Comissão Europeia revê em baixa programa de reforma do Estado e aumenta as folgas nas previsões

Imagine-se que as previsões da Comissão Europeia, além de serem negociadas com os governos a que dizem respeito, muitas vezes tendo como principal objectivo domesticar os misteriosos espíritos animais mais do que prever verdadeiramente o que quer que seja, além do mais incorporam informação sobre quantidades, que resultam de opções políticas, elas sim, seguramente negociadas com os governos, sobretudo se os governos estiverem em regime de rédea curta sob a sua alçada. Então, os célebres 4.000 milhões de euros de cortes permanentes na despesa, anunciados como restrição imperetrível para a concepção da reforma do Estado, estão reduzidos a 2.900 milhões. O PIB previsto pela Comissão para 2014 é de 166,5 mil milhões e:

  • The deficit is expected to reach 2.9% of GDP in 2014. This projection crucially hinges on the projected economic recovery starting from mid-2013. It also includes expenditure-reducing measures worth at least 1¾% of GDP. With a view to identifying these measures, the authorities are conducting a comprehensive expenditure review to improve public services efficiency and to generate large permanent savings. The results will be presented during the 7th review of the Economic Adjustment Programme for Portugal and further specified in the 2013 Stability Programme.

Faz todo o sentido. Nas «previsões» europeias, a «previsão» de um excedente primário de 2,5% do PIB em 2014 passou a uma «previsão» de 1,8%, tal como a «previsão» de um excedente primário este ano, de 0,2%, passou a um défice de -0,5%. Suponho que a considerável folga concedida nas previsões da «Europa» para Portugal, neste e no próximo ano, seja absolutamente insuficiente para aqueles que acham que os nossos problemas se resolvem com mais tempo (sem os resolver). Mas elas serão sempre insuficientes. É de lei.

2 pensamentos sobre “Comissão Europeia revê em baixa programa de reforma do Estado e aumenta as folgas nas previsões

  1. Rb

    Bem, é completamente diferente estruturar um programa de ajustamento com uma intensidade para 3 anos e, volvido esse tempo, perceber que o ritmo imprimido não resultou, do que fazê-lo num espaço de tempo maior previamente elaborado. Não é a mesma coisa programar a tesouraria de um projecto para 5 anos e programar um projecto para 3 anos, seguidos de mais 2 anos por força das circusntancias.
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    O esforço imprimido à tesouraria é incompativel com a libertação de meios da mesma.
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    Caso contrario, se o prazo não interessar, se a intensidade dos cortes não for relevante, então pode reduzir-se a coisa ao ridiculo e achar-se que o melhor ajustamento é cortar 100% do defice logo no primeiro ano.
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    E se é certo que este governo devia ter começado por cortar fortemente na despesa, não é menos certo que em simultaneo devia ter baixado as taxas de imposto dos impostos directos. Precisamente porque os efeitos recessivos dos cortes seriam compensados por estimulos ao crescimento de riqueza provocado pela redução das taxas de imposto.
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    Sendo certo que, baixar taxas de imposto não significa baixar receita fiscal.
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    Ricciardi (rb)

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