Portugal é o 2º país com “law of return”

Sei que a notícia já é de julho, mas só hoje me apercebi de que – depois de Portugal ter sido o 2º país do mundo a abolir a pena de morte – Portugal é também o 2º país do mundo a instituir a lei do retorno. Podem ler a notícia no Times of Israel.

À ordem de: Portugal

scheck-griechenland

Se há exercício que não me apraz fazer, é o da previsão. Mas nada é tão certo, tão expectável, quanto a recorrência ao argumentário de que a solução para Portugal está lá fora. No Banco Central Europeu, na solidariedade europeia, na federalização, na mutualização da dívida, num cheque em branco à ordem do país.

O discurso ancora-se no que o Banco Central Europeu pode fazer por nós. Permite resolver crises de liquidez? Sim. Permite ganhar algum tempo? Claramente.

Mas o crucial nesta discussão é o que o BCE não pode fazer por nós. Continue a ler “À ordem de: Portugal”

Leitura recomendada

“Mitos de Verão: a incompetência não começou agora” de Nuno Garoupa (Jornal de Negócios)

Diz-se que, nas últimas décadas, Portugal tem sido governado por jotinhas. Profissionais da política sem qualquer outro percurso profissional. Gente com licenciaturas ao domingo, por correspondência, ou por mérito obtido em ranchos folclóricos.(…) Sem dúvida que os Drs. ou Engs. das licenciaturas modernas lusófonas que nos governam prestaram e prestam um péssimo serviço ao país, mas as profundas deficiências estruturais da economia e da democracia portuguesa não foram criadas por eles. Elas foram herdadas dos senhores professores doutores, dos Drs. ou Engs. das licenciaturas sérias da “Ivy League” portuguesa. Uma geração que desperdiçou os fundos estruturais para construir um estado onde enriqueceram, engordaram, expandiram o sector empresarial do Estado para acumular salários milionários, legalizaram o roubo com o nome de PPP (que agora aparecem a renegociar em nome do lado beneficiado), passaram ao sector privado para rentabilizar o tráfego de influências. Mais velhos, acumulam pensões pelo “grande” serviço público prestado e debitam moralidade nos noticiários das nove ou das dez (enquanto choram as pensões de miséria dos mais carenciados). Os jotinhas serão porventura maus. Mas os senhores doutores foram certamente muito mais daninhos.

Saiba o que os Finlandeses pensam sobre Portugal e o Euro

No Diário Económico:

Mas, afinal, o que leva os finlandeses a oporem-se à ajuda? Mika Palo, professor de finlandês e representante em Portugal do Instituto Ibero-Americano da Finlândia, acredita que a resposta está no passado. No início da II Guerra Mundial, o país enfrentou sozinho a vizinha URSS – perdeu algum território, mas não a independência. No final da guerra, foi a vez de lutar contra os alemães. A paz colocou-o no campo dos vencidos, ficando obrigado a pagar à URSS uma pesada indemnização: “Cumprimos até ao último tostão”. Mais tarde, no começo dos anos 90, sofreu uma forte crise económica: “Recuperámos com muito esforço e dor, mas sem pedir dinheiro a ninguém. Há uma cultura de responsabilidade que nos faz achar injustas estas políticas de resgate“.

Selinda traz a casa impecavelmente em ordem, nem um ‘bibelot’ a atrapalhar o design simples, ares de andar modelo em condomínio à venda. Especialista em direito empresarial, sempre acreditou que os finlandeses acabariam por seguir as decisões de Bruxelas: “Ninguém adivinha as consequências da implosão do euro. A maioria é a favor da ajuda, mas a percentagem contra faz muito barulho”. Filha de um engenheiro e de uma gestora de topo, bem se lembra de a mãe lhe repetir vezes sem conta: “Tens de ganhar o teu próprio dinheiro”.

