The Biggest Loser

“Uma campanha eleitoral assemelha-se, num aspecto, à fotografia: aumentando o campo, perdem-se muitos pormenores. A indigente agitação eleitoral em que vivemos quis fazer um enquadramento tão geral que não se falou dos pormenores essenciais: os acordos com a troika (…) O que é espantoso é que estamos a poucas semanas de se ter de tomar medidas cruéis e os partidos que aspiram ao cargo de primeiro-ministro, PS e PSD, parecem estar em vésperas de um piquenicão. Se a troika é Speedy Gonzalez, PS e PSD são os vagarosos piratas da perna-de-pau. Sócrates ou Passos Coelho não terão um segundo para decretar tudo o que foi assinado com a troika e que os portugueses desconhecem.”, Fernando Sobral, hoje no Jornal de Negócios.

Ora, se desconhecem, aqui vão as medidas previstas no segundo documento (de 17/05/2011).

Do Orçamento de Estado para 2012, que terá de ser apresentado em Bruxelas muito em breve, do lado da despesa, deverá constar o seguinte (slides 2, 3 e 4):

  • Redução de 500 milhões de euros nas despesas de funcionamento da Administração Pública Central;
  • Redução de 100 milhões nas despesas de funcionamento dos Serviços e Fundos Autónomos;
  • Redução de 175 milhões nas transferências correntes para a Administração Pública Local e Regional;
  • Redução de 500 milhões no Investimento Público;
  • Redução de 515 milhões nas despesas de funcionamento do Sector Empresarial Público;
  • Redução de 445 milhões na atribuição de Pensões;
  • Redução de 150 milhões na atribuição de Subsídios de Desemprego;
  • Redução de 550 milhões no Sistema Nacional de Saúde;
  • Redução de 100 milhões na ADSE e afins;
  • Redução de 195 milhões na Educação Pública.

Quanto ao Orçamento de Estado para 2013, mesmo depois de todos os cortes realizados ao longo de 2012, descritos anteriormente, do lado da despesa deverá ainda constar o seguinte (slides 5 e 6):

  • Redução de 500 milhões de euros nas despesas de funcionamento da Administração Pública Central;
  • Redução de 175 milhões nos Serviços e Fundos Autónomos e Sector Empresarial do Estado;
  • Redução de 175 milhões nas transferências correntes para a Administração Pública Local e Regional;
  • Redução de 350 milhões no Investimento Público;
  • Redução de 350 milhões na atribuição de Benefícios Sociais;
  • Redução de 375 milhões no Sistema Nacional de Saúde;
  • Redução de 100 milhões na ADSE e afins;
  • Redução de 150 milhões na Educação Pública.

Et voilá, eis o cardápio que nos será servido. Ao todo, entre 2012 e 2013, estamos a falar de uma cura de emagrecimento superior a 5.000 milhões de euros e que, grosso modo, corresponde, em montante, ao défice primário anualizado, registado até Abril, publicado no último relatório da Direcção Geral do Orçamento. Uma última nota: faltou, em relação ao Programa de Governo da troika, enunciar os aumentos previstos nos impostos…

3 pensamentos sobre “The Biggest Loser

  1. António Ramos - Vila do Conde

    Parece-me que é necessário fazer qualquer coisa para a gente perceber, agora, o verdadeiro valor do dinheiro. Antigamente, quando os pagamentos se faziam em dinheiro vivo, isso era mais fácil, mas agora, com os cartões, a coisa torna-se difícil de entender porque, para além do mais, pode até não haver dinheiro e o pagamento fazer-se com o cartão…
    Entendo, pois, que, em vez de falarmos em milhões de euros, passemos a falar quilogramas de euros, assim: o buraco no BPN está estimado em cinco camiões TIR carregados de notas de dez euros. Ou então assim: A administração Central Portuguesa terá de reduzir a sua despesa, no ano de 2012, por forma a gastar menos quatro toneladas em maços de notas de cem euros. Parece-me que, desta forma, o povo entenderia melhor.
    Aqui fica a sugestão. De borla!

  2. ricardo saramago

    E em 2014 temos mais uns milhares de milhões das PPP para começar a pagar.
    Alguém acredita que temos forma de pagar, sem uma redução DRÁSTICA de nível de vida, renegociação da dívida e acordo com os credores?

  3. Joaquim Amado Lopes

    Com todas essas reduções de despeza pública, qual acaba por ser o aumento anual da dívida pública portuguesa?
    É só para saber se, com isto tudo, deixamos de cair no precipício ou se a queda apenas passa a acelerar um pouco menos.

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