As relações EUA-UE e a reeleição de Obama

O meu artigo do Diário Económico de hoje, sobre o que pode a Europa esperar da reeleição de Barack Obama.

Divergências

Apesar da cada vez maior atenção que a América dá à China e à região do Oceano Índico, a reeleição de Obama será da máxima relevância para a Europa. Terá repercussões na política e na economia do Velho Continente, tal como no seu equilíbrio interno.

Os últimos 4 anos foram marcados por uma diferença no modo como os EUA e a UE encaram a crise orçamental dos estados: enquanto a Administração Obama anteviu na impressão de dinheiro pelo FED uma das soluções para o problema, o governo de Merkel viu nela uma forma de o agravar. Berlim pretende reduzir a dívida pública para que os Estados sejam solventes e possam continuar; já Washington considera que o governo deve ter um papel preponderante na ultrapassagem desta crise, investindo o dinheiro dos contribuintes no investimento público. Faltando o dinheiro, este fabrica-se. Algo que Merkel considera uma batota que distorce o funcionamento equilibrado da economia. Esta diferença de entendimento, entre os dois lados do Atlântico, de qual deve ser o papel do Estado, é a aplicação prática do debate da actualidade: qual é o motor da economia? O Estado ou os cidadãos livres numa economia privada?

Mais quatro anos de Obama na Casa Branca acentuarão estas diferenças e pressionarão os governos europeus a desistirem do caminho que escolheram. Servirá de pretexto para outra opção, mais apetecível para os políticos que precisam de dinheiro fácil para ganhar eleições. Acentuará também as divisões na Europa, não apenas entre Norte e Sul, mas entre Berlim e Paris. Não é difícil imaginar o que faria Hollande, caso pudesse fabricar moeda. O balão de oxigénio que tal opção lhe daria, permitir-lhe-ia governar com dinheiro à disposição para gastar e distribuir: escrevendo mal e depressa, para comprar votos e apoios. Algo que lhe garantisse a reeleição em 2017. Obama, contrariando Merkel, pode vir a ser não só uma farpa nas relações germano-americanas, mas também dentro da própria Europa.

4 pensamentos sobre “As relações EUA-UE e a reeleição de Obama

  1. É óbvio que a solução de Obama é só adiar o problema. Além de fabricar dinheiro, pedem dinheiro emprestado à China e a dívida está a crescer ao ritmo de 4 mil milhões de dólares por dia (!!!). Uma grande percentagem (40% ?) é para pagar juros. O que vai acontecer é que quando, graças a Merkel, a Europa estiver a recuperar, os EUA, estarão a bater no fundo. Mas que mais poderia esperar-se de uma pessoa de esquerda a governar e de uma pessoa de direita a governar?

  2. A realidade nos obriga a pagar o banquete, mais dia, menos dia. Apesar de não passar de um truísmo, existirá sempre um alucinado a criar tudo do nada.

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