13 pensamentos sobre “O problema são mesmo os bónus da AIG

  1. Luís Lavoura

    Embora tenha razão do ponto de vista numérico (os bónus são apenas um milésimo do valor do bail-out), deveria ter em conta que o problema dos bónus é moral, não financeiro.

    Financeiramente os bónus não são grande problema (apenas são um milésimo do problema). Moralmente é que o problema é grande. É o problema moral de os contribuintes estarem a dar bónus a pessoas que atuaram mal.

  2. Pois, em relação ao titulo do post, também achei que era ironia mas… altava o “!” ou mesmo os “!!!”.

    Quanto à minha outra discordância, a qual parece partilhar, mantém-se.

  3. lucklucky

    Volto a perguntar os bonus são mesmo bonus por performance? E se fossem não haveria regras internas sobre quando os aplicar?

  4. Luís Lavoura

    “o LL acha que o valor imposto aos contribuintes para salvar empresas falidas não suscita qualquer problema moral”

    JLP,

    errado. Nunca escrevi tal coisa. Eu concordo consigo em que o bail-out suscita um grave problema moral. Muito infelizmente, no entanto, penso que foi mesmo necessário incorrer nesse problema moral. Com grande tristeza minha.

    Já no caso dos bónus a pagar aos administradores, não vejo necessidade de incorrer nesse problema.

  5. Um dos grandes argumentos usados por muitos contra o sistema de remuneração variável das empresas prende-se com o aparente imediatismo destes face a decisões que podem demorar anos a ter efeitos, positivos ou negativos.

    Ora, há aqui duas questões muito importantes:
    1. Imeginem que a AIG até tem um sistema de remuneração que se baseava nos resultados acumulados dos últimos 10 anos. Seria um sistema mais sustentável e justificável do que um que apenas reflecte resultados do último exercício. No entanto, esse sistema pode originar chorudos bónus em ano de grandes perdas. Em que ficamos?

    2. Imaginem agora que alguém se lembra que os políticos, que tanto têm criticado os gestores por não sentirem na pele o impacto dos seus actos de gestão, são os primeiros a tomar decisões – como estes bailouts, a suportar durante décadas – cujas consequências nunca sofrerão na pele. Vivem do imediatismo do voto popular e não das reais consequências dos seus actos. Em que ficamos?

  6. JoaoMiranda

    ««Já no caso dos bónus a pagar aos administradores, não vejo necessidade de incorrer nesse problema.»»

    Mas há algum problema moral quando uma empresa paga bónus aos seus funcionários cumprindo contratos previamente assinados? Seria moral se violasse os contratos?

  7. António Mendonça

    Para JoaoMiranda:

    A questão do problema moral coloca-se em relação a todo o sistema de remunerações que esteve até recentemente em prática.

    O que sempre esteve em causa é o facto de não ter sido só o trabalho da divisão de produtos financeiros da AIG que motivou os bons resultados de 2005 e 2006 como também não foi só culpa da crise os resultados desastrosos de 2007 e 2008. O que é imoral aqui são os bónus que se dão quando os resultados são bons, sabendo de antemão que há mais variáveis para além da actuação dos traders no mercado, como é imoral dar bónus a esses mesmo traders quando o mercado está em baixo, desresponsabilizando-os.

    Porque se se é responsável pelas subidas, como explicar, seja a quem for, que não sejam as suas práticas que causaram também as descidas? Mas como tods sabemos que nem é o trader sozinho que coloca o mercado nos píncaros nem é o trader que o coloca cá em baixo, o que é imoral é fazer passar essa ideia de que o trader merece o bónus porque os resultados são x por ter sido a sua acção que os causou como também os merece quando os resultados são -x porque, coitado, nem foi sua a culpa. Ainda por cima, é ideia banhada a milhões.

  8. “Mas há algum problema moral quando uma empresa paga bónus aos seus funcionários cumprindo contratos previamente assinados? Seria moral se violasse os contratos?”

    JM

    Eu acho que não.
    A minha dúvida é outra.
    Se essas empresas não tivessem recebido o “bailout” tinham falido, certo?
    E se tivessem falido, ficariam diversos contratos por cumprir, designadamente o pagamento de bónus, não é verdade?
    Portanto qual é a logica duma empresa, receber um subsidio dos contribuintes para evitar o incumprimento de certos contratos e antes de ter a certeza que esse risco já não se corre, cumprir outros contratos, pelos os quais não foi de certeza subsidiada?
    .

  9. Eu também recomendo a leitura desta carta publicada no New York Times de Jack DeSantis, um dos vice-presidentes executivos:

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