Dom profano e seus dois autores

O Zé Diogo Quintela, que não é de esquerda e é humorista — um oxímoro ontológico, portanto —, escreveu mais uma crónica maravilhosa. Fica aqui um pequeno excerto, eventualmente da sua autoria, mas não é de fiar, que nos dias que correm todo o cuidado é pouco. O resto está aqui.

Como não podia deixar de ser, na quinta-feira fui logo adquirir o novo livro de José Sócrates. A funcionária olhou para mim, espantada: ‘Só um?’. E eu: ‘Acha mal?’. Diz ela: ‘Não, é que as pessoas costumam comprar logo à dúzia. Aliás, temos estas embalagens já preparadas, se quiser’. E apresentou- -me um six pack, que em vez de cervejas, tinha livros. Segundo percebi, havia também a possibilidade de comprar a granel.

Ainda não tive tempo de lhe dedicar a atenção que merece. Mas posso já dizer que, com esta obra de filosofia, torna-se legítima a comparação entre Sócrates e o homónimo grego. Não pela qualidade das ideias, mas por nenhum deles ter escrito aquilo que lhes é atribuído.

Apesar de ainda não o ter lido na íntegra, sinto-me à vontade para o comentar. A única ocasião em que é aceitável criticar um livro sem o ter lido é quando o autor o apresenta sem o ter escrito.

Vacina de escola pública

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Mais uma excelente crónica do Zé Diogo Quintela.

As escolas com contrato de associação têm dois problemas: o primeiro é que não vendem nada; o segundo é que não estão localizadas no centro de Lisboa. Se, em vez de escolas espalhadas pelo país, fossem lojas na Baixa, podiam ser consideradas históricas e serem mais facilmente subsidiadas. Tiveram azar. Azar por isso e por esta ser a altura que a esquerda escolheu para renegar subvenções estatais. Bizarro. É como o Drácula anunciar que agora é vegan.

O Lenine no lugar certo

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Escreve assim José Diogo Quintela

«O Museu Nacional de Arte Antiga está a recorrer aos portugueses para comprar a ‘Adoração dos Magos’, pintura de Domingos Sequeira. Uma estupenda iniciativa que está, erradamente, a ser anunciada como a primeira do género em Portugal. É a segunda. Uns dias antes, começou outra campanha que conta com a contribuição dos cidadãos para adquirir uma relíquia: um Governo marxista-leninista. Cheira-me é que vai custar aos portugueses mais do que os 600 mil euros do quadro.

— Filha: No Natal quero a boneca que faz bolhinhas com a boca.
— Eu: Este Natal não há presentes.
— Filha: Mas a Rita vai ter uma!
— Eu: Brincas com essa, porque vai ser nacionalizada e passa a pertencer a vocês todas.
— Filha: Nacionalizada? Mas é um brinquedo!
— Eu: Produz bolhinhas? É um meio de produção. Logo, é colectivo.
— Filha: A Rita não vai nisso.
— Eu: O partido explica-lhe no campo de reeducação.»

O resto está no jornal banido de publicar artigos sobre José Sócrates.