Sobre a “taxa multibanco” (2)

O que muitos não sabem (inclusive a DECO) é que os consumidores já pagam, por via indirecta, a dita “taxa multibanco”.

Se, por exemplo, visitarem o site do Millennium BCP podem verificar que este banco, por cada transacção efectuada nos seus terminais (TPA/POS), cobra aos comerciantes uma taxa de 0,9% até ao limite máximo de 1,5 euros. Além da mensalidade.

Actualmente, os comerciantes englobam tais despesas no preço dos produtos e serviços vendidos. Por motivos de transparência (e para beneficiar quem paga com dinheiro) pretende-se que os consumidores sejam informados sobre o que realmente estão a pagar. Tal como já acontece com o IVA pago!!!

PS: como se pode perceber do link acima, os 1,5 euros que tanto se fala representam apenas o máximo que se pode cobrar.

17 pensamentos sobre “Sobre a “taxa multibanco” (2)

  1. Carlos Duarte

    Caro BZ,

    Os consumidores não pagam nada. Os comerciantes é que pagam ao banco (à SIBS ou ao BPN, não sei se há mais operadores) a utilização do sistema de pagamento electrónico. Os comerciantes são livres de não aceitarem multibanco como forma de pagamento. No caso dos cartões de crédito, as comissões pagas são ainda maiores (até 3% para VISA / Mastercard, até 7% para o American Express). Novamente, só aceita cartões de crédito quem quer.

    O Reino Unido é um bom exemplo da história das “taxas” multibanco. Agora não se paga (salvo em algumas estações de serviço, para caixas automáticas não associadas a bancos), porque entre acordos e sistemas, os bancos acabaram num esquema igual ao português. Porquê? Porque chegaram à conclusão que o pagamento de taxas volatilizava os clientes, que acabavam por trocar de banco por não encontrarem uma caixa deste no seus locais habituais. E mudavam de novo quando mudavam de casa / emprego. Os bancos acabaram por criar varias “SIBS” de forma a combater isso (uma vez que era mau negócio para todos), “SIBS” essas que acabaram a estabelecer acordos entre elas resultando na virtual abolição das taxas bancárias.

    Vai-me dizer que é o mercado (e é verdade), mas por ter sido o mercado não torna o processo português, dirigido de cima (quando os bancos estavam nacionalizados) menos meritório. O Estado muitas vezes vê mal as coisas, mas quando vê bem e prescientemente, é de dar o devido mérito. Nós temos o sistema sem taxas desde o início. Os “bifes” demoraram 20 anos para chegar à mesma conclusão que nós.

  2. lucklucky

    Hmm interessante… para Carlos Duarte os comerciantes não colocam os seus custos nos preços dos produtos que vendem. E também não parece muito preocupado com o cartel do Multibanco e o monopólio da SIBS. Aí parece já não haver a terrível posição dominante.

  3. Os comerciantes incorporam as taxas que suportam com serviço multibanco no preço final do produto. E muito bem. Quer para os que pagam por multibanco ou em dinheiro vivo.

    Os comerciantes incorporam o preço da electricidade no preço final do produto. E muito bem. Quer os clientes sejam atendidos com a luz acessa e o ar condicionado ligado ou não.

  4. Kruzes,

    não é exactamente assim. O consumo médio da electricidade é mensurável e facilmente incorporado,a luz acesa ou apagada não interessa, repito, o que interessa é o consumo médio anual. Já as taxas multibanco ou Visa funcionam de outra maneira. O desconto oferecido (e em quase todo o tipo de comércio de rua isso acontece)é que está indexado à taxa a pagar à SIBS/Banco de acordo com o meio de pagamento. Ou seja as taxas são incorporadas na totalidade e descontadas ou não no pagamento, conforme o meio.Por exemplo: é mais difícil conseguir descontos quando se paga com cartão de crédito.

  5. Dervich

    “E diga lá para todos sabermos qual era o “dever” do banco para comigo (e que não cumpriram como era suposto)”

    Ocorre-me assim por ex.:

    1- Não usarem dinheiro em saldo à ordem para desatar a comprar acções em meu nome, sem nada me dizerem;
    2- Não me levarem 7,5 € por um cheque avulso, para poder mexer no MEU dinheiro;
    3- Em alternativa ao 2), não me levarem 6 € por 10 cheques (para mais, com datas de validade), cheques que já quase ninguém aceita porque os bancos não querem assumir calotes inferiores a 100€ mas aceitam vender cheques a todo o tipo de vigaristas, ainda que, para isso, prejudiquem todos os outros clientes (diluíndo por eles os custos dos prejuízos);
    4- Não me quererem “coagir” a aderir a um sistema de Netbanking em que não confio, para poderem deixar de enviar extractos e reduzir balcões (e quem sabe uma dia, cobrarem-me por usar esse serviço);
    5- Não me quererem à viva força impingir seguros de vida e outros (que já tenho, impostos por eles próprios através do crédito à habitação), como se fossem vulgares vendedores de feira…;
    6- Não me darem cartões que funcionam uma vez e ficam danificados, com a velha desculpa que ficou “junto do campo electromagnético do telemóvel”…
    7- Não venderem produtos de rentabilidade variável (ainda que de capital garantido) como se fossem depósitos a prazo, remetendo explicações para o “folheto informativo” que é entregue DEPOIS da adesão aos produtos (imagino como o funcionário se deve sentir realizado por encaixar o bónus de produtividade resultante de trapaças destas efectuadas sobre velhotes com mais de 70 anos…).

