Incompetência

Quando um grupo de deputados aprova a realização de um referendo sobre uma determinada questão, está a declarar-se incompetente para legislar sobre a mesma, e para exercer a sua função representativa dos cidadãos, função para a qual todos os deputados foram eleitos. Nada que os cidadãos em geral já não pensem acerca deles. A diferença está em que os deputados parecem achar que a sua incompetência é limitada, enquanto na rua, a opinião será certamente outra.

15 pensamentos sobre “Incompetência

  1. tina

    Não concordo nada com a tese de incompetência. Isto é apenas a forma mais direta de demcocracia que existe, que é tão saudavelmente aplicada nos Estados Unidos, em que os eleitores têm também de votar em mil e uma questões que lhes são apresentadas.

  2. JP

    Isso é verdade, mas o que se está a passar neste momento é, independentemente da razão sobre o tema, uma quase criminalização do referendo, o que tem lógica: na altura foi bonito dizer ao povo que agora tinha voz. E isto é muito mais grave do que o tema em discussão. O desprezo pela capacidade de decisão do tão amado povo é total, indisfarçável, e está a superar largamente a discussão da co-adopção. Mas para o aborto serviu.

  3. 7anaz

    Quando essa matéria é sensível, como esta, aliás, nem sei como foi votada há algum tempo atrás a lei da co-adopção na generalidade,e quando ela não consta dos programas eleitorais dos partidos políticos que se apresentam aos actos eleitorais, sim, essa matéria deve ser referendada. Eu quero votar pessoalmente essa matéria, sim.

  4. Carlos

    O governo pode recorrer ao povo para tomar determinadas decisões, sem que seja chamado de incapaz.

    Em relação à co-adopção entre casais do mesmo sexo, a questão remete sempre para os homossexuais. E se duas irmãs que nunca casaram, quiserem cuidar de uma criança? Será que devem ser impedidas? Também vão ‘contaminar’ a criança, ou não saber dar-lhe educação sexual adequada?

  5. Nao concordo com a tese da representatividade. E se eu nao desejar que ninguem me represente?

    E mais, e de onde vem o “poder de legislar”, tendo em conta que:
    1 – Qualquer cidadao “A” nao tem o poder de legislar;
    2 – Qualquer cidadao “B” nao tem o poder de legislar;
    3 – “A” + “B” nao tem o poder de legislar;
    4 – “A” + “B” + “C” + … + “Z” + … nao tem poder de legislar!

    Paralelamente e’ geralmente aceite que:
    5 – O deputado “A” representa o grupo de cidadaos (4);
    6 – O poder de legislar foi-lhe “delegado” pelos mesmos;

    Questao: Se (4) nao tem poder de legislar, como e’ que podem delegar um poder que nao tem?

  6. Rui Sousa

    O Estado não tem o direito de fazer referendos sobre questões do foro privado de cada família. Simples. Nem venham com as balelas da “família tradicional”. A adopção é um assunto que apenas diz respeito ao casal, à casa de cada um. Em outras questões muito mais importantes e determinantes na vida da população portuguesa poderiam ter feito referendos

  7. A. R

    A já parvoice de chamar casamento aos emparelhamentos deixa a caminho outras parvoíces que agora até metem a dignidade da criança. A cada criança uma família a sério e não “famílias de vão de escada” e muito menos o conceito de a cada “família” uma criança.

  8. Rui Sousa

    E qual é o conceito universal de “família a sério?” Uma família com posses económicas, empregos com remuneração satisfatória, boas condições de habitação, mentalmente sãs não podem adoptar crianças por serem do mesmo sexo? Não sei onde é que o desenvolvimento físico, motor e psicológico de uma criança pode ser afectado por ter duas mulheres ou dois homens a educarem-na. A criança tem direito, acima de tudo, a uma família.

  9. JP

    “Não sei onde é que o desenvolvimento físico, motor e psicológico de uma criança pode ser afectado por ter duas mulheres ou dois homens a educarem-na.”

    O problema é mesmo esse: não perceber!

  10. Rui Sousa

    Certamente o JP dirá porque é que eu não percebo. Algum conceito mais poderoso do que é a família que eu nunca tenha ouvido falar…

  11. Carlos

    “O Estado não tem o direito de fazer referendos sobre questões do foro privado de cada família. Simples. Nem venham com as balelas da “família tradicional”. A adopção é um assunto que apenas diz respeito ao casal, à casa de cada um.”

    E isto, que já me cansa ver repetido por todo o lado, quer dizer exactamente o quê?
    Que qualquer adopção, por quem quer que seja, é legal, é isso?

  12. Rui Sousa

    Adopção por casais hetero e gay, até por solteiros, porque não? A criança tem direito a uma família digna, acima de tudo. Sejamos sinceros: a ideia do que é a família e de qual o melhor ambiente para a criança mudou muito nas últimas décadas. O Estado pode impor criterios rígidos para a adopção, mas não definir de que sexo é que sao os pais

  13. JLeite

    Mas porque é que os artistas da a.r. entendem que têm que se meter nas relações entre pessoas? Elas são competentes o suficiente para tratar da sua vida e até já têm as ferramentas necessárias para o efeito.
    No caso em concreto, se há alguma coisa a perguntar a alguém é à criança, não é a mim nem a outro qualquer que nada tem a ver com o assunto.
    A a.r. que se dedique a ver em que mais coisas não tem nada em que se meter. Era um grande favor que fazia aos pagantes.

  14. tina

    “No caso em concreto, se há alguma coisa a perguntar a alguém é à criança, não é a mim nem a outro qualquer que nada tem a ver com o assunto.”

    Seria importante haver mais dados sobre o impacto nas crianças. Dois problemas já foram identificados: efeito na sua própria sexualidade e serem vítimas de gozo na escola. Por outro lado, talvez a partir de uma certa idade, estes efeitos já não sejam importantes. Também há o perigo de a criança ser abusada. Ainda é muito cedo para haver estatísticas, mas se houvesse, quase de certeza absoluta que registariam casos de abuso.

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