Deve ser isto (fonte) a viragem da página da austeridade:
A notícia acima, baseia-se em dados do INE divulgados hoje e que podem ser encontrados aqui.
“Podem estar seguros que não adotarei a austeridade de 2011” – António Costa, 11 de Abril de 2020
Estou convencido de que estas palavras de António Costa irão envelhecer muito mal. Recordemos que orçamento para 2020, promulgado pelo presidente da república no passado dia 23 de Março previa um crescimento do PIB em 1,9% e um superavit de 0,2%. Esta crise estima-se que provoque uma contracção de pelo menos do 5% no PIB (fonte) e isto num país com uma dívida pública de 120% do PIB, o que apesar dos mecanismos de financiamento europeus recentemente aprovados, limita consideravelmente a capacidade de emissão de dívida.
Pode ser uma verdade de La Palisse, mas para se distribuir a riqueza produzida – aquilo que os socialistas tanto gostam de fazer – primeiro é preciso que a riqueza seja produzida. Colocado de outra forma: não se pode distribuir o que não se produz.
A austeridade de Costa poderá vir a ser chamada de muitas coisas: costauridade, viragem da página da austeridade, página de prosperidade, austeridade com confettis e serpentinas, austeridade das vacas voadoras… …mas qualquer que seja o nome, não deixará de ser austeridade.
Analisemos em mais profundidade as declarações do primeiro-ministro. A que austeridade se estaria António Costa a referir? À austeridade que José Sócrates implementou através dos seus sucessivos Programas de Estabilidade e Crescimento (PECs)? Não esquecer que António Costa integrou o governo de José Sócrates e era o seu número 2 até 2007. E porque recordar é viver, recordemos pois as medidas austeritárias que o governo do Partido Socialista, encabeçado por José Sócrates, propunha em 2010 para o orçamento de 2011 (fonte):
MEDIDAS DO LADO DA DESPESA
MEDIDAS DO LADO DA RECEITA
P.S.: Aproveito para desejar uma excelente Páscoa a todos os leitores.
Neoausteridade: (latim neo- + austeritas, -atis) substantivo feminino – austeridade muito severa, mas da boa, quando aplicada pelo partido socialista.
Afinal, o próprio Doutor Mário Centeno, Ronaldo das Finanças e presidente do Eurogrupo admite que a “viragem da página da austeridade” foi manifestamente exagerada (fonte):
Ainda asssim, a notícia acima parece-me fake news. Corrigindo a notícia, ela fica assim:
Ainda se lembram da austeridade e do “enorme aumento de impostos” de Vítor Gaspar quando Portugal estava sujeito a um programa de ajustamento assinado com a troika?
Já sem a troika por cá e sem um programa de ajustamento para cumprir, a geringonça carrega os contribuintes com a maior carga fiscal de sempre.
A imagem acima foi retirada daqui.
Genial, o Ricardo Araújo Pereira, a capturar na perfeição o que tem sido o discurso de António Costa desde o início da legislatura da geringonça.
A página da austeridade parece ser mesmo muito difícil de virar.
Imaginem como seria a reacção da comunicação social e dos partidos da geringonça se no tempo de Passos Coelhos o governo anunciasse a intenção de cortar 800 milhões na despesa pública.
É na despesa pública, e nos planos do Governo para a cortar em 800 milhões de euros no próximo ano, que reside a grande diferença entre as previsões da Comissão Europeia para as finanças públicas e as metas definidas pelo Governo no Orçamento do Estado.
E se a comissão europeia não acredita nas previsões do governo para 2019, é enviar o Super Ronaldo-das-Finanças, o doutor Mário Centeno – um super-herói que em 2015 conseguiu prever a criação de 466 empregos em 2019 como resultado das políticas de promoção do papel da lusofonia.
A notícia acima foi retirada daqui.
Leitura complementar: Bruxelas põe défice português no pódio dos menos credíveis
Caro leitor,
Peço-lhe que faça um pequeno excercício mental. Imagine que a notícia abaixo retirada daqui tivesse ocorrido entre 2011 e 2015 durante o Governo PSD-CDS. Peço-lhe que imagine a cobertura mediática; a indignação dos vários comentadores e opinadores; os posts virais nas redes sociais; e as reacções e declarações dos partidos que actualmente suportam o governo da geringonça: PS, PCP e BE.
Agora, constatem a cobertura e tratamento actual que esta notícia – objectivamente gravíssima – tem tido, assim como as reacções do PS, PCP e BE.
Pelo menos, todos os funcionários públicos viram o seu horário de trabalho reduzido de 40 para 35 horas e os funcionários públicos com vencimentos acima de 1.500 euros viram os seus salários repostos; assim como os pensionistas que recebiam uma pensão mensal acima de 4.600 euros.
Muito bem o governo de António Costa e da geringonça a continuar a virar a página da austeridade no orçamento de estado de 2018 através de uma política de devolução de rendimentos [aos membros do governo] estimulando assim o consumo interno para fazer crescer o PIB através do seu efeito multiplicador. Imagens e texto abaixo retirados daqui.
Despesa com salários, telemóveis, viagens, alojamento ou combustíveis vai superar marca alcançada em 2011
Os orçamentos dos gabinetes dos 61 membros do Governo deverão atingir os 63,1 milhões de euros no próximo ano, o que representa um acréscimo de 1,8 milhões (2,9%) em relação a este ano, de acordo com a análise do JN/Dinheiro Vivo aos números que constam nos mapas informativos que acompanham a proposta de Orçamento do Estado para 2018.