Lobbies vs Liberdade de Escolha na Educação (2)

A divugação do ranking das escolas secundárias (que mais uma vez é claramente liderado pelos privados) costuma irritar fortemente os lobbies que beneficiam do actual modelo. A principal desculpa para a má prestação das escolas públicas costuma ser os “factores socio-económicos”. A propósito disto escreveu há uns anitos o João Miranda:

Os rankings escolares têm um efeito desorientador nos defensores do Estado Social. Como as escolas privadas ocupam o topo dos rankings, os defensores do Estado Social têm que arranjar uma forma de os desvalorizar. E a solução que encontraram foi o “contexto sócio-económico”. O “contexto sócio-económico” explica porque é que aparecem escolas privadas no topo dos rankings em vez de aparecerem públicas.

O mesmo é dizer que 40 anos de transferências dos ricos para os pobres, 50% do PIB em serviços e transferências, rendimento mínimo, salário mínimo, habitação social, saúde grátis e escola grátis não mudaram o “contexto sócio-económico”. A desculpa do “contexto sócio-económico” é também um reconhecimento de que a escola pública não tem qualquer efeito relevante nos alunos. O que é determinante para o sucesso escolar é o “contexto sócio-económico”.

40 anos de Estado Social não mudaram a posição relativa de ricos e pobres. Porquê? Talvez porque o Estado Social se limita a institucionalizar as posições relativas entre grupos sociais, reduzindo as oportunidades e perpetuando a pobreza.

2 pensamentos sobre “Lobbies vs Liberdade de Escolha na Educação (2)

  1. PeSilva

    Não é desculpa, é uma evidência.
    O que se pode, e deve, questionar, é se a escola pública é a forma mais eficaz de permitir as mesmas oportunidades de educação independentemente dos “factores socio-económicos”.

  2. Revoltado

    Eu admiro quem argumenta com factos o seu ponto de vista. Agora como é o caso, começar uma discussão sobre o porquê das escolas privadas terem melhores resultados que as públicas e, sem chegar a conclusão nenhuma, derivar para a questão da pobreza é, a meu ver, baixismo intelectual.
    E se, durante um ano lectivo fizéssemos uma experiência: trocamos os alunos duma escola pública (daquelas que estão cá em baixo no ranking) pelos duma das privadas que obtém melhores resultados….será que as posições no ranking também se invertiam? Esta, e saber quanto custa a formação de cada aluno num e noutro caso, são as questões essenciais. O resto é pura bagunça ideológica.

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