em que o Rei foi peça fraca ou, ele próprio, fonte de ingerência. Basta recordar que foi precisamente isso que precipitou a Revolução Francesa. Os tesoureiros duravam poucos meses porque o Rei não tinha capacidade nem coragem de os manter, pois tornavam-se impopulares. A incapacidade de Luís XVI em gerir a corte, a nobreza, os interesses e em conter as contas públicas (para o qual a guerra na América não ajudou). Ou seja, nessa matéria, republicanismo e monarquia redundam no mesmo — com a devida excepção que no primeiro, não há quem empunhe o ceptro.

  40. Renato

    David

    Espantou-me que você nada soubesse sobre isto. Há muitas coisas que Marx pensava, e que estavam no âmago mesmo da sua doutrina, mas que ele sabia que não deviam ser ditas aos quatro ventos. Ele era advogado, e sabia o que devia tornar público para que sua doutrina fosse mais popular. Os marxistas também não são idiotas, levam em conta, na prática revolucionária e na direção do estado, o pensamento real de Marx sobre essas coisas, mas não fazem propaganda disto. Tal como Marx, Lênin, Stalin, Mao, Pol Pot, e todos os outros, sempre entenderam o marxismo como uma doutrina de violência, e sempre entenderam que deviam mentir e fraudar sobre isso, além de destruir aqueles que denunciassem. Seguiram exatamente o pensamento de Marx, uma é a doutrina externa, outra é a propaganda.

    Já há alguns anos tenho conhecimento dessas coisas, assim rapidamente terei alguma dificuldade de encontrar fontes pela internet, mas vão aqui alguns exemplos:

    http://oglobo.globo.com/opiniao/imperialistas-arianos-racistas-11905014

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1396

    http://intellectus-site.com/site2/artigos/historia/karl_marx_pai_do_comunismo.htm

    Pesquise e você encontrará muito mais. Você verá o real Karl Marx, e entenderá que ele não foi deturpado, foi seguido fielmente, no ponto mais essencial de sua doutrina, no seu sentimento real.

    E volto a perguntar, você acredita mesmo que o fato de todos os regimes marxistas terem sido (e são ainda os que sobreviveram) totalitários, torturadores, liberticidas e fechados, foi apenas uma coincidência? Pode acontecer que, de uma doutrina boa, só resultem regimes ruins?

  41. Nuno Cardoso da Silva

    MAL, eu quando falo de monarquia, falo da experiência portuguesa que é a única que me interessa. E entre nós – com excepção do período absolutista (D. Pedro II – D. Maria I) – a aliança do Rei com o Povo, contra as oligarquias, foi a norma e não a excepção.

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