Barack Obama chegou a Washington prometendo uma mudança na política externa norte-americana. Com ele, os EUA deixariam de agir sozinhos, preocupar-se-iam com os interesses dos aliados e falariam com os inimigos. Para Obama, a América teria de recuperar a sua superioridade moral e para isso seria obrigada a conversar e para tal, a ouvir.
Obama tem seguido esta linha no que diz respeito ao mundo muçulmano, mas já não relativamente à China. Na verdade, apenas 11 dias depois da sua tomada de posse Obama falou com o presidente chinês Hu Jintao, e quando este visitava vários países europeus. Algo estranho tendo em conta que a China é uma potência mundial.
É interessante denotar a diferença que se começa desenhar entre o que pode ser a Administração Obama e a que foi a de W. Bush. Enquanto esta foi agressiva com as ditaduras muçulmanas e condescendente quanto baste com a chinesa, aquela caminha no sentido contrário: Apazigua os árabes e parece hostilizar os chineses.
Foram raras e tímidas as vezes que Bush mencionou, aos dirigentes chineses, as violações dos Direitos Humanos praticadas por Pequim. Bush nunca se referiu directamente à baixa cotação da moeda chinesa (como fez o novo secretário do Tesouro de Obama), que tem sido referida nos EUA como uma das culpadas pela actual crise financeira. Bush, se no mundo árabe foi um falcão, já na Ásia não passou de uma pomba. Foi cuidadoso e pragmático. Realista, até. Um autêntico seguidor da velha tradição do Partido Republicano. Os resultados estão à vista e sujeitos a uma brilhante análise na última edição da revista The America Interest (disponível apenas para assinantes).
Com Obama, e fruto da forma como tem iniciado o seu mandato, o regresso à velha da escola do Partido Democrata (a ênfase nos Direitos Humanos, acima de todas as consequências) parece estar na forja. Teremos de esperar para ver e a visita na próxima semana de Sra. Hillary Clinton à China será um bom indicador.
Um espectador pouco perspicaz , que é o meu caso, começa a albergar a suspeita de que os U(até ver)SA se estão a aproximar bastante do modelo europeu , civilizado, dialogante , pacifista e cristão ao ponto de dar a outra face (menos em relação a Israel…)ao inimigo, perdão, ao Outro, em linguagem “progre”.
Claro que a Santa Rússia agradece – “redução a 80%, disse?…”