Caro Filipe, fui ler o Ferreira Fernandes e que diz ele? Que a carta do Rosa Coutinho apareceu num jornal sul-africano em 75 e:
Pois é, o documento é falso. Basta lê-lo.
Eu li-a e sei porque é falsa: porque sim.
E que sei eu? O seguinte: é verdade que a dada altura e por ordem do palhaço, a PSP foi substituída por patrulhas conjuntas dos três movimentos. Só estando lá se pode saber o que isso significou e as consequências que teve, nomeadamente em Luanda. Na minha família houve quem o sentisse na pele;
É verdade que o verme favoreceu o MPLA tanto quanto pôde e a desgraça que se seguiu tem a mão dele e do PCP;
É verdade que na casa onde eu morava com os meus pais e irmãos, numa quase aldeia perto da Gabela, 400 km a sul de Luanda, entraram três soldados (um do MPLA, outro da FNLA e outro da UNITA) fortemente armados (incluindo um RPG, desse lembro-me que me assustou) cujo papel era desarmar os brancos. Para quê e por ordem de quem? Do filho da puta. Não levaram duas caçadeiras do meu pai que estavam no armário do meu quarto, porque, por sorte, foi o soldado da UNITA que lá entrou e eu tinha um poster com a bandeira desse movimento por ali. Tanto quanto me lembro, no caso e na zona as coisas correram bem, não houve problemas, noutros sítios não foi assim. Há quem possa testemunhar e talvez o Ferreira Fernandes possa fazê-lo.
De comunistas arrependidos, meu caro, quero distância. Alguns até dão em neo-cons e outros em social-democratas, vê lá.
As caçadeiras acabaram por ficar onde estava guardadas.
A carta não tem nada de especial para um Dirigente Comunista. Sempre funcionaram assim na guerra. Nos casos em que não há raças é só substituir os brancos por burgueses…
A questão é que entre essas atrocidades (sim, Rosa Coutinho é nojento) e ter escrito uma coisa daquelas ainda vai uma distância ENORME.
O Rosa Coutinho será um verme e um filho da puta e mais qualquer coisa. Não duvido nada. E obrigado por ter partilhado a sua história connosco. Mas todos temos histórias más, e muitos de nós que estão a ler, têm histórias de vida bem piores do que essa. Mas a questão aqui é A Carta. A pergunta é (se é que é conveniente perguntar isso…): o Rosa Coutinho escreveu essa carta? Ou a verdade é relativa, caro Helder?
“Rosa Coutinho escreveu essa carta? ”
Não sei. O que o FF diz não chega mas admito que não a tenha escrito.
Ó Helder,
Também eu tenho as minhas raízes em Angola.
Por isso te digo que se a Unita ou a FNLA tivessem prevalecido, hoje muito provavelmente não haveria Angola. Ou então seria uma espécie de República Democrática do Congo (dá para perceber a diferença, não?)
Hoje, cada vez mais portugueses regressam a Angola, para aí trabalharem e viverem. Porque Angola está na senda da estabilidade política e em franca recuperação económica, ao contrário de outras nações africanas, de exemplar colonização inglesa até, mergulhadas no caos (vide o Quénia). Podem não gostar de ouvir, mas a governação de José Eduardo dos Santos até teve os seus méritos, apesar de tudo. Ele consolidou o Estado angolano, a caminho de se tornar uma potência regional.
P.S. Como foi possível acreditares num apócrifo, coisa de sul-africanos ressentidos com as derrotas militares em 75? Bem, o António Barreto também acreditou.
Abraço,
Luís Marvão
“De comunistas arrependidos, meu caro, quero distância. Alguns até dão em neo-cons e outros em social-democratas, vê lá.”
Há casos e casos mas parece-me um bom princípio ter precaução acrescida.
A carta parece de facto falsa. Pelo modo como está redigida, faz-me lembrar alguns artigos/reportagens tidos como factuais que se publicam na imprensa portuguesa “de referência”…
Já li traduções de muitos textos comunistas, é certo que eram de russos ou chineses , não eram diferentes daquele no amoralismo total. Aliás só isso explica a escolha do terror que os movimentos comunistas ou de extrema esquerda têm sempre que estão em conflito. Com isto quero dizer que o que está escrito não torna o texto especialmente suspeito de falsidade. Não nego claro que possa ser falso, para saber se era verdadeiro teria de se analisar o papel e provavelmente ter testemunhas.
Acho piada (pouca)à tendência aqui manifestada para se acreditar que a carta do R.Coutinho é falsa.O certo é que ninguem provou a sua falsidade,Essa é que é essa.De resto,o seu teor não colide nem se afasta da linha e da acção “política” do malfadado almirante em Angola.O que me espanta é a adesão de certas pessoas deste blogue à crença de que a carta é falsa.Naturalmente é politicamente correcto…Chegámos a isto.
De facto, Rosa Coutinho foi um santo em Angola e qualquer dia será Anjo no céu.
Se a Madre teresa de Calcutá nunca faria uma coisa dessas, como é possível o Rosa Coutinho ser acusado de tamanhas MONSTRUOSIDADES.
Fica a pergunta: alguém sabe, por acaso, o que é que ele faz agora? estará a ter RETORNO dos BONS SERVIÇOS prestados? E que tipo de serviço? Limpo?
Ai não sabem … então tentem saber o carácter deste santo na terra e anjo (próximo) no céu. Talvez não seja surpresa para alguns e, para outros, é tão mentira quanto a carta que “não” escreveu. Haja paciência!
Luis MArvão,
Gostava de ter os seus olhos para poder ver Angola da mesma forma com que voçê a vê! é obra…