
O que se vê
Aumentou o salário mínimo nacional (SMN) em 20€. 400 mil pessoas que auferem o SMN vêm o seu rendimento aumentado em 20€.
O que não se vê
1. Quando o preço de um bem aumenta, neste caso o da mão de obra no mercado do trabalho, a procura por esse bem tende a diminuir. Por outras palavras, gera-se desemprego, especialmente da população menos qualificada e mais jovem, jovens que agora terão mais dificuldade em entrar no mercado de trabalho. Este efeito ocorre geralmente da seguinte forma: empresas que noutras circunstâncias iriam contratar pessoal adicional para compensar picos de encomendas, irão agora preferir pagar horas extra aos que já estão empregados. Isto é especialmente verdade em mercados de trabalho muito rígidos, como é o caso do português.

2. Prejudica essencialmente micro e pequenas empresas, retirando-lhes competitividade comparativamente a grandes empresas com capacidade para absorver os aumentos e que já pagam acima do SMN. Não é de estranhar, portanto, que a Confederação Empresarial de Portugal apoie esta medida, dado que o seu músculo são grandes empresas.
3. Não é um método eficaz para reduzir a pobreza, porque os verdadeiramente pobres não são os que estão empregados, são os que nem sequer conseguem entrar no mercado de trabalho.
Como aumentar o rendimento sem ser através do SMN
Menos evasivo do que aumentar o SMN seria reduzir os encargos fiscais para quem recebe o SMN, compensando a diferença com o corte numa outra qualquer rúbrica de despesa. Mas a manter o SMN, a teoria e a evidência empírica são contundentes em referir que o SMN, a ser, deverá ser abaixo dos 50% do salário mediano. Ora, no caso português é 58% do salário mediano, 8 pp acima.
Referências
[1] – David Neumark and William Wascher, “Minimum Wages and Employment: A Review of Evidence from the New Minimum Wage Research,” National Bureau of Economic Research, Working Paper no. 12663, November 2006.
[2] – Llewellyn H. Rockwell Jr. (October 28, 2005). “Wal-Mart Warms to the State – Mises Institute”. Mises.org. Retrieved October 5, 2011.
[3] – A blunt instrument, The Economist, 2006.