Independência e poupança vincam a identidade nacional. Até aos 20 anos, data em que rumou à Suécia, nunca se apercebera da existência de classes sociais. A Finlândia orgulha-se de ser uma sociedade igualitária, homens e mulheres, ricos e pobres, todos têm acesso ao mesmo mundo. Atravessa a sala descalça, sapatos e casaco são traje de rua, deixam-se à porta: “A principal característica dos finlandeses é o respeito pelas regras“. Talvez por isso, Selinda, férias na Ericeira a equilibrar-se na prancha de surf e nos costumes lusos, muito se tenha admirado de escutar os portugueses: “As regras são feitas para quebrar“. Vagueia o olhar pelas paredes, pelos móveis brancos: “Aqui, tudo funciona”. Tanto que, às vezes, não se respira improviso. Apanha o cabelo, detém-se na janela. Estão 21 graus, à tarde há-de caminhar até um dos parques que povoam a cidade, gente e cerveja na relva.

Da casa de Selina à redacção do Helsingin Sanomat, jornal com famas de conceituado, são quinze minutos de eléctrico. Pintados de verde e creme, cruzam a cidade sem segundo de atraso nem vestígio de sujidade. Elonen Piia, editora adjunta de política nacional, afirma que os momentos de crise evidenciam as diferenças culturais: “Para o povo finlandês é incompreensível que alguns países não tenham cumprido o limite do défice e que agora não paguem as suas dívidas sozinhos”. Anda entre uma secretária e outra: “Confiamos nos bombeiros, na polícia, nos políticos. Até termos um pequeno escândalo no financiamento de campanhas eleitorais, acreditávamos que não existia a mínima corrupção. E, na verdade, quase não existe”. O Índice de Percepção da Corrupção de 2011, elaborado pela Transparência Internacional, dá-lhe razão – a Finlândia partilha com a Dinamarca o segundo lugar, logo a seguir à Nova Zelândia. Portugal ocupa o 32º posto.

Selinda gosta de café acabado de fazer. Tira a cafeteira do lume, o cheiro caminha até à sala, acomoda-se nas chávenas. Sabor igual ao lanche de casa dos avós. Ajeita-se no sofá, nas recordações. Uma amiga descobriu em casa da avó uma caixa com ‘collants’ rotos e uma nota: “Para um dia de aflição”. A história é um sorriso triste. As provações passadas na II Guerra Mundial aliadas aos princípios da igreja luterana semearam o valor da poupança. Selinda aquece as mãos na chávena. A recessão, que no início da década de 90, deixou os finlandeses nas mãos da austeridade, foi adubo: “Aprendemos muito com essa crise, o crédito não é amigo”. Agora, anda a poupar para a maior das aventuras. Pediu uma licença sem vencimento e matriculou-se no curso Advanced Internacional Business Law da Universidade Católica de Lisboa. Em Setembro, há-de descobrir quanto custa pagar uma escola. “Poder viajar sem visto nem câmbio para Portugal é uma das maravilhas da UE. Os políticos têm de resolver a crise”. 

Continue a ler “Saiba o que os Finlandeses pensam sobre Portugal e o Euro”

Obrigado Fernando Pimenta e Emanuel Silva

Num país habituado ao triunfo dos “chico-espertos” – em que o que interessa é ter um título mesmo que conseguido ao Domingo ou a fama mesmo que conseguida ao Pontapé em primetime – dá um certo prazer ver uma dupla triunfar pelo Trabalho e pela Dedicação à sua paixão.

Mais ainda quando ambos os rapazes são os dois minhotos: Fernando Pimenta é de Ponte de Lima e ainda hoje treina no Clube Náutico de Ponte de Lima, e o Emanuel Silva é de Braga e treina agora com o Sporting, depois de ter sido formado no clube de Prado.

Um exemplo a seguir!

Em relação ao meu conterrâneo – o Fernando Pimenta – o Marco Araújo (colega da minha terra, do mesmo curso – Economia da FEP – e do mesmo ano que eu) realizou para o site PonteDeLima.com uma grande entrevista que permite conhecer melhor o atleta e sobretudo o homem. Recomendo:

Come, filho, que te faz bem…

Óleo de Fígado de Bacalhau

Proposta do Pingo Doce: Vem trabalhar no 1º de Maio, recebe a triplicar, e ainda tens direito a um dia de folga adicional.

Proposta dos sindicatos: Vem mostrar ao país que quem manda nisto somos nós (sindicatos). Desta vez, como prémio, nem te obrigamos a deitar um dia de salário para o lixo.

Resultado: Os funcionários do Pingo Doce borrifam-se na parada sindical dos donos do 1º de Maio, com os agradecimentos da população.

