Bicho Papão

Artigo certeiro de JMT, no Público, sobre a vontade de certa esquerda (a maioria?) em juntar todas as opiniões divergentes da sua num único espaço para mais fácil demonização.

Os fundadores do Observador, tal como eu, não podem ser apenas uns tipos com determinadas ideias para o país, das quais se pode naturalmente discordar. Não – eles têm de estar ao serviço de uma conspiração alter-mundial, porque é preciso arranjar um papão para assustar todos aqueles que torcem o nariz à papinha socialista.

Mulher ganha concursos caninos (UK)

Homem transgénero identifica-se como cão

Tony McGinn nasceu mulher, mas é um homem transgénero que se identifica como cão. E é treinado pelo seu marido, Andrew: “Eu dou-lhe muita atenção e digo que ele é um ‘lindo menino’.”
Progresso, dizem eles. Enfim…

A Esquerda e o Ódio, no WSJ

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 Why the Left Is Consumed With Hate – WSJ
Why the Left Is Consumed With Hate – Outline (ultrapassa PayWall)

The genius of the left in the ’60s was simply to perceive the new moral imperative, and then to identify itself with it. Thus the labor of redeeming the nation from its immoral past would fall on the left. This is how the left put itself in charge of America’s moral legitimacy. The left, not the right—not conservatism—would set the terms of this legitimacy and deliver America from shame to decency.

This bestowed enormous political and cultural power on the American left, and led to the greatest array of government-sponsored social programs in history—at an expense, by some estimates, of more than $22 trillion. But for the left to wield this power, there had to be a great menace to fight against—a tenacious menace that kept America uncertain of its legitimacy, afraid for its good name.

This amounted to a formula for power: The greater the menace to the nation’s moral legitimacy, the more power redounded to the left. And the ’60s handed the left a laundry list of menaces to be defeated. If racism was necessarily at the top of the list, it was quickly followed by a litany of bigotries ending in “ism” and “phobia.”

The left had important achievements. It did rescue America from an unsustainable moral illegitimacy. It also established the great menace of racism as America’s most intolerable disgrace. But the left’s success has plunged it into its greatest crisis since the ’60s. The Achilles’ heel of the left has been its dependence on menace for power. Think of all the things it can ask for in the name of fighting menaces like “systemic racism” and “structural inequality.” But what happens when the evils that menace us begin to fade, and then keep fading?

O artigo é longo e continua. Mesmo aqui em Portugal, os partidos de esquerda mesmo cheios de casos de corrupção, favorecimento, e enriquecimento ilícito súbito clamam ser os representantes da moral e da justiça – não só mais do que os partidos de direita mas mesmo face à sociedade em geral (a lata!). Não se olharão ao espelho?

Relação Esquerda – Narcisismo

Tammy Bruce faz aqui um ponto muito interessante, ainda antes da era Obama:

Em bebé alguns de nós obtém validação dos que os rodeiam. Os restantes  não têm e têm de a criar, sobrevalorizado-se. Para estes, muito do que se passa no mundo passa-se por causa deles. Se não se passar devido a eles, isso é visto por esses narcisistas como um ataque à sua identidade. Isso justifica o velho adágio: “se uma pessoa de direita não concorda com uma prática, não a faz; se um esquerda não concorda com uma prática, procura que o estado a proíba”.

Muita coisa faz agora sentido, no modo infantil como muitos esquerdas esganiçados tentam impor a sua visão. Pobres criaturas.

António Costa: Uma Análise Comparativa

antonioSão inúmeras as comparações que se vêm fazendo acerca da ascensão de António Costa, porque o povo é criativo e a ternura da arte e das letras tem-se feito bom desafogo para os males da vida. E certamente dói na existência assistir a tal figura ocupando o ofício chave da nação, na bonita ironia de ver o bobo da corte fantasiar o ministério numa corte de bobos.

Haverá quem o compare a um pirómano que, qual Nero, lançará o país nas chamas, dispenso provavelmente a harpa, pois não se lhe conhecem talentos nem dotes culturais e convenhamos que música ao povo já ele deu em demasiada. Mais ainda que esta comparação é injusta, pois o mundo é um lugar taciturno para os sonhadores e rapidamente – como com Tsipras – se faria à força do pirómano bombeiro. Bruxelas, qual pai severo e rigoroso, a bem do filho prontamente o colocaria na ordem, que o estudo é muito bonito e forma os homens para vida, que aquelas saídas ao Sábado são para acabar e que aquela moça que teima em frequentar a casa que nem uma arrendatária por caridade olha muito de esguelha e, já diziam os antigos, quem olha de esguelha não é de fiar.

Há também quem compare o ofício do ministério, com Costa, ao de uma mulher de má vida, pelo que terei, mais uma vez, que rebater o argumento, não por salvaguarda do próprio, mas por respeito a uma profissão que – salvo a condenação eterna por encomenda de algumas almas mais beatas – guarda mais respeito que o mesmo. E mais inadequada se põe esta analogia do ministério como bordel, quando temos em conta que é a raison d’etre deste deixar satisfação nos seus fregueses, que entram de calças na mão, satisfeitos à saída. Já o bordel do ministério de esquerda, como o quereis pintar, seria o imediato oposto, com o povo – ou parte dele – podendo até entrar satisfeito, mas saindo por certo com as calças na mão – sobrando em comum apenas os bolsos vazios.

