Entre todas as especulações suscitadas na imprensa nos últimos dias, há uma que me parece especialmente ingrata: a eventual substituição de Álvaro Santos Pereira. Não pela valia do seu eventual substituto, António Pires de Lima, pessoa com um CV acima de qualquer suspeita, que eu muito respeito e considero, e que me parece uma opção muito boa para o cargo de Ministro da Economia. Mas é uma situação ingrata porque Santos Pereira, dadas as limitações do País e as limitações que no decorrer do seu mandato lhe foram sendo impostas no seio do próprio Governo, tem feito um excelente trabalho, evidenciando uma dedicação ao País fora de série.

Já o escrevi antes, em Outubro de 2012, e reitero: “entre todos os ministros deste Governo, o professor Santos Pereira era aquele que, à partida, se mostrava intelectualmente melhor preparado (…) é um homem que ousou publicar o seu pensamento, e que ao contrário de outros ainda não o lançou ao vento”. Ora, estas palavras ganham um significado especial numa altura em que as palavras parecem valer pouco, ou até mesmo nada. Nestes dois anos de Governo, Santos Pereira tem estado em quase todas as boas iniciativas da coligação, como aqui também é descrito, e por isso a sua eventual substituição, independentemente das qualidades de Pires de Lima, será manifestamente injusta e muito ingrata.