Regresso à Idade da Inocência

Hoje a América acordou reconciliada com o mundo. “Hope”, “Change”, “Future”. E com três palavras mágicas, chegamos ao Nirvana, a tocha da Estátua da Liberdade voltou a ser a luz em redor da qual gira a Terra. A América conseguiu, de uma só penada, limpar a face de um país desprestigiado na cena internacional, levando o american dream aos setes cantos do planeta. Hoje, a Uncle Sam acordou bem disposto; à distância, olha no alpendre a sua nanny, matrona, que sentada na cadeira de baloiço toma no seu colo e embala com as suas canções uma esquerda renascida, que baba e ri, com a alegria própria da idade da inocência.

Agora, é só esperar ansiosamente pelo momento em que todos os líderes do mundo vão dar as mãos, em plena comunhão e experiência evangélica. Vai ser curioso vê-los, de olhos fechados, ao som do gospel, a gritar: “Hope”, “Change”, “Future”, “Hope”, “Change”, “Future”, “Hope”, “Change”, “Future”. Que cantem, não sete vezes, mas setenta vezes sete. As vezes que forem precisas. O mundo inteiro aguarda por este momento místico. E agradece.

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Obama tem o enorme mérito de ser o primeiro presidente da América que o mundo acolheu afectivamente como seu líder, liderança essa exaustivamente ratificada por sondagens globais que lhe dão uma expressiva “maioria absoluta”. Obama submeteu-se a um verdadeiro “sufrágio universal”. Por exemplo, em Portugal, Obama recolhe um prestígio e unanimidade que não estão ao alcance sequer de Cavaco ou Sócrates, por cá os mais populares. Sarkozy, Barroso, Brown, Merkel ou Zapatero vão ter de “comer muita fruta” para conseguir ombrear com Obama, e fugir dos seus ditames políticos; mesmo Chavez, Lula, ou Castro vão ter dificuldades em afrontar este político de palavras suaves e reconhecimento global: acreditar que Obama vai usar o seu prestígio caindo no multilateralismo é próprio de quem não percebe os mecanismos do Poder. A partir de Janeiro, o mundo vai conhecer, certamente, uma nova forma de unilateralismo, fértil em palavras simpáticas, sofisticação e glamour, transportado e legitimado pelos encantados media globais, no fundo, as grandes armas que Obama usou para se impor, pela força, a um planeta que se ajoelha perante o novo Messias. Obama não vai desiludir os seus eleitores globais; vai governá-los, como aliás os povos do mundo esperam, condicionando fatalmente os políticos que, sendo mais fracos, vão ter de ir beber da sua luz para sobreviver.

Depois de falhar pelo poder das armas, os EUA apostam no poder dos media. Os próximos tempos vão ser, como sempre foram, muito interessantes.

10 pensamentos sobre “Regresso à Idade da Inocência

  1. joão tomás

    o maior artifice da vitória esmagadora de obama foi o miserável bush. branqueado até á exaustão pela direita portuguesa. é dificil mas foi assim mesmo.

  2. lucklucky

    Obama só ganhou porque não houve atentados nos EUA depois de 11 de Setembro. Sem a parcial destruição e perca de credibilidade da Al-Qaeda não haveria Obama para ninguém. E isso quem fez foi Bush.

  3. Daniel Oliveira

    Nunca vi um candidato tão “esquisito” quanto obama. quem me derá se fosse pelo fato de ser negro, mas alguem que recebe apoio dos radicais do irã, dá arabia saudita, fidel castro, hugo chavez, lula, rafael correa, evo moralez, willian ayers, e da al-qaeda por tabeal, quando disse que maccain daria o mesmo resultado que bush, é a mesma coisa que Rooslvet ter apoio de Mussoline, Hitler e Stalin.

  4. Tom Joad

    Entao qual è o problema.

    Se tudo vai ficar na mesma… com a mesma arrogancia qual è o vosso problema. Os intocaveis vao continuar a se-lo. O capitalismo vai triunfar… levando atras de si o sangue dos inocentes.

    Podem continuar com as vossas masturbaçoes senis de apoio a ultra-fascismo-economico-liberalista.

    Aqui o pessoal de esquerda nao acredita neste mundo da politica. Mas convem dizer. Vale mil vezes o cretino do Obama (osama) que os cretinos do McCain ou do bush….

    A esperança carregamos dentro de nos… para dar e dividir.

  5. Tom Joad

    Bonifacius. Aqui o pessoal esta-se nas tintas para os teus espasmos imperialistas.

    Aqui o pessoal ja so se ajoelha perante a china. America e os seus neo-fachistas-ultra-libero-nazistas-da tanga ja passaram de moda.
    O imperio è agora outro.
    Este tb para mandar abaixo.

    Alguem ja se perguntou o seguinte: as relaçoes amorosas costumam terminar com a morte de um dos companheiros (excepto para o femenino dirigente da extrema direita austriaca e o seu antigo amor, que arda no inferno)… morreu o comunismo (qual comunismo) ou um tipo de comunismo…. esta na hora de morrer tb um tipo de capitalismo. O que me mete medo è que morrendo esta forma nojenta de capiotalismo aquela que vai nos governar agora sera aquele capitalismo ultraselvagem tipo dos anos 1850 que ja tb è praticado nos paises em via de desenvolvimento…. para vosso macabro prazer

  6. Miguel

    Basicamente o que muda é a equipa tecnica, os jogadores são os mesmos, as tacticas mantêm-se; a verificar apenas algumas nuaces no posicionamento dos jogadores. A finalidade é a mesma… Jogar para ganhar em todas as frentes.

    O mister é novo, não traz muita experiencia na bagagem, mas o clube é experiente, os jogadores também… O mister… Tem ganas de gañar

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