O mito da Razão

A ideia de que a razão deve ser a fonte única de todas as decisões humanas nega aquilo que é típico do homem, a sua subjectividade, por um lado, e a sua natureza imperfeita, por outro. A par do fanatismo religioso não há nada mais perigoso do que a idolatria da Razão, essa perseguição de uma ordem pura, que a todos se impõe, como que por descoberta. Essa objectivação, ética e moral, torna as sociedades monolíticas e intolerantes. A religião segue uma Razão externa, mas dentro das limitações humanas, apenas compreensível no contexto da Fé. A religião escapa da intolerância, quando não esquece que persegue uma dimensão que não é temporal, e está ao serviço do Amor (que no plano terreno representa a chave para a tolerância). Um laicismo que se objectiva, que se quer impor nos planos ético e moral, é fonte de intolerância, asfixia a sociedade, impede a pluralidade. Os limites à subjectividade devem ser apenas os que são naturais ao homem, os que resultam da sua própria essência, que dão sentido à sua existência: o direito à vida, o direito a ser em liberdade, e tudo o que isso implica; em todos os restantes planos, impõe-se a tolerância, uma das conquistas mais importantes das civilizações ocidentais, herança do liberalismo e da nossa tradição cristã. Sociedades que negam a subjectividade, que querem impor uma razão laica, representam um retrocesso, um desperdício face ao que foram algumas das conquistas civilizacionais mais importantes conseguidas – tantas vezes por linhas tortas – nos últimos séculos.

7 pensamentos sobre “O mito da Razão

  1. lucklucky

    Entretanto…

    Islamic theologian says Mickey Mouse must die
    Sunday, 14th September 2008. 7:47pm

    By: George Conger.

    Mickey Mouse must die for the good of Islam, a leading Saudi cleric said last month in a broadcast on al-Majd TV.
    On Aug 27 Sheikh Muhammad Al-Munajid told viewers of a religious affairs programme that mice were agents of Satan and that Sharia law called for the extermination of all mice: from the common house mouse (Mus musculus) to cartoon mouse (Mickey Mouse).
    A former diplomat attached to the Islamic Affairs Department at the Saudi embassy Washington, al-Munajid appears regularly on Saudi television to discuss religious and ethical topics.
    On Aug 10 he denounced the Beijing Olympics as the “bikini Olympics,” saying the immodest dress of women athletes was “satanic” and earlier issued a fatwa, or religious edict, against women’s participation in the Olympics as the games were also “satanic”.
    Al-Munajid’s aversion to sports is not new. In 2005 he denounced soccer, saying the short pants worn by players “reveal nakedness.” He called for a ban on women’s sports and public exercise as to do so would require them to don “tight fitting, short” tunics that were offensive to Muslim decorum.
    According to a translation of the broadcast prepared by the Middle East Media Research Institute, al-Munajid was asked to state the Islamic legal teaching on mice. He responded that mice were called “little corrupters” in Sharia and it was permissible to kill them at all times.
    “The mouse is one of Satan’s soldiers and is steered by him,” he explained, adding that should a mouse come in contact with food, the food must be disposed of as the mouse is an impure creature.
    “According to Islamic law, the mouse is a repulsive, corrupting creature,” al-Munajid said, adding that he was concerned that popular culture had given mice an undeserved positive image.
    “How do you think children view mice today – after Tom and Jerry?” he asked.
    “Even creatures that are repulsive by nature, by logic, and according to Islamic law have become wonderful and are loved by children. Even mice. Mickey Mouse has become an awesome character, even though according to Islamic law, Mickey Mouse should be killed in all cases.”

    http://www.religiousintelligence.co.uk/news/?NewsID=2771

  2. Daniel Azevedo

    Caro Rodrigo Adão da Fonseca

    “Sociedades que negam a subjectividade, que querem impor uma razão laica, representam um retrocesso, um desperdício face ao que foram algumas das conquistas civilizacionais mais importantes conseguidas – tantas vezes por linhas tortas – nos últimos séculos.”

    Como é que uma sociedade nega a própria subjectividade? Negando a própria natureza do Homem?
    Não, meu caro. O que se impede é certas ‘subjectividades’, que no passado eram impostas, de exercerem o poder de outros tempos.E isso chateia muita gente.
    O rebanho começa a interrogar-se e a ter dúvidas.
    E as dúvidas são logo designadas como ‘ditaduras’ da razão.
    Quem me dera que estivéssemos obsecados com a ‘Razão’ os primeiros a sofre seríam os politicos!
    Agora querem vender a nova ‘razão pela fé’ mas como dizia o José Cid: “O tempo que passou não volta mais!”

    Do meu ponto de vista a ‘Razão’ demonstra-se, a fé tem-se ou não – não há aproximações à fé.

  3. Jose Simoes

    Isso da religião é muito bonito, mas a qual devo aderir? Há tantas para escolher que fico confuso e não consigo escolher, e elas contradizem-se, e assim não sei se devo/posso comer carne de porco ou se o cão é nojento ou o melhor amigo do dono, se Jesus é filho/parte de Deus ou não.

    Acha que a SUA religião é de algum modo mais perfeita que as outras todas?

    José Simões

  4. marcelo

    A Razão é tão mitológica quanto qualquer outro mito da Antiguidade. Mais uma invenção do gênio humano em suas tentativas de explicar o entorno e o seu funcionamento psiquico. O ser humano age pela emoção e, contrariando Descarte, “existo, logo sinto, logo ajo, depois penso”. A Razão escraviza, e a emoção liberta!

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