Assim não se pode

Catorze dos 21 elementos do único órgão representativo do movimento decidiram dissolver a comissão dinamizadora por não quererem partidos organizados dentro do “Juntos Podemos”.

Espera-se que os estes dissidentes formem rapidamente um movimento alternativo para unir a esquerda

Prosperidade por decreto (2)

Greece’s radical left could kill off austerity in the EU. If Syriza wins a possible snap poll in the new year, positive repercussions could be felt across Europe

O wishful thinking do Guardian é proporcional à alheamento da realidade e à ignorância de conceitos básicos de Economia. sendo bastante provável a vitória do Syriza nas próximas eleições será conveniente ir coleccionando este tipo de fantasias para posterior comparação com a realidade.

Aqui está o PS

No seguimento da polémica entre Francisco Assis e Tiago Barbosa Ribeiro, o primeiro responde hoje num artigo no Público

O autor deste texto, publicado nas redes sociais, é um jovem dirigente socialista portuense destinado a exercer a muito curto prazo altíssimas responsabilidades no plano local. Se o cito é porque descortino no seu pensamento algumas das principais características configuradoras da identidade de uma corrente política que me suscita enorme apreensão, pelas razões que passo a apresentar: insuportável arrogância moral, indisfarçável propensão para o simplismo doutrinário, preocupante valorização de uma linguagem emocional em detrimento da argumentação racional, inquietante incompreensão da realidade contemporânea. Se virmos bem, estamos perante um discurso construído a partir de clichés, de antagonismos puramente retóricos, de proclamações quase integralmente vazias.

Lose/Loser

Após ter divulgado essa tese durante largos anos, o colunista inglês George Monbiot foi obrigado a reconhecer que a teoria do “peak oil” estava errada. Reconheceu-o esta semana no Guardian: We were wrong on peak oil. There’s enough to fry us all. Mas não pensem que ele ficou contente com a isso. Muito pelo contrário

The problem we face is not that there is too little oil, but that there is too much. (…) There is enough oil in the ground to deep-fry the lot of us, and no obvious means to prevail upon governments and industry to leave it in the ground.”

LEITURA RECOMENDADA: “Monbiot: wrong again – ‘Peak Oil’ this time” de James Delingpole

(via maradona)

Alemanha deles e a nossa Grécia

Em vez de demonizarmos os alemães e de lhes atribuirmos intenções perversas convinha perceber a lógica das suas exigências e que em posição idêntica agimos da mesma forma. E fazemos bem. Não concordo com tudo o que o Luís Naves aqui escreve. Mas pelo menos ele coloca a questão nos seus devidos termos:

Merkel defende os interesses do seu país e, se houvesse um chanceler social-democrata, a política alemã não seria muito diferente, o que se prova pela forma como os partidos alemães chegaram a acordo sobre a ratificação do Tratado Orçamental que obriga os signatários ao rigor nas contas públicas. Não é possível imaginar que a Alemanha abra os cordões à bolsa sem garantias políticas. O eleitorado não aceitaria pagar mais impostos e ter abrandamento económico ao ajudar outros países, sem ter a certeza de que o dinheiro seria bem gasto.

Num programa da TV, ontem, Henrique Medina Carreira (um dos comentadores mais lúcidos em Portugal) tentou explicar isto e lembrou o exemplo da relutância nacional em pagar as dívidas da Madeira. Os contribuintes continentais têm dificuldade em aceitar manter um sistema que sabem ser ineficiente e um estilo de vida que sabem ser insustentável. Confesso que quando vejo Jardim a mandar “umas bocas” contra o continente sinto uma indignação muito teutónica

Fica para a próxima

O lider do bloco de extrema-esquerda acha que é o ”fanatismo orçamental” que colocou vários países europeus a caminho da falência. Para o nosso Robspierre parece que quanto mais um país gastar melhor será o seu saldo orçamental. Espanta-me que a apesar dos recorrentes saldos orçamentais Portugal esteja mais próximo da penúria do que do paraíso. A sério. Tal como escreveu o Carlos, estes modernos vendedores de banha da cobra merecem ganhar as eleições. Venham daí combater a realidade com uma contabilidade alternativa. Vai ser bonito de se ver.

Há bufos na extrema-esquerda portuguesa

A tradicional guerra de números após cada greve entre sindicatos e governo faz parte do passado. Esqueçam lá isso! Agora, com o advento dos grupelhos de indignados e afins, e perante a crescente e manifesta falta de adesão popular às suas manifestações, o que está na moda é desviar atenções e atacar a polícia: primeiro através de confrontos físicos, depois através de uma difamação pública persecutória e falaciosa.

Perante a confrangedora falta de mobilização que as várias manifestações tiveram no último dia de greve geral, ao contrário da CGTP (que se recolheu num silêncio envergonhado), os auto-proclamados indignados começaram uma campanha de acusação à PSP. E o processo é sempre o mesmo: começam por acusar os agentes, esses fascistas, de terem começado os confrontos contra os coitadinhos que, inocentes, apenas queriam manifestar-se e, após cabalmente desmentidos pelos factos, refugiam-se na acusação de que haveria agentes infiltrados na multidão com o fim específico de provocar e começar os confrontos.

Mas, por vezes, as coisas correm mal. É que se essa teoria tem, só por si, pés de barro, ela acaba por desfazer-se em pedaços perante certos exemplos que deviam encher de ridículo quem os usa.

Um desses exemplos aconteceu na passada sexta-feira. Como refere esta notícia, a Anonymous Portugal identificou três indivíduos que teriam iniciado os desacatos, sendo depois vistos a conversar animadamente com os agentes da PSP. Conclusão da Anonymous Portugal: os três indivíduos eram agentes da PSP infiltrados na manifestação com ordem para provocar os confrontos. As peças estavam a encaixar-se na perfeição e o puzzle da teoria da conspiração, tão conveniente à Anonymous Portugal, estava quase completo.

Faltou, no entanto, uma: a verdade. E a verdade é que esses três homens, prontamente denunciados pelas fotos da Anonymous Portugal no facebook, eram estivadores de Aveiro e estavam em Lisboa para cumprir o mesmo papel que os restantes: manifestar a sua indignação. Esta situação já foi denunciada no site dos estivadores de Aveiro e no facebook da Anonymous Portugal pela própria advogada dos estivadores.

Sendo certo que esta foi uma tentativa meritória da Anonymous Portugal de contribuir para a construção da realidade maniqueísta, em que o pobre do manifestante é esmagado pela opressão policial, em que os grupelhos seus semelhantes andam empenhados, acabou por ser um enorme tiro – ou petardo, talvez – no pé da organização que, de uma só vez, denuncia comprovadamente companheiros de luta como  instigadores da violência e acrescenta mais um argumento à defesa de uma actuação “limpa” da PSP.

Com bufos deste calibre, um indignado já não se pode indignar em paz. Uma maçada.

 

P.S.: Entretanto, a Anonymous Portugal alterou o nome do álbum em que apareciam as fotos em causa, identificando os protagonistas como estivadores. No entanto, aqui podemos ver a “versão original”.

P.P.S.: Parece que mudar o nome do álbum não era suficiente. Por isso, os administradores da página de facebook da Anonymous Portugal decidiram apaga-lo. Nada de surpreendente para quem está habituado a não dar a cara.