Coisas estranhas estão a acontecer

A Semana Política
14/01/07-20/01/07

Passam-se coisas estranhas neste país. Nuno Melo disse ser uma vítima de uma vasta conspiração da direcção do seu partido, o Procurador-Geral da República considera, sem ver nisso grande problema, que o “segredo de justiça será sempre violado”, e Odete Santos louvou, na SIC Notícias, um falecido pastor evangélico do sul da América. Mas nada tão estranho como a supreendente discrição com que Francisco Louçã tem participado na campanha para o referendo sobre a questão do aborto. Não consta que ele tenha sido visto “agrilhoado” ou a ser transportado em helicópteros (afinal, Portugal ainda não é um daqueles regimes que o dr. Louçã em tempos admirou), mas se descontarmos as insinuações contra os “milionários anónimos” que apoiam a Plataforma Não Obrigado, e um ataque a Marcelo Rebelo de Sousa (algo que é sempre de louvar, convenhamos), Louçã pouco tem aproveitado as oportunidades que o tema oferece para deixar correr livre como uma gazela a demagogia que tem fervilhando dentro de si. Ao invés, o BE tem aparecido na campanha com a cara da “dra.” Natasha Nunes, o que só será um passo em frente se o que seguir for um precipício. Se o leitor tivesse, como em tempos aconteceu a este seu servo, sido confrontado pela dita jovem tentando convencê-lo a participar numa greve estudantil, certamente ficaria a achar que até o dr. Louçã tem uma personalidade mais cativante.

Entretanto, pareceu ter descido à Terra, não o conjunto de banalidades típico de apresentações de projectos governamentais, mas Cristo em pessoa (a RTP, pelo menos, não esteve muito longe de o dizer). O Quadro de Referência Estratégico Nacional (um nome muito burocrático para a Salvação) anunciou aos fiéis a forma como os fundos europeus serão aplicados na “construção” de um “novo país” em “sete anos”. Apostando na “qualificação dos recursos humanos”, na “inovação nas empresas” e na prioritária “formação” dos “jovens para o futuro”, o Governo pretende que Portugal se torne um “país mais culto”, “mais capaz de se afirmar no mundo”, que não desista do “progresso e da justiça social” e (como se não lhe bastasse um país que acredita em todas as promessas que o Governo lhe faz) um país que “acredite em si próprio”. Claro que houve algum cepticismo (Arlindo Cunha, do PSD, por exemplo, veio alertar para as “suspeitas” de que o Governo possa vir a usar este programa para “disfarçar o desemprego” ou “até financiar a despesa corrente do Estado”), mas a vasta maioria dos presentes ficou convencida com o visonamento do vídeo apresentado pelo Governo (uma arma que nem Cristo nem Carrilho souberam usar devidamente).

Uma outra Segunda Vinda terá estado a ser pensada nos corredores da Assembleia da República e nos gabinetes dos deputados do PSD. Alguns deles, agastados com a “falta de vivacidade” de Marques Guedes (aparentemente, este último não segue o exemplo dos deputados japoneses que contestam as propostas governamentais com os punhos), terão convidado, por “duas vezes” (quase tantas como as que Jorge negou a Pedro na parábola bíblica da Dissolução), Santana Lopes a candidatar-se ao cargo de líder da bancada parlamentar. Este terá recusado, porque apesar de gostar “muito de política” e de “ser deputado”, “mais nada” existe para além disso. Não seria estranho se Santana se lembrasse de si próprio para o cargo. Afinal, este homem que julga ter ao seu dispôr vastos “exércitos” prontos a carregá-lo aos ombros é, sem dúvida, o melhor amante que um espelho pode ter, nunca se cansando do seu próprio reflexo. Mas mais estranho é que ainda existam deputados do PSD que considerem que o “guerreiro menino” seria uma boa hipótese para os liderar no hemiciclo, e mais estranho ainda é o facto de Santana Lopes ser mais sensato que eles, e ter recusado.

Multiculturalismo e diálogo inter-religioso

The military regime in Burma is intent on wiping out Christianity in the country, according to claims in a secret document believed to have been leaked from a government ministry. Entitled “Programme to destroy the Christian religion in Burma”, the incendiary memo contains point by point instructions on how to drive Christians out of the state.

The text, which opens with the line “There shall be no home where the Christian religion is practised”, calls for anyone caught evangelising to be imprisoned. It advises: “The Christian religion is very gentle – identify and utilise its weakness.”

Its discovery follows widespread reports of religious persecution, with churches burnt to the ground, Christians forced to convert to the state religion, Buddhism, and their children barred from school.

Pode ler, o resto no Telegraph.

Em tempo real

Oportunidade única para o mundo saber, em tempo real, o estado de saúde do ditadoreleito Fidel Castro, tal como as consequências das iniciativas legislativas de Chavez.

La cadena internacional Telesur, promovida por Hugo Chávez y Fidel Castro, tiene previsto hacer llegar su señal antes de mayo a Europa, donde pretende abrir sus dos primeras oficinas, una en Madrid y otra en Londres.

Os amigos são para as ocasiões

Democrata como poucos homens (e mulheres) no universo e verdadeiro defensor da especificidade cultural e política local, construíu um partidoestado tão forte que apenas permitia a existência de um partido único, o seu. Se o socialismo africano, teve vários rostos, o seu foi dos mais eficazes e retratados. Foi o pai (e a mãe) do humanismo zambiano. Avô Kenneth Kaunda, já tinha saudades.