Vão colocar um polícia em cada carro? (2)

João Pereira Coutinho no Correio da Manhã

Todos os anos morrem mais crianças em acidentes de viação do que vítimas do fumo dos pais. Por que motivo o governo não está interessado em proibir a circulação de crianças no interior dos automóveis?

No interior e, já agora, no exterior também: um estado verdadeiramente atento à saúde dos seus menores teria autoridade plena para afastá-los de todos os ambientes nefastos. Que o mesmo é dizer: interditar o acesso a bares (álcool), praias (afogamentos), restaurantes de fast food (obesidade) ou partidos de extrema-esquerda (drogas e debilidade cognitiva). O ideal, aliás, seria retirar as crianças da guarda dos pais e educá-las em ambientes rigorosamente esterilizados, onde vigorassem os princípios da abstinência, do vegetarianismo e, em dias de festa, do látex (reforçado). Depois, quando chegassem aos 18 anos, os petizes seriam novamente devolvidos à sociedade civil onde uma carreira política os esperaria, de preferência nas instituições europeias.

3 pensamentos sobre “Vão colocar um polícia em cada carro? (2)

  1. Carlos Duarte

    Caro Miguel,

    Gosto muito das crónicas do JPC mas às vezes saem imbecilidades de todo o calibre e esta é uma delas.

    A “diferença” entre acidentes de viação e tabaco é que os primeiros são (normalmente) isso mesmo – acidentes – e o segundo de acidental tem pouco ou nada. Quando um adulto se “estampa” num carro e mata uma criança, não me parece que tenha saído de casa (ou de onde fosse) a pensar que iria enfiar-se contra os rails de protecção e matar ou ferir o miúdo. Já quando acende um cigarro SABE que o fumo é prejudicial para o miúdo, ou seja, é um acto doloso.

    A comparação com os bares pura e simplesmente não percebo (a não ser que se respire alcóol ou o mesmo passe por osmose, não estou a ver como este afecta um não bebedor).

    Quanto à fast food, a comida (ao contrário do fumo de tabaco) é necessária. O excesso e desequílibrio da dieta é que pode causar dano. Que é normalmente (fora casos extremados) reversível (já o tabaco há sérias dúvidas). Se pais, por acção sua, levam um filho a uma situação de obesidade morbida, acho muito bem que o Estado intervenha para proteger a parte fraca (a criança). Agora, daí até prender um pai ou uma mãe por levar o filho ao McDonalds vai uma diferença abismal.

    Uma situação análoga ao do fumador seria um pai / mãe introduzir pequenas doses de mercúrio ou arsénio na alimentação dos filhos. Essa dose, por si, irá ter um impacto reduzido mas a continuação da actividade levará certamente a consequências trágicas. A não ser que a posição liberal seja a defensabilidade do envenenamento lento e progressivo de uma parte indefesa e/ou desconhecedora da situação, todo este escarcel é perfeitamente disparatado e, diria mais, anti-liberal.

    Sempre me disseram que o príncipio básico do liberalismo era o dos direitos negativos, ou, de forma mais “prática”, que somos livres de fazermos o que quisermos connosco e o que é nosso desde que esses actos não tenham um efeito negativo / indesejado sobre outros. Ora, eu não tenho nada contra um fumador dar cabo da saúde por fumar como não tenho nada contra alguém atirar-se abaixo de uma ponte. Mas tenho tudo contra alguém forçar um terceiro (ainda por cima indefeso E ao seu cuidado) a prejudicar a sua saúde como tenho contra alguém a atirar-se abaixo de uma ponte e lever os filhos juntos.

  2. Economista

    Carlos Duarte :
    Tudo bem , mas
    1º Livre desde que não origine custos para o S.N.S. …(.v.g. gravida que fuma ? )
    2º Fumar junto de terceiros sem a sua autorização é crime punível no Código Penal .
    In casu , agravado por se tratar de um menor .

  3. nuninho89

    Penso que o Carlos Duarte disse praticamente tudo. Resta apenas uma falácia – a de que, como não é possível eliminar todos os riscos, também não devem ser eliminados aqueles que são exequíveis. É um argumento mais que inválido, e demonstra uma desonestidade intelectual (ou simples burrice, depende dos casos) gigante!

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