Lizzy Grant lançou um álbum em 2010 que não levantou ondas. Hoje Lana Del Rey, a autora comprou os direitos de autor do seu primeiro álbum e vai relançá-lo daqui a dois dias. A estratégia com a nova editora passou por uma renovação total da imagem da cantora (comparar Lizzy Grant e Lana Del Grey ao vivo) e, estranhamente, pela partilha gratuita de todo o álbum no youtube meses antes da sua saída oficial.
Os apologistas de que a partilha gratuita de propriedade intelectual tem efeitos negativos para o autor, nomeadamente na quantidade de dinheiro que o artista deixa de ganhar nas vendas (ou perde mesmo, segundo os mais fundamentalistas) devem estar atónitos. Então a rapariga prejudica voluntariamente as vendas do seu álbum ao distribuí-lo gratuitamente?
Só este single tem 23078903 visitas no YouTube, sem contar com as visualizações de uploads feitas por anónimos, os vídeos gravados ao vivo da cantora, e as covers. Veremos nos próximos dias que tipo de impacto teve esta estratégia na venda do seu CD e no sucesso da sua tournée de concertos.
Coisas a reter preliminarmente:
1. É falso que as editoras sejam um agente passivo da exploração do autor. As estratégias de marketing e de compreensão do público alvo são determinantes na comercialização do próprio autor. O fenómeno Lana Del Rey prova que o mesmo artista com o mesmo álbum pode ter um sucesso radicalmente diferente dependendo da editora que acrescenta ao valor do artista o seu know how. Não faz sentido encarar os Direitos de Autor como um mecanismo que protege o autor da ganância de quem o comercializa.
2. É falso que proteger o trabalho dos autores de um uso gratuito do mesmo seja o garante da justa remuneração de um artista. O caso Lana Del Rey mostra que a tendência é ganhar consciência do potencial da gravação e reprodução gratuita para a abertura de mercados, o que terá um efeito positivo a médio prazo na remuneração do trabalho do artista. Não faz sentido encarar os Direitos de Autor como um mecanismo que protege o autor da imoralidade do mercado.