Como comprar Ouro

A minha tese justifica teoricamente Porquê comprar Ouro. Este post lida na prática com o Como comprar Ouro.

Essencialmente, queria deixar aqui alguns conselhos:

1 – Compre Ouro Físico. Se compra Ouro porque considera a possibilidade de a Economia enfrentar dificuldades cada vez maiores à medida que vai sendo nacionalizada e regulamentada – como em Atlas Shrugged – então deve minimizar a exposição à Banca. Comprar títulos que representem Ouro – como fundos de acções, ETFs, Opções ou Certificados sobre dívida em Ouro, por exemplo – não faz muito sentido. Títulos que compre num banco, depositados noutro, transaccionados através de outro e sobre a dívida de um quarto, são particularmente desaconselhados (eu explicaria estas opções em detalhe se as recomendasse, o que não é o caso). Evite papel. Evite a Banca.

2 – Compre um bem homogéneo. Se quer algo com um valor certo, evite subjectividades. Arte, se bem que bela e em si também uma possibilidade de obter ganhos adicionais, complica o seu investimento. Compre algo cujo valor seja o mais objectivo possível – como Onças de Ouro cunhadas por uma instituição de conficança ou Libras de Ouro – e não pulseiras, colares, moedas raras, peças domésticas, ou outros objectos cujo valor seja difícil de determinar e dependentes de factores não controláveis. Evite subjectividade.

3 – Compre a bom Preço. Se quer manter o poder de compra, saiba quando vale o Ouro Hoje. Consulte a internet – sítios como o Gold Price ou o 24H Gold – e informe-se sobre o preço na hora. Não aceite grandes comissões sobre este valor. O Ouro como Investimento não paga IVA e a comissão de cunhagem não é grande (por ex, 15Eur numa barra que custa cerca de 1300). Muito bom negócio é comprar abaixo, o que só é possível em casos como por exemplo comprar Libras a quem já as comprou há algum tempo atrás e não tenha actualizado os preços (boa sorte…). Evite perder dinheiro logo na compra.

4 – Guarde bem o Ouro. Se compra Ouro físico, o problema é… Guardá-lo! Se tem poucas Onças (afinal, cada uma custa 1300 Euros…), pode escondê-lo em casa – em locais que ninguém mexe como livros ou… não digo! -, mas se são em número razoável, o melhor será mesmo alugar um cofre num banco. Evite entregar o Ouro ao bandido.

Dúvidas mais Frequentes:

 1 – O que é uma Onça? Um Onça é uma medida de peso Anglo-saxónica que representa 31,1 Gramas. As barras para os privados costumam ter este peso, enquanto que as insitucionais costumam ser de 400 Onças (aprox. 12,5 Kg). Evite barras como as da Caixa (de 5, 10 e 25 gramas), pois são medidas excêntricas e mais difíceis de vender.


(1 Onça, junto da minha mão, para referência)

2 – A pureza é relevante? Não deveria ser. Compre sempre que possível Ouro 99,9% puro. Mas porquê este pormenor da pureza? O Ouro é um metal muito modlável. Mas mesmo muito. Então, para evitar deformações de barras e moedas, mistura-se 0,1% de um metal duro para dar uma consistência mínima (evite grandes forças sobre as barras), o que corresponde a Ouro de 24 quilates. Em Portugal vendem-se peças de Ourivesaria de 800 partes por 1000 (80% ouro, ou de 19,2 quilates), sendo comuns na Europa peças de 750 partes por 1000 ou mesmo de 375 partes por 1000. Prefira as de 999, como a da fotografia.

3 – Não passou já a oportunidade? Bem, já deveria ter comprado em 2001. Mas enquanto os governos continuarem a destruir a Economia, perdão, a estimular a Economia, a oportunidade mantém-se. Pense: enquanto os governos imprimirem massiçamente Euros, e o Ouro disponível continuar a crescer a uma taxa inferior a 2% por ano, o Euro tem que se desvalorizar face ao Ouro. Ou visto ao contrário, o Ouro tem que se valorizar face ao Euro. E não pode entrar em bolha? Pode. Se ouvir taxistas, cabeleireiras e professoras de 1º ciclo a dizerem que o Ouro é um bom investimento, então, tenha medo. Tenha muito medo.