Bem sei que os comunistas e quejandos têm grandes dificuldades em perceber aquele preceito básico da economia que diz que as pessoas respondem a incentivos mas a mim parece-me que quem está a precisar de uns estágios, não sei se necessariamente na Suíça mas o Prof. Dr. Pedro Lains será a pessoa indicada para nos esclarecer isso, são os sindicatos e em particular a CGTP.

A culpa é do CDS

Estes “seguros de crédito” tiveram um papel fundamental na crise subprime e estão a ter um papel fundamental na crise das dívidas soberanas.

O CDS é uma ferramenta muito interessante. Eu empresto 1000 milhões de Euros à Grécia por Euribor+4%. Eu crio 1.000.000 de títulos CDS que dizem o seguinte:

– Eu pago a quem me os comprar Euribor+3% até a dívida estar paga – O equivalente ao prémio do seguro

– Quem me compra os CDS paga 0 Euros (Eu não recebo uma torradeira ou uma máquina nespresso de bónus)

– Se existir um evento de crédito, definido como tal pelo ISDA, quem me comprou o CDS e esteve a receber o “prémio” até lá tem de pagar a mim o valor em dívida correspondente à base do que esteve a receber – Recebo o capital seguro.

Estes CDS transformaram desde bancos a empresas a pequenos investidores em pequenos seguradores. Esta é a primeira consequencia.

Como acontece normalmente nos mercado de activos derivados, o que é que foi feito de seguida? Emitiram-se CDS sem se ter dívida! A verdade é que o título tem um valor económico por si mesmo. O Mercado de derivados é assim muitas vezes maior do que o do activo subjacente.

É desta forma que a exposição do exterior à Grécia esteja estimada em mais de 10 vezes o total da sua dívida.

A crise do subprime, nomeadamente a falência de grandes Bancos de investimento deveu-se à exposição a CDS sobre dívida imobiliária. O mercado de CDS’s não só valia centenas de vezes o do mercado de dívida imobiliário como ainda por cima permite alavancamento. Alavancamento feito sobre bancos com autorização do FED (os big 5) para não terem limites de alavancamento.

Depois da crise do subprime afigura-se como possível a crise da dívida soberana. A verdadeira crise da dívida soberana ainda não chegou. Chegará no momento em que a ISDA disser que existiu um evento de crédito, por exemplo, com a dívida soberana grega.

Se esse momento chegar vão exisitir consequencias imprevisiveis. As perdas não são limitadas aos “haircuts” falados, são perdas totais, multiplicadas e alavancadas. Não são apenas os CDS em carteira dos Bancos. São os CDS em carteira dos clientes dos Banco que vão entrar em falencia e originar defaults de pagamento de dívida aos Bancos e imparidades. É o impacto na economia de falencias de empresas que embora sólidas no seu core vão sofrer do aventureirismo financeiro dos seus decisores.

É este momento que se está a tentar evitar. O default técnico grego é assustador por ter consequências imprevisíveis por serem muitas vezes multiplicadas pelo mercado de CDS. Todos nós que assistimos de fora apenas podemos esperar o melhor e preparar para o pior.

Oh oh, here we go again…

Portugal sofre de um claro problema de taxa de juro baixa face aos consumidores que tem:

– Poupa-se pouco, consome-se muito, levando ao aumento do crédito mal parado;

– Sectores que usem muito crédito sobem (os chamados bens de consumo duradouro).

Em Portugal não existe, pelo menos há 15 anos, uma cultura de poupança. Assim, gasta-se o que não se tem e todos se tornam proprietários da sua casa, inchando uma bolha até… até… até… …

Bem, a notícia hoje é que Portugal teve, segundo os últimos dados disponíveis, o 2º maior boom de construção na UE em Fevereiro de 2011.

Espero que seja algo episódico e que o indicador “corrija” nos próximos meses. Se acelerar, here we go again

Birras

Ontem perguntavam-me  porque é que os partidos da oposição simplesmente não deixavam caír esta proposta de lei de que falava na televisão o ministro das finanças. Calavam o Dr. Teixeira dos Santos e o respectivo coro, afirmava quem me consultava.

A resposta que dei não é simples mas fica mais clara com uma comparação. Continue a ler “Birras”