O PIB dos EUA contraiu -0.7% no 1º trimestre de 2015. Olhando para os componentes do PIB, destacam-se os seguintes factores:
- Valorização do USD, gerando um défice na balança comercial fruto da perda de competitividade: em particular, exportações caíram 8% e importações subiram 6%. Esta tendência iniciou-se com o anúncio do QE por parte do BCE, depois do Fed, do BoJ e do BoE terem já iniciado programas de compra alargada de activos. Um eventual problema é um cenário de beggar-thy-neighbour, com a política monetária a ser conduzida por forma a causar sucessivas desvalorizações cambiais (QE25?).
- Queda do preço do petróleo. Se a queda do preço do petróleo aumentou o rendimento disponível dos países consumidores líquidos de petróleo, o que é o caso do EUA, reduziu também as perspectivas de rentabilidade de produtores de petróleo, o que também é o caso dos EUA. Isto afecta particularmente os EUA porque o aumento da produção de petróleo registada nos últimos anos foi feita graças ao fracking, uma técnica inovadora, mas que acarreta custos bastante superiores à extracção normal. O efeito foi uma contracção da formação bruta de capital fixo (investimento) no sector não-imobiliário. Investimento em estruturas (poços para extracção, etc.) contraiu mais de 20%.
- Crescimento incipiente do consumo interno. Se o sector do imobiliário começa a recuperar, com o preço das casas a subir, o consumo interno regista um crescimento tépido. As razões são várias, entre as quais o facto da liquidez disponibilizada via QE estar a ser redireccionada para os mercados de capitais, e não para os mercados de produto através do crédito ao consumo, provavelmente porque as famílias ainda estão a desalavancar da última crise financeira.
Em retrospectiva, tendo em conta que o balanço do Fed expandiu mais de 2 triliões, o crescimento de -0.7% PIB é tudo menos meritório. Seja como for, uma contracção da economia americana não auguraria nada de bom.