Ricos, remediados e pobres (II)

Migas,

Na linha do que escreves, o que é preocupante é que fico com a sensação que o Eduardo Pitta está genuinamente convencido que a dita família não só precisa de ajuda, como é possível gerar recursos suficientes no colectivo, por um mecanismo estatal de redistribuição.

Eu não duvido que há em Portugal inúmeros agregados que precisam de ajuda. Mas, se um agregado familiar que tem mais de 3 mil euros de rendimento líquido mensal deveria ser passível de ser ajudado, eu pergunto – onde vamos gerar recursos para financiar semelhante “Estado Social”?

E quando consideramos que 85% da população é passível de ser ajudada, e temos de concentrar na máquina estatal o monopólio da solidariedade – sim, porque pouco sobre para a generosidade depois de pagar a enormidade de impostos que hoje a classe média suporta – como garantimos que, efectivamente, a redistribuição segue critérios de justiça? Não fica evidente que a solidariedade é uma das formas mais agressivas de capturar recursos para uns, em benefício de outros? Voltarei em breve a este tema, pegando em números em concreto.

6 pensamentos sobre “Ricos, remediados e pobres (II)

  1. Carlos

    1360 euros por mês?? O problema não está na falta de subsídios. Está no preço absurdo do dito lar e no montante absurdo de impostos que uma família com esses rendimentos tem que pagar.

  2. Pedro

    O Rodrigo está mesmo convencido de que se acabasse o tal famigerado “monopólio estatal” da solidariedade, à custa dos impostos, os privados chegar-se-iam à frente na ajuda a quem precisa? Mas o estado social não surgiu, historiamente, porque os privados demoravam a decidir-se a avançar em massa na caridade privada? Mas podemos repetir a experiência de há decadas atrás… ou talvez seja melhor não.
    Pedro

  3. Quem precisa já hoje, Pedro, é altamente ajudado por “privados”, ou seja, por cada um de nós. A questão é que há tantos recursos usados para erradicar a pobreza, e tanta pobreza por cobrir.

    Já olhou para a curva da distribuição das reformas? Acha mesmo que elas promovem alguma solidariedade?

  4. Pedro

    é ajudado por privados, porque o estado os obriga a ajudar. Se não fosse esta “crueldade” do Estado, este fascismo, estalinismo, o que lhe quiser chamar, muito mais gente do que agora passava fome. Era esse o meu ponto, Rodrigo.

    Pedro

  5. “Está no preço absurdo do dito lar e no montante absurdo de impostos que uma família com esses rendimentos tem que pagar.”

    Eu gostava era que o debate se centrasse na legislação que pode ser suprimida para que a concorrência não seja impedida de aparecer neste segmento de mercado ou que quando aparece, como vemos, seja a preços estupidos para poder recuperar todo o investimento em licenças e em “conformidades legais”.

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