A TAP

Este texto do Jorge Fiel fez-me lembrar uma história em que estive directamente envolvido, faz uns anos, e que se prendia com as viagens Lisboa-Luanda.

Em 2005, estava na altura eu no BPI, fui desafiado a acumular funções com a filial angolana do Grupo, o BFA, algo que implicava deslocações frequentes, mensais, a Luanda. À época, as minhas responsabilidades dividiam-se maioritariamente entre Lisboa e Porto, de onde sou natural, e onde residia. Com Luanda, passei a ter mais uma latitude, que tornava a logística pessoal e a organização do meu dia-a-dia relativamente complexa e detalhada.

Entre 2005 e 2009 fui-me apercebendo que a TAP e a TAAG dominavam a rota e, apesar da maiorias das pessoas que se deslocava até Luanda ser oriunda do Norte de Portugal, ambas as companhias apenas ofereciam voos directos Lisboa-Luanda (e vice-versa). Sendo o voo nocturno, aos domingos – dia em que tipicamente seguia para Luanda – quem partia de Lisboa apenas precisava de se dirigir até ao aeroporto a seguir ao jantar; já quem, como eu, arrancava do Porto, e dadas as ligações aéreas disponíveis, a viagem marcava início por volta das 4 da tarde, hora a que tinha de sair de casa em direcção ao aeroporto Sá Carneiro.

Estando o aeroporto do Porto sub-utilizado, conhecida a suposta sobrecarga da Portela, sendo boa parte dos clientes para Angola oriundos do Norte de Portugal, desafiou-se TAP e TAAG a voarem para o Porto. A TAP recusou, a TAAG considerou a oportunidade excelente e com sentido.

A TAAG entretanto foi proibida de voar para o espaço europeu, e eu em 2010 deixei de voar regularmente para Luanda. Tudo ficou na mesma.

Estamos em 2013; fui ver, e constato que a TAAG voa de novo para a Europa, e oferece um excelente serviço, ligando Luanda a Lisboa e Porto (voos directos). A TAP continua fechada no seu umbigo, apenas servindo a ligação Lisboa-Luanda.

Vale a pena, aliás, ver aqui as motivações apresentadas pela TAAG para voar para o Porto.

8 pensamentos sobre “A TAP

  1. Miguel Alves

    O problema é que a TAP não pode retirar essa magnifica rota Lisboa – Luanda devido ao principio de confiança que não pode ser quebrado entre as empresas pública e a capital do império.

  2. Surprese

    O peso que os cidadãos residentes na grande Lisboa têm junto da comunicação social explica muito do que se passa em torno da TAP.
    É a sua companhia aérea municipal, paga pelos impostos de todos (inclusive por aqueles que nunca a utilizaram).
    E não vale a pena pensar “mas a TAP não recebe dinheiro do Estado, isso é proibido pelos tratados europeus”. Sabemos que acaba por receber, sob a forma de favores, monopólios em rotas, etc.
    A Corte nunca permitirá a sua venda, dado ser “estratégica”, um verdadeiro baluarte da soberania nacional.
    É como a RTP.

  3. rota aerea

    épa, que deprimentes estes regionalistas da treta!… deixem-se disso… é muito simples: não gostam do serviço nem da companhia não recorram aos seus préstimos. ignorem a sua oferta. viagem na concorrência. ah, e quando for a privatização, defendam publicamente uma opv em bolsa. comprem uma carrada de papeis e influênciem as decisões em ag!

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.