França: Shengen é opcional

Como podem ler aqui,

“Com a autorização dada por Itália, muitos tunisinos viajam para França”


Logo, o que é que o “Pequeno Napoleão faz? Se algo dá problema, corta-se. A questão de Princípio, é irrelevante.

Qual deveria ser a política correcta? Qual deve ser a posição de princípio? Na minha opinião, nem deveria ser necessário o Acordo de Shengen: a liberdade de circulação deveria ser um dado. Mas como é esse o Modus Operandi do estado, então seja. Shengen deveria então ser válido. Sempre.

Assumida essa opinião (pois assinou o acordo), essa deveria ser a posição oficial a manter. O princípio da Certeza Jurídica assim o exige. Todavia, o que o Estado Francês está a fazer aqui é escolher os momentos em que é fiel ou não às suas responsabilidades. Não perdoaria isso à minha namorada, e portanto não sei porque hei-de perdoar isso a Sarkozy (será que Bruni será mais perdulária?).

Sarkozy mostra assim o seu nível de (ir)responsabilidade e o valor da palavra do estado que lidera. E é neste senhor que a França coloca os seus serviços “públicos”: educação, saúde e justiça.

14 pensamentos sobre “França: Shengen é opcional

  1. lucklucky

    Não deveria haver liberdade de circulação alguma. Um território – propriedade dos que lá estão- deve ser soberano para recusar quem quer que seja.

  2. Ricardo Lima

    E que sugeres tu para travar a vaga de imigração do norte de África. Shengen itself permite suspender o acordo por questões de segurança, coisa que Portugal já fez por diversas vezes. E uma vaga de imigrantes sabe-se lá de onde é uma questão grave de segurança, até tendo em contas os muitos problemas da França com os seus imigrantes. Não vejo problema senão no reles comportamento da Itália. São estes países, portas de imigração na Europa, os responsáveis, dada a sua negligência, se Shengen for à vidinha.

  3. Ricardo Campelo de Magalhães

    Bem, eu discordo de algumas pessoas que comentaram aqui.
    A minha propriedade privada é o meu castelo, ok. Mas nas estradas pode circular quem quiser. Seja quem for.
    Essa ideia de só os cidadãos de um país poderem circular nas estradas desse país, para mim (e admito que é uma opção minha, aceitando perfeitamente outras opções) é fruto de uma classificação colectivista (nacional, neste caso) e portanto errada no meu ponto de vista.
    Por mim, se um espaço é público (na verdadeira acepção da palavra), circula por lá quem quiser. E o Estado não é ninguém para proibir A ou B de circular só porque pertence ao grupo errado de cidadãos.

    Em relação ao Ricardo Lima,
    Eu não sugiro nada para travar a vaga de imigração. Com que direito vou eu impedir alguém de entrar no país?
    A questão de segurança parece-me mais colocar-se se os tratarmos mal, do que se os aceitar-mos no nosso meio e os educarmos pelo exemplo…

    Carlos,
    Eu escrevi sobre o uso das excepções pela França. Não estou a dizer que a França o viole, pois como reforçou o Ric. Lima o próprio acordo permite estas excepções. Estou apenas a escrever contra o uso destas excepções.

    Em relação a todos,
    Bem, parece que a fortaleza Europa é um conceito apreciado por aqui. 2 estrelas é muito baixo e este é o artigo com menor pontuação de sempre, entre os que eu escrevi. Parece um bom assunto para debate com Liberais, quando tiver uma oportunidade. Tenho que repensar a minha posição, para mudar ou reforçar e depois escrever um post a justificar.
    De momento, parece-me que ser a favor da fortaleza Europa é ser contra a liberdade de circulação por divisão da população em colectivos, o que me parece errado…

  4. AA

    Não me parece que uma “liberdade de circulação” imposta centralmente a todos os países-membros seja um bom princípio.

  5. Luís Barata

    O liberalismo pode ser pensado desde um ponto de vista mais exterior, a que à falta de melhor designaremos de livre-arbitrio; ou desde um ponto de vista mais interior, e podemos atribuir-lhe o nome de liberdade. Os ingleses têm duas palavras – Liberty e Freedom – para os dois sentidos ou, com melhor rigor, para os diferentes graus de profundidade do conceito. Daqui derivam muitas confusões, sendo uma das quais o esvaziamento dos conceitos de pátria, nação, indivíduo, cidadão e povo.
    O liberalismo tem sido dominado, tanto na sua vertente económica como política, pelos pensadores nórdicos onde a concepção de liberdade é a de uma interioridade da vontade e não do saber… e por isso o liberaismo tem degenerado na exterioridade superficial do livre-arbitrio. No liberalismo grego, por exemplo, o conceito de cidadão era radicalmente diferente do conceito de cidadão dos modernos. Aquele firmado na interioridade, este na exterioridade.

  6. JS

    Nobres ideias ficam bem a todos.
    Nos EUA, Arizona e California fazem frinteira com o México. Para terem mão de obra barata, fizeram vista grossa às invasões dos seus, mais pobres, vizinhos.
    Agora estão com as contas públicas como as nossas. Educação e Saúde estatal arruinadas. O número de utentes ficou desproporcionado em relação às receitas fiscais colectadas…
    Humanismo é muito bonito. Mas tem que ser sustentado …

  7. lucklucky

    As estradas foram pagas por pessoas que o não podem aceitar.

    Peço desculpa pela primeira mensagem incompleta.

  8. Ricardo Campelo de Magalhães

    Lucky,
    As estradas são estatais e o estado decidiu que são públicas.
    Se fossem privadas, possivelmente seriam como as pesquisas da Google: usavam-se de borla, embora tivéssemos que aceitar publicidade nas bermas com regularidade.
    São sei em que isto interfere com o meu ponto de vista: se as estradas fossem como os motores de busca, continuavam a ser públicas (no conceito de bem público, ou seja, de livre acesso) apesar de a posse ser corporativa e não estatal.
    Certo?

  9. Ricardo Campelo de Magalhães

    JS,
    Defendo muitas ideias que são acusadas de ser pouco “nobres”, mas que me parecem coerentes e consistentes com os meus princípios base…
    Quanto a California e Arizona: esses estados gastam demais em tudo, e o facto de terem demasiados serviços sociais para demasiada gente é verdade por si, mesmo sem problema de imigração. Se aqueles sistemas fossem privados… mas como quiseram proporcionar o impossível… A solução passa por corrigir o modelo de distribuição de serviços de educação e de cuidados de saúde, não por levantar barreiras, na minha opinião.

  10. AA

    O PDF avançado pelo AAA é uma resposta também a vários artigos do HHH, que escreve — “The current situation in the United States and in Western Europe has nothing whatsoever to do with “free” immigration. It is forced integration, plain and simple, and forced integration is the predictable outcome of democratic – one-man-one-vote – rule.” — ou dito de outra forma, a malta esquece-se que o Estado não tem legitimidade para impedir acordos voluntários que restrinjam quem vem parar à minha porta.

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.