Obama, o redentor?

Hoje, Rui Tavares afirma, a dada fase, na sua crónica no Público, que “[n]o Ocidente, uma corrente em decadência – a dos neoconservadores – sempre desejou um conflito com o Irão. Relatórios dos próprios serviços secretos americanos, que dão o Irão como muito longe de ter armas nucleares, foram desvalorizados pelos neoconservadores, que mantiveram a necessidade de atacar“.

O movimento neoconservador está marcado pelo judaísmo, e pela defesa da guerra preventiva, traços que inspiraram – e de sobremaneira – a intervenção no Iraque. A doutrinação neocon da Casa Branca no sentido de um ataque ao Iraque não é sequer uma marca republicana, começou ainda no consulado Clinton, mas só com o 11 de Setembro a hipótese bélica começou a ser equacionada seriamente (até em contornos mais radicais).

Já uma fixação neoconservadora pelo Irão não é de “sempre“, como afirma Rui Tavares, mas recente, e ainda assim afirmada com pouca convicção; é mais reactiva, face às afirmações de Ahmadinejad contra Israel, do que propriamente consistente e consolidada ao longo dos tempos.

“[O] calendário neoconservador está a esgotar-se: resta o Verão e o Outono que aí vêm“, diz o Rui Tavares. Será? Eu acho que o Rui Tavares está em ansiedade, a sofrer em vão. O núcleo neocon, desde a saída de Rumsfeld e Cheney, tem pouco eco na Casa Branca, já não condiciona, nesta fase, aquilo que é a política de Bush: nem o neoconservadorismo está na corrida às próximas eleições, nem será Obama quem vai libertar o mundo dos falcões: os neocons já voaram de Washington para outras paragens.

Um pensamento sobre “Obama, o redentor?

  1. lucklucky

    Que confusão. Os neocon foram só uma pequena parcela daqueles que apoiaram a invasão do Iraque. Foi um membro, Ex-Conselheiro para o Medio Oriente da Administração Clinton, que escreveu um Livro chamado The Threatening Storm: The Case for Invading Iraq.
    Ele faz parte do Brookins Institute um think thank centrista ligado ao Partido Democrata.

    Ou a opinião do Senador Rockefeller que acabou de mandar cá para fora um relatório em que as conclusões para a imprensa contrariam os dados:

    ‘Bush Lied’? If Only It Were That Simple.

    http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2008/06/08/AR2008060801687.html

    E as suas próprias palavras em 2002:

    “There has been some debate over how ‘imminent’ a threat Iraq poses. I do believe Iraq poses an imminent threat. I also believe after September 11, that question is increasingly outdated. . . . To insist on further evidence could put some of our fellow Americans at risk. Can we afford to take that chance? I do not think we can.”

    A propósito coisas que não aparecem por cá:

    Uranium shipped to Montreal from Iraq in top secret mission

    http://www.cbc.ca/world/story/2008/07/05/saddam-uranium.html

    “Relatórios dos próprios serviços secretos americanos, que dão o Irão como muito longe de ter armas nucleares, foram desvalorizados pelos neoconservadores, que mantiveram a necessidade de atacar”

    Talvez o Rui Tavares devesse ler o relatório. Está online.

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