Álvaro Almeida tem obra feita, mas não da obra que interessa. Não fez rotundas, não repavimentou três vezes a mesma avenida, não andou a virar frangos em comícios vários, não surge com frequência na televisão a repetir lugares-comuns e banalidades que tais, não tem processos dúbios com a justiça, não tem um círculo de amigos que vai do eixo Bairro Alto-Príncipe Real, não tem antecedentes em jotas. Não prometeu, entre canapés, alterações ao PDM para satisfazer um qualquer construtor.
Em suma, um péssimo candidato sem capital político — pelo menos a fazer fé no comentariado habitual que pulula nos media, emitido antes e depois de comentarem o desaire do Benfica na Basileia. Álvaro Almeida é professor universitário com créditos firmados e vasto currículo, foi alto quadro no FMI, Presidente da Administração Regional de Saúde do Norte, Presidente da Entidade Reguladora da Saúde. Uma vida dedicada ao serviço público, não se servindo, porém, da cousa pública. Confirmam-se, portanto, os clamores dos comentadores da bola, perdão, de política.
Isto não faz de Álvaro Almeida aquele personagem amplamente conhecido, popular, que faz passeatas grandiosas por Lisboa e se publicita. É, aliás, um enorme choque com o historial autárquico de Portugal — muito pródigo e disponível para reeleger autarcas condenados ou em vias de. Mas faz de Álvaro Almeida o melhor candidato à Câmara Municipal do Porto, ou de qualquer Câmara. Talvez não desta época, talvez não deste país, mas o melhor.
Declaração de interesses: tenho um enorme apreço e consideração por Álvaro Almeida por circunstâncias várias, mas especialmente porque foi meu professor e meu co-orientador de doutoramento. Mas nada disto influencia a minha posição, apenas a corrobora.