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O Cavaquistão

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Eu concordo com os meus amigos de Esquerda: a vontade da maioria do povo português, expressa democraticamente, deve ser cumprida e portanto, dando seguimento a esta máxima, é bom que ouçam com a devida atenção as exigências de um Presidente da República que obteve quase 53% dos votos. Até porque, já que aparentemente os meus camaradas aprenderam recentemente a fazer contas, pelo que tenho visto, saberão observar que segundo a narrativa em voga, Cavaco Silva teve uma percentagem maior de votos que os partidos de esquerda somados e logo, não vendo cumprir o seu diktat, poderá muito bem deixar a governação de Portugal num limbo – bem mais sóbrio que divagações circenses – até novas eleições.

Os meus amigos de Esquerda, que já suspiravam em acenos de foices e martelos com a instituíção de uma república das bananas – quiçá da Madeira – terão que compreender que não residimos na Venezuela, nem na Argentina. Os meus caros têm a infeliz sina de ter nascido no Cavaquistão, onde Cavaco Silva, por mais que os anos passem por ele, por mais que contra ele atentem a cada intervenção sua e por mais que alguns – como eu próprio – concordem em dele discordar, continua a ser visto pela maioria – silenciosa – da população portuguesa como o seu garante de estabilidade, um papel que Soares, beijando a senilidade bolchevique a que a idade o conduziu, deixou escapar pela mesma gaveta onde antes havia guardado o socialismo.

Os quase 53% que votaram no Presidente da República não fazem grandes manifestações, não gostam de chinfrim, são gente de bem e de trabalho que mais quer é que o país ande para a frente. E estes, meus caros, são a maioria do povo português que vós teimais em achar que representais.  Temos pena, mas o choro é livre.

Uma esquerda sobre outra esquerda

Reproduzo aqui um comentário a este artigo da Raquel Varela que comenta a aparição de uma determinada esquerda e de uma esquerda ex-maoísta agora auto-proclamada liberal e simpatizante de Mário Soares mas que tem tanto de liberal quanto eu tenho de Professor de História, na Aula Magna.

É um comentário interessante e que, ouro sobre azul, a sua reprodução aqui permite enaltecer a profunda transigência e pluralismo d’O Insurgente em dar voz à esquerda. Se o Nuno Cardoso da Silva assim o desejar, por favor contacte-me para remover o artigo. Reproduzo-o porque o 5dias é um blogue público.

Raquel,
Não sei se estiveste ontem na Aula Magna. Eu estive. Não me apetecia ir mas fui, para ver como era. Duas mil pessoas na assistência – com o ar mais classe média com alguma educação, que se possa imaginar – e onze bonzos atrás de uma mesa no palco, dos quais só me merece consideração Alfredo Bruto da Costa.

Dos discursos, nem vale a pena falar. Banalidades, lugares comuns, irrelevâncias, tudo com ar de quem estava a descobrir a pólvora. Era assim como um “compact” dos comentadores da SIC a dizer as mesmas coisas com o mesmo ar de quem julga que é inteligente. E a civilizada assistência aplaudia muito, por vezes com assobios à mistura, quando se falava do “Presidente” – o Cavaco, entenda-se.

Para quem tivesse ilusões, aquilo não era um encontro de potenciais revolucionários, era uma agremiação de burgueses chateados com a perda de algumas benesses. E quem esperasse que dali pudesse sair alguma coisa, rapidamente pode esquecer. Aquele era o eleitorado dos que, desde sempre, nos exploram e nos lixam a vida. São os que vão pôr o Seguro no lugar do Passos Coelho e depois, na próxima vez, vão pôr o (????????), do PSD, no lugar do Seguro.

Para terminar, e para mostrar que era tudo gente bem comportada e avessa a qualquer suspeita de violência, não cantaram a Grândola Vila Morena e optaram por cantar o Hino, com música enlatada, muito ao género encontro da selecção nacional. Faltaram os cachecois. Saiu afinadinho, prova de que muitos frequentaram escolas onde tinham aulas de música, a par das aulas de boas maneiras e de Organização Política e Administrativa da Nação.

Fui rapidamente para casa, mas quase com vontade de ir para a Nova Zelândia (que me dizem ser o país mais distante de Portugal…).

E a Esquerda, pá?

E a Esquerda Pá?, por Luciano Amaral.

Vivemos a maior crise do capitalismo desde os anos 30, nunca o desemprego foi tão grande, todos os dias se sucedem horrores típicos de um festim de “neoliberalismo selvagem”. E no entanto a esquerda mal se vê, para além de umas vagas lamentações sobre a destruição do “Estado Social” e de uma ou outra greve mais ou menos fracassada. O que se passa?

Passa que a esquerda nada tem para oferecer de diferente. A esquerda não tem hoje um modelo de sociedade alternativo: não quer regressar aos horrores do comunismo e a melhor coisa que imagina é o “capitalismo social” desenvolvido no Ocidente no último meio século. Ora, é isso mesmo que agora está em crise.

No fundo, a esquerda implora para que os actuais pacotes de austeridade e reforma salvem o capitalismo, para poder daqui a uns anos voltar à única coisa que hoje em dia sabe fazer: usar a prosperidade do capitalismo para lançar grandes programas de despesa pública. Mais do que ninguém, ela precisa do sucesso dos programas de ajustamento para continuar a existir. A gente de esquerda não tem para onde se voltar: a esquerda também faz parte do “partido da austeridade”.

Exactamente o que a esquerda e a banca esperam: que o Capitalismo se levante um bocado para o voltar a onerar com os seus pesos crescentes. Mas talvez desta vez não tenham tanta sorte como no passado…