Este tema já foi referido neste blogue aqui e aqui, mas nunca mé de mais referi-lo. Portugal é o quarto país da OCDE que mais sobrecarrega com impostos os maiores rendimentos (fonte).
Numa altura em que a carga fiscal se encontra num máximo recorde desde a fundação de Portugal em 1143, o governo acha que esta política fiscal não desencoraja suficientemente o investimento e o trabalho dos portugueses, sobretudo daqueles que mais produzem e mais riqueza criam, ao ponto de:
- Querer aumentar ainda mais a progressividade do IRS (fonte)
- Querer obrigar ao englobamento de outro tipo de rendimentos no IRS (fonte)
Isto será seguramente o resultado de termos tantos políticos de carreira, que nunca trabalharam a sério numa empresa, que nunca criaram um emprego que fosse e que nunca se tiveram de preocupar com o pagamento de um salário. Mas mesmo os políticos menos informados, menos experientes e até “menos inteligentes” deveriam ser capazes de relacionar um aumento de impostos com um diminuir de actividade económica.
Para quê trabalhar mais ou investir (arriscando o seu capital, o seu esforço, e o seu tempo) se os frutos do nosso trabalho e do nosso investimento vão maioritariamente para o estado (ver por exemplo aqui ou aqui ou na imagem abaixo)?
Inevitavelmente, os resultados serão estes:
- Diminuição do investimento
- Menos trabalho e menores salários
- Maior emigração
A “progressividade” fiscal tem um efeito particularmente perverso na economia porque afecta muito desproporcionalmente aqueles contribuintes que mais produzem, mais investem e que mais riqueza criam. Estes serão os mais propensos a mudar de país ou a reduzir a sua actividade económica – e são precisamente estas pessoas que o país mais precisa. Por muita “desigualdade” que viesse a criar, não haveria melhor para o desenvolvimento económico nacional que existissem em Portugal muitos Steve Jobs, Bill Gates, Jeff Bezos, Mark Zuckerbergs, ou muitos mais Belmiros de Azevedo e Américos Amorim.
No entanto, em vez de saudar e celebrar o sucesso profissional e económico em Portugal, este mesmo é diabolizado e altamente penalizado – é claramente preferível não fazer nada ou procurar o sucesso no estrangeiro. Isto explica em grande parte porque é que o tecido empresarial português é tão minúsculo, tão pobre e tão pouco dinâmico quando comparado com outros países da Europa, da América e da Àsia. Nem sequer 20 empresas no índice PSI 20 Portugal consegue colocar.

A grande preocupação dos socialistas é sempre só uma: como posso ir buscar mais riqueza a quem produz, para distribuir por quem não produz. É que mesmo para distribuir riqueza, primeiro é preciso criá-la. Mesmo os socialistas deveriam ser capazes de compreender que uma política que desencorage a criação de riqueza resultará sempre em menos riqueza para distribuir.
António Costa, um político em todos os aspectos medíocre, agarra-se a algumas frases que memoriza e repete até à exaustão: “que Portugal está a convergir com a Europa”. O que António Costa não refere é que, mesmo Portugal estando a beneficiar de uma conjuntura económica favorável sem precedentes, Portugal só cresce acima da média Europeia porque:
- As maiores economias da Europa – a Alemanha, a França, o Reino Unido e a Itália (que estão a anos luz de Portugal) – têm tido um crescimento anémico. (fonte)
- Existem 19 países da União Europeia a crescer mais do que Portugal. (fonte)
- Portugal tem sido sistematicamente ultrapassado por vários outros Países da Europa que começaram de um ponto de partida mais baixo. De facto, Portugal em vias de se tornar o quinto país mais pobre da União Europeia em 2019, sendo já o terceiro país mais pobre da Zona Euro. (fonte)
Enfim, Socialismo é isto mesmo. Nivelar por baixo. Apenas quando formos todos igualmente pobres, os socialistas ficarão satisfeitos com o fim das desigualdades. Continuaremos mais vinte anos estagnados.
Leitura complementar: Extorsão Fiscal (I), Extorsão Fiscal (II), Portugal é o 4o país da OCDE com o limite de taxação mais elevado