Raquel Varela pede um bebé para o próximo debate

Raquel Varelas no 5 Dias anda com uma produção acima do habitual. No seu mais recente artigo – “Para a próxima aguardo um adversário à altura, um bebé que desperte em mim o instinto maternal” – Raquel Varela dá-nos um lugar de 1ª fila para saber o que vai na sua mente.

Abandonada por outros elementos de extrema-esquerda – como Daniel Oliveira ou Sérgio Lavos, que um dia também eles receberão o rótulo de neo-neo-liberais – que criticam a sua falta de tacto e de sentido de oportunidade, Raquel Varela e o marido passam ao ataque!

Queixa-se de que não teve interlocutores, de que ninguém (além dela) apresentou qualquer ideia “que tivesse conseguido ser defendida”, que o único argumento da campanha contra ela é “os 16 anos” do Martim. Desgostosa por ser uma incompreendida, pede “um bebé que desperte em mim o instinto maternal”.

Acusa o Governo e a Troika – que na sua mente limitada é quem controla tudo e todos, num modo de pensar que eu estou mais habituado em crianças de 5 anos, que culpam tudo no “papão” ou no “homem do saco” – de quererem desemprego. Para ela, “o desemprego serve justamente para isto. Serve para se legitimar o mal menor, isto é, a miséria. Desemprego é, numa palavra (sic), criação de um exército de desesperados dispostos a trabalhar a qualquer preço – é esse o programa da troika, numa frase.” Nesta frase comete essencialmente 2 erros:

  1. Ela achar que o desemprego deve dar votos ao Governo. Isso e a miséria. Está nas intenções de qualquer governo gerar uma crise para ajudar na reeleição…
  2. Ela achar que o desemprego ajuda a pagar o que devemos à Troika. Isso e a diminuição do PIB. Gerar desemprego não é um efeito lateral, é mesmo o objectivo de qualquer comissão criada para levar um país a pagar o que deve…

Por fim, diabolizou o José Manuel Fernandes, um site do BCP e um site de anúncios que – na sua mente – são os culpados por esta “campanha” contra si (tentando menosprezar O Insurgente e Blasfémias, que provavelmente terão ajudado um bocadinho). Como claramente ela não disse nada senão ideias interessantes, bem contextualizadas e inseridas, revolta-a a reação.

A mulher que só compra produção nacional de marcas que paguem salários “dignos” e que comprem matérias-primas em fornecedores igualmente escrupulosos na sua relação com a mão-de-obra não pára de justificar o salário que eu lhe pago: já que não produz nada de jeito na sua “investigação” ao menos diverte-me :]

Raquel Varela queria que andássemos nus?

Raquel Varela, no seu estilo inconfundível:

Anda um vídeo a circular na Internet de um jovem [adoro o uso que a Esquerda faz da personalização de colectivo ou de objectos para promover a desresponsabilização de tudo e de todos – ela já nem deve perceber o erro] que defende que é melhor o salário mínimo do que o desemprego [ver uma boa resposta aqui], ou seja, a política do Governo de baixar drasticamente todos os salários [claro, o miúdo só pode ser um infiltrado do Passos – ele nem faz sentido sem essa premissa, imagino]. É o vídeo que defende a reprodução biológica [hein?]– trabalhar exclusivamente para acordar no dia seguinte, comer, e ir trabalhar [o Materialismo desta senhora impede-a de ver que as melhores coisas da vida são gratuitas, a não ser que ela pague por amor e outras coisas simples da vida]. O vídeo está-se a tornar viral, entre outras fontes pela página do José Manuel Fernandes, ex director do Jornal Público, e pela página do micro crédito do Millenum BCP [claro, só por causa desses arrivistas – aliás todos os vídeos da página de micro crédito do Millennium BCP são virais no dia seguinte…]. Estou a ver estes empreendedores todos amarrados ao crédito, a vender t-shirts chinesas e a pagar juros à Banca [lol]. Recebi entretanto algumas mensagens direi desagradáveis [Sério? Mas mais ou menos educadas do que a senhora foi no programa ao interromper o rapaz para o tentar humilhar] e algumas, muitas mais [hein?], de pessoas indignadas com o valor do salário mínimo e esta defesa da miséria que é feita em público e aplaudida [mais uma vez, ninguém quer receber 485€… mas há situações em que essa é a melhor das alternativas. E se retirarmos essa alternativa as pessoas ficam pior, não melhor]. Confesso [confessa? pensei que tinha renegado a isso…] que podia não ter recebido nenhuma que diria ao Martim, e a todos os empreendedores exactamente o mesmo [a sua capacidade de resistência ao senso comum é lendária, disso já deu provas] – o salário mínimo é uma vergonha e quem o defende [eu não o defendo], se sabe o que está a fazer, não tem dignidade moral [quem fala em moral…].

O engraçado depois de ler isto é pensar: qual é a alternativa de Raquel Varela?
Já sabemos que a roupa não pode ser importada.
Já sabemos que os operários fabris – e os restantes – não podem receber 485 Eur.
Logo, todo o processo produtivo deve ser baseado em salários muito superiores.

Sistema dinâmico:
  1. Preços vão subir para o Dobro de imediato, para compensar os novos salários
    (1.000 Euros serão dignos? Se calhar ela pretendia mais…)
  2. Consumidores vão comprar menos, pois o poder de compra é baixo e não suporta variações como a pretendida
  3. Preços sobem mais, agora para compensar a descida da procura
  4. Consumidores consomem menos
  5. Sistema vai evoluindo com adaptações cada vez mais pequenas até o ponto de equilíbrio
  6. No processo, muitas empresas fecham (obviamente, uma subida de salários provoca desemprego)
  7. No fim do processo há muito menos roupa vendida e consumida em Portugal

Não, não vamos andar nus. Mas íamos ter muito menos roupa, andar muito pior vestidos e iam voltar “modas” como costureiras, remendos e materiais hoje menos comuns.

Excepto claro no grupo de mimados a que a Raquel Varela pertence: esses continuariam a vestir de marcas caras.
E depois a dizer que não fazem mais nada senão defender os mais humildes. A latosa…

Haters gonna hate, mas às vezes apetece-me fazer posts deste.
Cá está, é um dos divertimentos que tenho na vida e pelos quais não pago nadinha!