    Não tenho muitas mais razões de queixa porque, apesar de tudo, ainda considero o meu banco o menos mau (e alguns dos exemplos nem eram desse banco)…e porque não sou empresário, nem investidor, nem estou a precisar de um empréstimo…senão a lista seria certamente mais longa, mas já há muito por onde escolher…

    Já agora, essa dos comerciantes identificarem o valor relativo à “taxa multibanco” mas não aumentarem o preço global do produto, faz-me lembrar aquela do IVA dos ginásios…aí o valor do IVA também estava identificado mas os preços não desceram, porque terá sido?!

    Por outro lado, quando o IVA nos restaurantes passou de 5% para 12%, os preços aumentaram 20% ou mais…Enfim, nada que uma forte crise e a deflação não resolvam!

  6. O Dervich nunca ouviu falar de concorrência. Trabalho com 4 bancos e digo-lhe o seguinte:

    1) Nunca me aconteceu em nenhum dos meus bancos.
    2) Levam-me 25 centimos por cheque.
    4) Aderi porque me dá jeito, já mudei de banco por terem sistemas de Netbanking ineficientes.
    5) Nunca me quiseram impingir nada, os serviços que tenho aderi de livre acordo.
    6) Aconteceu-me uma vez com um banco do qual já não sou cliente (CGD)
    7) Eu leio os contractos antes de comprar e como tal quando faço erros culpo-me a mim e não ao vendedor.

    Eu parece-me que o que precisa é de ajuda para escolher um banco melhor e não tratar todos pela mesma medida só porque é cliente de uma instituição bancária horrível.

    E quem me acompanha sabe que não sou amigo nenhum deste sistema bancário mas essas criticas não fazem sentido nenhum.

  7. Dervich, o Nuno já lhe deu as dicas. Eu diria mais: em todos os pontos o que você relata ou é do seu livre arbítrio ou é fraude, logo…

    Já quanto a isto:

    Já agora, essa dos comerciantes identificarem o valor relativo à “taxa multibanco” mas não aumentarem o preço global do produto,

    O que se diz acima é exactamente o contrário

    faz-me lembrar aquela do IVA dos ginásios…aí o valor do IVA também estava identificado mas os preços não desceram, porque terá sido?!

    Porque, por enquanto, os preços são livres.

    Por outro lado, quando o IVA nos restaurantes passou de 5% para 12%, os preços aumentaram 20% ou mais…

    E podia ter aumentado mais ainda. Só não aumentou 200% ou 300% porque, provavelmente, ficariam sem clientes.

    Você não é obrigado a frequentar um ginásio, nem a frequentar restaurantes,ou a ter conta num Banco específico, é livre de escolher os que lhe oferecerem melhores condições. Já quanto aos impostos e taxas experimente recusar-se a pagar.

  8. Pingback: Ginásios: Mais um serviço publico Insurgente « O Insurgente

  9. cfe

    “Os consumidores não pagam nada. Os comerciantes é que pagam ao banco”

    Boa…muito boa.

    Mas o pior é que há muita gente que acredita nisso.

  10. Dervich

    As situações que relatei passam-se com um dos 5 maiores bancos portugueses.

    Sou cliente de um outro desses 5 (a CGD, por razões que, de início, não me coube a mim escolher) que não posso dizer que seja melhor que o outro porque não o consigo aferir: recuso-me a estar 30 min à espera de cada vez que vou a um balcão, para ser atendido por um funcionário que ainda vai pedir explicações à chefia, pelo que aí só uso operações electrónicas.

    Há uns anos atrás, o Montepio Geral andou 5 anos a pedir-me despesas de manutenção de uma conta que estava fechada.
    Não experimento qualquer outro dos bancos portugueses porque simplesmente não confio em quem os dirige (e o que se passou o ano passado deu-me razão).

    “Livre arbítrio” só se fôr a compra de cheques (mas faço-o cada vez menos, seguindo, aliás, a linha dos vossos concelhos), a subscrição de aplicações não se passou comigo e não aderi a seguros nem a Netbanking, o resto, não lhe chamaria “fraude”, chamar-lhe-ia simplesmente “mau serviço”…

    “Você não é obrigado a frequentar um ginásio”, – não o faço

    “nem a frequentar restaurantes” – desde há uns tempos só frequento tascas (sou roubado à mesma mas menos)

    “ou a ter conta num Banco específico” – em rigor, não se deveria ser obrigado a ter conta num Banco, tout-court

    Vendo bem, nem somos obrigados a viver neste país, pois não? Portanto, está tudo bem, não se preocupem comigo 😉

    P.S: Não sou o Medina Carreira…mas…não consigo discordar com nada do que ele diz!

  11. Carlos Duarte

    Caros… errr… quase todos,

    Eu nunca disse que a taxa de transação multibanco não era incorporada no custo médio dos produtos. Disse – e reafirmo – que o consumidor não paga DIRECTAMENTE ao banco a taxa do serviço. Da mesma forma que o cliente paga o custo de manutenção de stocks / não-vendas dos produtos. Ou no caso de perecíveis, o custo de deterioração dos produtos. Faz parte da estrututa de preços (como, aliás, disse e muito bem o KruzesKanhoto, o custo da electricidade, água, renda, funcionários, transportes, etc.).

    E isto porquê? Porque acaba por beneficiar todos os intervenientes. As pessoas são mais susceptíveis a custos directos do que a custos indirectos e ofereceriam mais resistência a ter de pagar mais por algo que não vêm como o objecto da compra. Agora que nos aproximamos do Natal, quantas lojas vão cobrar pelos embrulhos? E esse “custo” não está incorporado na estrutura de preços? Mesma coisa.

  12. nobita nobi

    Não são só os comerciantes que pagam estas taxas. Se repararem os bancos cobram taxas de gestão de contas assim como spreads mais altos para compensarem estas taxas “não cobradas”

  13. Pingback: O melhor MULTIBANCO do mundo - Insonias

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