4 – Quem vende? Se prefere 1 Onça, o melhor será o BCP, que comprou em tempos o Banco Mello e portanto detém hoje a unidade de Ouro que em tempos foi daquele banco. Nestes balcões podem comprar com ou sem conta aberta no grupo (eu não tenho, por exemplo), bastando para tal ir lá 15 dias antes para encomendar a peça, uma vez que os balcões não têm barras no seu depósito em casos normais. Se prefere Libras, então terá de se dirigir a uma Ourivesaria. Neste caso vá a várias, pois: a) nem todas têm & b) umas compraram as peças há mais tempo que outras, e portanto o preço pode variar de forma não insignificante.

5 – Quem compra? Se tiver comprado um bem homogéneo (arte já sabe, está nas mãos dos coleccionadores), pode sempre vender ou onde comprou ou a um industrial do Ouro. Evite essas lojas que nascem como cogumelos de compra de ouro usado e – já sabe – venda a um preço muito próximo da cotação actual, de acordo com os sites que recomendei. Se precisa de vender devido a um acontecimento guarde 1 mês para este processo, pois nunca é bom vender à pressão.

6 – Fico identificado? Se comprar no banco, fica. Mas se deseja evitar isso (nunca se sabe o que o Estado se pode lembrar se um dia estiver – mesmo – em dificuldade), compre directamente a um negociador de Ouro e não peça factura. Se você não conhecer nenhum, posso aconselhar nomes, pois isto de escrever teses sobre o Ouro permite-me conhecer muita gente interessante…

7 – O que é que o Ricardo ganha com isto? Nada. Caso não tenham reparado, eu não cobro comissões em nenhum dos passos. Simplesmente escrevi uma tese, explorei possibilidades para manter o meu próprio património, e agora partilho com outros as conclusões a que cheguei pessoalmente. De igual modo, não dou garantias. Apenas partilho conhecimento teórico e prático e convido o leitor a pensar por si próprio.

Leitura recomendada: Tese de Mestrado “Como Lucrar por Ser Liberal”

Do Ouro e das outras moedas

Na comunidade de investidores, há quem se queixe da “instabilidade” do Ouro.

Repare-se que não se queixam da instabilidade do Euro (ou Dólar), o que diz mais sobre quem faz a afirmação do que sobre qualquer dos activos envolvidos (Ouro e Euro).

 

Um Preço é um Rácio entre 2 activos. Quanto tenho eu de dar de um para obter outro. Se eu usar como base o Euro, o Ouro tem variado, assim como muitas outras matérias-primas, a uma menor escala bens intermédios e a uma menor escala bens de consumo. Mas se eu usar como base o Ouro, o Euro é instável e tudo o resto um pouco menos instável do que no cenário anterior.

“Ah e tal, coitado de quem investiu em ouro: não é um activo para investidores conservadores com certeza!” – Eu digo o contrário: como conservador, invisto em Ouro. Quem tem depósitos a prazo ou outro qualquer activo de risco baseado num activo em depreciação constante pois é produzido em quantidade e a custo 0 (zero) para o emissor, esse sim, gosta de “Viver a vida loca”!

O Ouro não sobe: as moedas é que descem sempre, fruto da impressão desenfreada de quem vive para financiar défices do Estado. O Ouro não desceu nos últimos dias: o Dólar e o Euro é que subiram por algum factor momentâneo.

A Política Monetária é conhecida e é expansionista. Só quem for “contrarian” deve investir em Euros (e sofrer as consequências). O investidor conservador que pense bem na política monetária antes de decidir entre o activo que lhe permite manter o poder de compra (2 fatos custa hoje 1 onça de ouro, como há 100 anos atrás) e o investimento arriscado dos depósitos denominados em algo baseado na “confiança nas economias”.