Entretanto é Carnaval, a crónica de Alberto Gonçalves no Observador.
(…) E nesta dimensão cabe o que calha, de um PM literalmente indescritível a um PR viciado em palminhas, passando por um parlamento sequestrado por gangues e presidido pelo molde de onde saem os laparotos. Pode-se descer mais? Pode, se adicionarmos ao caldo a maioria dos “media”, hoje empenhada em ignorar os factos que prejudicam a “corte” e em difundir os delírios que lhe amparam o descaramento. Entre parêntesis, aproveito para avisar os editorialistas que começaram por se atirar prestimosos aos “offshores”: aparentemente, a história é para esquecer.
Contas feitas, fica a impressão esquisita de que se chegou a um ponto sem retorno, de que já se está por tudo, e de que nada – incluindo recorrer a truques infantis para ocultar a pândega da “Caixa”, enviar o evangélico Louçã para o Banco de Portugal, depositar em juiz amigo o futuro do eng. Sócrates ou prometer 700 euros mensais a “jovens” (até aos 30 anos, que a juventude é um estado de espírito) que não estudam e não trabalham – é demasiado grotesco. Enquanto isso, sempre que não se encontra na televisão a louvar os respectivos donos, o país oficioso dedica-se a declarar intoleráveis o sr. Trump e o livro de Cavaco Silva.
Nem todos os regimes caem mediante revoluções abruptas. Às vezes terminam assim, com o sumiço gradual e festivo do que restava da legitimidade e da razão. Um dia acorda-se e a democracia que bem ou mal reconhecíamos foi-se, para surpresa de muitos e deleite de alguns. A merecida desilusão dos primeiros não nos compensará pela impunidade dos segundos. Entretanto é Carnaval, mas ninguém nota a diferença. (…)
Foi num debate com Catarina Martins: “Os esquerdistas passam a vida toda a produzir discursos, mas são incapazes de resolver um problema concreto a uma pessoa”. O camaleão não se lembra?
Com a leitura continua dos artigos do AG pode se compreender porque é que o Daniel Proença de carvalho não gosta dele. Mais uma vez obrigado pela lucidez deste escrito!
“A merecida desilusão dos primeiros não nos compensará pela impunidade dos segundos.”
Uma mundivisão completa nesta frase.
“um parlamento sequestrado por gangues e presidido pelo molde de onde saem os laparotos. Pode-se descer mais?”
Realmente chamar de gangues aos partidos democraticamente eleitos, é difícil descer mais.
Discordo. Acho que “chamar de gangues” até é bastante fofinho.
O que o “ANTICAPITALISTA” está a dizer no comentário acima é que se está nas tintas para a democracia (“maiorias”, “minorias”, etc).
De resto, comunistas e fascistas têm em comum a aversão à liberdade e à democracia.
A diferença é que os comunistas vão ainda mais longe no grau de totalitarismo e na liquidação fisica de reais ou potenciais ou hipotéticos dissidentes e opositores.
Os comunistas portugueses combateram a ditadura salazarista não pela liberdade (a não ser a deles) mas sim com o objectivo de, seguindo um modelo golpista rodado históricamente muitas vezes com sucesso, a substituirem rápidamente por um regime totalitário comunista, muitissimo pior.
Foi o que tentaram a seguir ao 25 de Abril de 1974 com o “PREC” e ainda hoje alimentam a esperança de que um dia, num momento de instabilidade e confusão, o que chamam “25 de Abril” possa ser retomado e completado !
Bom, ou me enganei de post ou o comentário do ANTICAPITALISTA foi eliminado !… 🙂
Foi reciclar, pobrezito.